Crianças mimadas cresceram e estão no poder

Imagine uma escola em que os alunos mais ricos e mimados integrassem os conselhos de classe com poder de voto sobre o projeto pedagógico.

Luciana Oliveira
Publicada em 12 de janeiro de 2018 às 15:02
Crianças mimadas cresceram e estão no poder

Imagine uma escola em que os alunos mais ricos e mimados integrassem os conselhos de classe com poder de voto sobre o projeto pedagógico.

Os puxa-sacos, dedo-duros, gananciosos, esnobes e egoístas definiriam os padrões de convívio e os métodos de ensino.

Seria uma desgraça né?

Pois é o que vemos na política de um modo geral, sobretudo neste governo que se estabeleceu com um golpe.

As crianças ricas e mimadas cresceram e estão no comando da nação.

Os que foram criados com muito mais do que precisam, se divertem cortando o fundamental aos que possuem menos.

Estão em todas as esferas de poder e em todos os cantos do país.

A base da política brasileira é formada por representantes da classe mais abastada e mal-educada – imbecis, desagradáveis e inúteis como os todos criados sem limites e com paparicação – e com transferência de poder entre eles.

Com o mapa de nomeações no governo Temer divulgado pelo Congresso Em Foco, dá para imaginar quantos políticos temos com valores corrompidos no berço.

Esse cenário explica birras como a da deputada Cristiane Brasil (PTB) que insiste em tomar posse como ministra do trabalho mesmo inserida no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT).

Quem foi mimado não tolera frustrações. O pai dela, Roberto Jefferson, fez o que quando viu a filha ser criticada nas redes sociais? Tomou suas dores sem dar bola à coerência dos protestos.

São valores imorais passados de geração em geração.

Por má educação, tem vereador em Porto Velho que acha normal comprar quatro carros de luxo com dinheiro público para atender seu gabinete.

Não quero esse, mas aquele caro e bonito, é o diz toda criança que tem o que quer e não o que precisa.

Crianças mimadas crescidas não admitem a realidade do abismo social.

Quando houve chacinas em presídios de Roraima e Manaus, há um ano, o secretário nacional de Juventude, Bruno Júlio (PSDB), declarou: “Eu sou meio coxinha sobre isso. Sou filho de polícia, não é? Sou meio coxinha. Tinha era que matar mais. Tinha que fazer uma chacina por semana.”

Deixou o governo Temer com beicinho e não pediu desculpas pela estupidez.

“Esse politicamente correto que está virando o Brasil está ficando muito chato”, disse.

Crianças mimadas crescidas são perigo.

Um ditado espanhol resume: “Cria cuervos y te sacaran los ojos”.

Comentários

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    Telma Rodrigues 12/01/2018

    Boa matéria! Explicita a falência da política brasileira. Exercer um cargo político em nossa nação virou questão de carreira, de hereditariedade. Boa parte dos conhecidos sobrenomes que infestam nossa política nacional é bem conhecida. Vêm de três ou mais gerações, perenizando no poder as mesmas famíglias, formando verdadeiras máfias. Em raríssimos casos os rebentos de políticos assumem o poder e fazem algo que se aproveite. Geralmente prosseguem a saga dos ancestrais, corrompendo, furtando, desviando, malversando recursos públicos em proveito dos seus. E não se vislumbra mudanças significativas nesta situação. Povo inculto e acomodado, sistema político corrupto e regulamentado por eles próprios, não permite melhoras para o povo. É a ditadura das elites. Jamais saímos da escravidão. Aos negros cativos de outrora, junta-se agora toda a massa menos favorecida deste nosso triste país. Massa inculta e manipulável. Boiada.

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