Adeus, governo Bolsonaro

"A convocação que fez a seus eleitores para que compareçam a uma manifestação contra o Congresso no próximo dia 15 de março é um ato inaceitável. É incompatível com a condição de presidente da República e é razão mais do que suficiente para um impeachment", escreve o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira

Luiz Carlos Bresser-Pereira
Publicada em 27 de fevereiro de 2020 às 17:20
Adeus, governo Bolsonaro

(Foto: Alan Santos/PR | Mídia Ninja)

Governar é mais do que nomear e demitir; requer ter poder para reformar as instituições e realizar políticas que levem o país na direção desejada. Para ter poder não basta ser eleito; é preciso ter “legitimidade política“ – ou seja, ter apoio nas elites e no povo. Quando um presidente da República deixa de ter legitimidade, podemos dizer que seu governo acabou. 

Ele não tem mais condições de cumprir seu programa de governo, tem apenas que “segurar as pontas” para não sofrer processo de impeachment. Por exemplo, o governo Sarney terminou em 1987 quando o Plano Cruzado fracassou e ele decidiu ficar mais um ano no governo. Mais recentemente, teve o mesmo destino o governo Dilma: terminou em 2013 quando aconteceram as grandes manifestações de junho e sua popularidade foi para o abismo. Dada a grave crise em que está agora mergulhado o governo Bolsonaro, minha impressão é que também esse governo está terminado. Ele deverá ir até o fim do mandato, mas as elites econômicas e políticas e, ao mesmo tempo, uma boa parte de seus atuais apoiadores tirarão seu apoio a ele, e não haverá realmente governo. 

A convocação que fez a seus eleitores para que compareçam a uma manifestação contra o Congresso no próximo dia 15 de março é um ato inaceitável. É incompatível com a condição de presidente da República e é razão mais do que suficiente para um impeachment. Mas não haverá impeachment agora porque ele ainda conta com apoio popular e porque uma parte das elites econômicas ainda acredita que ele realizará as reformas que elas desejam. Não creio, porém, que essas venham a ocorrer; não haverá clima para elas enquanto Bolsonaro comanda uma guerra contra o Poder Legislativo, contra o Poder Judiciário, contra os governadores dos estados, e contra a própria ordem pública - isto ao apoiar as greves das polícias militares e as milícias no Rio de Janeiro . 

A sua aposta é que ele poderá provocar e desrespeitar os poderes instituídos da República porque tem apoio popular. Essa é a forma que ele pensa ter descoberto para manter o apoio popular. Mas esse é um engano. O respeito à lei e à ordem pública não é apenas uma demanda dos ricos, mas é uma demanda dos cidadãos – e ainda existem cidadão no Brasil. 

Dei a esta nota o título “Adeus, governo Bolsonaro”, não porque a pessoa Bolsonaro está em vias de perder seu cargo, mas porque nós próximos três anos não haverá realmente governo no Brasil. Haverá Estado e haverá mercado, e a sociedade brasileira continuará coordenada por estas duas instituições, mas não haverá ninguém para governá-la e fazê-la progredir.

Comentários

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    Carlson Lima 28/02/2020

    Pedro Paulo parabéns por suas palavras sucintas e objetivas. Esse governo não trás consigo um projeto que beneficie o povo brasileiro, este somente beneficia a classe rica do país e o capital estrangeiro, o triste mesmo é ver os pobres apoiarem o fim de seus direitos conquistados com muita luta. Meu bom PESAR BRASIL!

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    bolsonaro 28/02/2020

    BOLSONARO 2022, SERGIO MORO 2026, PAULO GUEDES 2034

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    Negro 28/02/2020

    País da hipocrisia e da inversão de valores. Viva o Luladrão e a esquerda maldita. Câncer que não deu certo em lugar nenhum. Seus apoiadores na maioria pilantras desocupados e lunáticos quase chegam ao orgasmo quando se fala do sapo barbudo ladrão!!! Acredito que o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira tenha fumando bosta de boi estragada quando escreveu essa matéria ridícula. Perdeu uma grande oportunidade de ficar calado. Parabéns General Heleno! Falaste mais que a verdade. O povo ordeiro e trabalhador do Brasil está despertando da letargia política e aprendendo com o sofrimento imposto por muitos anos pelos nossos congressistas corruptos e bandidos. Nosso congresso é um antro de malfeitores, bandidos na sua grande maioria chamados de excelências. Infelizmente os ministros do STF não tem moral, honra e vontade de ajudar o Brasil. Pelo contrário são verdadeiros sangue sugas inúteis que custa um dinheirão aos cofres públicos do País. Corte canalha e sem nenhum compromisso com o Brasil! Todos são comprometidos com políticos corruptos. Vá em frente Bolsonaro e seus assessores, encare esses bandidos que não querem que o País saia do lamaçal que o governo bandido do PT deixou o País a beira da falência financeira, ética e moral. Você tem espolio político de 57 milhões de votos. Não se acovarde diante desses bandidos, as FFAA estão do lado do Brasil e de seu sofrido povo trabalhador. Brasil acima de tudo e Deus acima de todos.

