Docentes das universidades federais reclamam de intervenção do governo

Secretário do MEC afirma que ensino superior tem cumprido as metas do Plano Nacional de Educação

Agência Câmara de Notícias
Publicada em 06 de abril de 2021 às 08:21

Representantes de professores, estudantes e técnicos das universidades federais reclamaram nesta segunda-feira (5), na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, de cortes orçamentários; perseguição política por parte do governo por meio de processos administrativos e até criminais; além da nomeação de reitores não escolhidos pela comunidade.

De acordo com o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), foram 25 reitores indicados pelo presidente Jair Bolsonaro sem levar em conta os mais votados; o que a entidade classifica de “desrespeito à autonomia universitária”.

Orçamento

Em resposta, o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Wagner de Souza, disse que o corte de 18% no orçamento das universidades este ano não deve se realizar como, segundo ele, ocorreu em 2020. Ou seja, os recursos serão complementados ao longo do ano. Sobre a escolha dos reitores, Wagner disse que a lei atual permite que o presidente indique outros nomes:

“O meu papel é defender o ensino superior, é defender as universidades federais, é defender a autonomia da universidade. Agora, eu sigo o que está na legislação”, disse.

Autonomia universitária

A deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP), que requereu a audiência, disse que é preocupante que o governo esteja intervindo em instituições que precisam funcionar de maneira independente:

“Não é à toa que as universidades têm um poder de definir seus próprios rumos e, portanto, sua própria direção. Os governos passam, são escolhas que têm a ver com o momento político; mas as universidades não, elas têm o papel de construção do desenvolvimento para toda a sociedade brasileira, para o Estado. E não pode ter esse crivo político por parte desse ou daquele governante, ainda mais em tempos em que a gente precisa da produção científica livre, altiva, soberana, para conseguir responder a um momento tão dramático como o que a gente vive hoje”, disse a deputada.

Gustavo Sales/Câmara dos Deputados

Audiência Pública - Autonomia universitária e liberdade de cátedra nas instituições federais. Presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES/SN), Rivânia Lucia Moura de Assis

Rivânia de Assis, do Andes, anunciou um dossiê sobre a militarização do governo e a intervenção nas instituições de ensino

Militarização

A presidente do Andes, Rivânia de Assis, disse que a entidade acabou de publicar um dossiê sobre a militarização do governo e a intervenção nas instituições de ensino. Ela citou vários casos de processos contra estudantes e professores, inclusive o do professor Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, que teve que assinar um Termo de Ajustamento de Conduta com a Controladoria-Geral da União após fazer críticas à gestão da pandemia pelo governo. Rivânia disse que, até fevereiro, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), eram 6.157 militares em postos chaves do governo, inclusive na educação; o dobro de 2016.

Wagner de Souza mostrou que a área de ensino superior tem cumprido as metas do Plano Nacional de Educação (PNE). Ele disse que, mesmo com a pandemia, foram ofertadas 290 mil vagas pelo SISU em 2020. Ele também defendeu mudanças na Lei Complementar 173/20 para que algumas universidades possam contratar este ano.

O secretário também se manifestou favorável ao ensino à distância como meio de incluir alunos mais pobres e que precisam trabalhar. E afirmou que os reitores são unânimes no apoio ao seu trabalho.

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