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    Antonio Carlos Cruz Veiga 28/02/2020

    Tem que botar pra lascar com essa Câmara e senado federal, acabou a era "toma lá, dá cá que sempre existiu com os deputados e senadores, além claro,da imprensa que se acha o quarto poder,e quer o centro das atenções,o poder emana do povo para o povo.

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    Pedro Paulo Almodovar 28/02/2020

    Uma pessoa medianamente informada, que conhece a vida pregressa do atual presidente, jamais se iludiu em achar que este tolo e ignóbil faria uma gestão aceitável. Na campanha, não apresentou um plano consistente. Grunhiu besteiras aos quatro cantos, apoiado por uma elite que hoje realmente toma as decisões no país e se locupleta, e por uma turba de desinformados, que acredita em papai Noel. Logo, todas as ponderações claras e bem fundamentadas de Bresser Pereira retratam o resultado que certamente haveria de vir. E essa gente fanatizada e ignorante não ouve e não aceita nada que não seja proveniente do mundo do faz de conta, alimentado pelas milícias das fake news.

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    José silva 28/02/2020

    A insatisfação popular que resulta em apoio ao Governo do Presidente Bolsonaro, eleito de forma legítima , não é contra a as instituições, Congresso, STF ou mesmo a imprensa, mas contra os integrantes destas instituições, que a as utiliza, para pregar a discórdia, a difamação e a distorção dos fatos. Vejamos o STF: O Presidente Tofoli tem sido pródigo em decisões absurdas, como sentença com cunho legislativo, como a decisão que criou um artigo, até então inexistente no processo penal, para estabelecer hierarquia na oitiva de denunciados, que resultou em nulidade de processos que tramitaram de forma escorreita e segundo as leis existentes; a criação de Inquérito secreto para apurar eventuais divulgações de noticias falsas, que transformou o STF em Tribunal de exceção, desmoralizada pelo Jornalista Allan; e tantas outras decisões em desacordo como as prerrogativas do seu cargo, como a suspensão das investigações com base em informações do COAF sem ordem judicial, que culminou com o Presidente Tofoli, como relator do processo no julgamento no Tribunal Pleno, votar contra seu próprio relatório, ante ao repudio da maioria dos Ministros do STF à liminar proferida nos autos pelo Ministro Tofoli. A lista e vasta. Não é de outra forma o legislativo. O Presidente do Sanado, que senta em cima dos pedidos de impedimento de ministros do STF, em conflito com a moralidade, a lei e o estado democrático de direito, e juntamente com presidente da Câmara, criar leis com o que eles chamam de jabuticabas e jabutis, que as tornam inviáveis, como: o Juízo de garantia na lei de combate a corrupção do Ministro Sérgio Moro, que ficou desfigurada como a lei anti crime do Ministério Público. Ainda os dois Presidentes dos Parlamentos que disputam entre si, ser o primeiro ministro de um parlamentarismo branco, em que transformaram o as Casas Legislativas, para chantagear e imobilizar o Executivo; os integrantes do centrão e parlamentares alvo da lava jato, com processos em vias de prescrição de desídia de ministros do STF. A imprensa, a grande imprensa prenha de viúvas das grandes organizações criminosas que governaram a Nação nos últimos 36 anos, dão o suporte a guerra de desmoralização ao governo do Presidente Bolsonaro. Não são as instituições,alvo da insatisfação popular, mas integrantes e dirigentes que as usam as Instituições de foma anti republicana, para restabelecer e manter o Império da corrupção, criado pelo inimigos do povo que, ora se levanta contra aos desmandos praticados pelo traidores da pátria; para esse povo há uma bandeira o Presidente Bolsonaro.

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    dorinha 28/02/2020

    Resumindo voce quer que vire uma Venezuela, pois nosso presidente Bolsonaro com o povo que o elegeu jamais deixará voces esquerda governar novamente, o GIGANTE ACORDOU e abra seus olhos pra ver o quanto foi feito pelo Brasil.VAO PRA VENEZUELA.Pra voces estava bom o condenado roubar, saquear nosso Brasil, enriquecer seus filhos e amigos que estao e foram presos!!!

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    damião 28/02/2020

    Bom dia: q dizer que o povo não pode ir pras ruas se manifestar,

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    Pacato Cidadão 27/02/2020

    O fato é que a esquerda é cretina e a direita covarde. A primeira já não tem escrúpulo em negar sua vontade de acabar com o governo, ainda que para isso, seja necessário a destruição da nação; Já a segunda, fica gastando tempo e paciência querendo justificar acontecimentos irrelevantes que tomam dimensões gigantescas devido a narrativa dos perdedores.

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