Em 2021, mulheres comandarão 658 prefeituras, em apenas 11,8% das cidades

Das 20 que concorriam ao cargo no segundo turno das eleições 2020, sete foram eleitas e vão tomar posse em 1º de janeiro

Agência Senado
Publicada em 30 de novembro de 2020 às 20:07
Em 2021, mulheres comandarão 658 prefeituras, em apenas 11,8% das cidades

As prefeitas eleitas em 2º turno (da esq. para a dir.): em cima, Raquel Chini, Praia Grande (SP), Suéllen Rosin, Bauru (SP), Paula Mascarenhas, Pelotas (RS), e Professora Elizabeth, Ponta Grossa (PR); abaixo, Elisa Araújo, Uberaba (MG), Marília Campos, Contagem (MG), e Margaria Salomão, Juiz de Fora (MG)

Prefeituras de 658 cidades brasileiras serão comandadas por mulheres a partir de 2021. Das 20 que concorriam ao cargo no segundo turno das eleições 2020, sete foram eleitas e vão tomar posse em 1º de janeiro. O pleito foi realizado neste domingo (29), em 57 municípios. No primeiro turno, ocorrido em 15 de novembro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já havia registrado a eleição de 651 mulheres ao cargo de prefeitas e 885 para vice.

Suéllen Rosim, do Patriota, será a primeira prefeita de Bauru (SP). Ela recebeu 89.725 votos, o que corresponde a 55,98% do apurado das urnas neste segundo turno. Ponta Grossa, no Paraná, também será governada pela primeira vez por uma mulher a partir de 2021: a Professora Elizabeth, do PSD, obteve 87.932 votos, equivalente a 52,38% do total de votos válidos.

Em Praia Grande (SP), Raquel Chini, do PSDB, recebeu 75.739 votos, o que corresponde a 53,52% do total. Já Pelotas (RS) continuará tendo como prefeita Paula Mascarenhas, do PSDB, reeleita com 68,7%, ou 105.206 votos computados.

Minas Gerais

Os municípios mineiros de Contagem, Juiz de Fora e Uberaba também elegeram mulheres para comandar suas prefeituras. Marília Campos, do PT, vai governar Contagem pela terceira vez, depois de ter obtido 51,35% dos votos válidos; Margarida Salomão, também do PT, será a primeira prefeita de Juiz de Fora, com 54,98% de aprovação do eleitorado; e Elisa Araújo, do Solidariedade, comandará a prefeitura de Uberaba, após vencer com 57,36% dos votos válidos.

Nas redes sociais, o senador Antonio Anastasia (PSD-MG) comemorou o feito e desejou sucesso às três:

“Importantes cidades de nosso Estado serão governadas por mulheres a partir de 2021. Parabéns pela vitória e pela confiança conquistada de seu povo. Desejo-lhes uma gestão de muito sucesso e muitas conquistas. Contem comigo e com meu trabalho no Senado para o que for preciso”.

Time em campo

Apesar de representarem mais de 51,8% da população e mais de 52% do eleitorado brasileiro, mulheres ainda são minoria na política. Em entrevista à Agência Senado, a senadora Zenaide Maia (Pros-RN) comentou que, apesar dos avanços, “o time ainda está incompleto”.

Ela criticou a falta de proporcionalidade no número de prefeitas eleitas: foram 658 delas ou 11,8% dos cargos em disputa nos 5.570 municípios do país. Na opinião da parlamentar, enquanto a sociedade e os poderes constituídos não reconhecerem que está faltando incentivo para as mulheres ocuparem mais espaço na política, pouco ou nada vai mudar.

— O resultado é pouco, mas a gente ainda está caminhando. Eu não desisto disso de forma nenhuma: a gente tem que estar lá, na prefeitura, nas câmaras, no Congresso e no Executivo — defendeu a senadora que é presidente da Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher.

Para Zenaide Maia, os baixos índices da representatividade feminina na política podem ser comparados à decisão de um técnico que deixa metade de seu time sem jogar.

— A gente não ter pelo menos metade das mulheres em posição de decisão é grave. Nós sabemos quais políticas são necessárias criar e a gente precisa dividir essa responsabilidade e não deixá-la somente sobre os ombros dos homens. As prefeitas eleitas significam uma vitória, a gente não regrediu, mas a gente precisa avançar. Esses números precisam melhorar, porque estão relacionados e são questão de dignidade para as mulheres. Trata-se de um time onde nem metade dos jogadores está em campo.

Diversidade

O senador Paulo Paim (PT-RS) considerou a eleição das novas prefeitas fundamental para assegurar a democracia e a diversidade na política. À Agência Senado, o parlamentar disse, no entanto, que um dos mais sérios problemas que resultaram nos baixos índices de prefeitas eleitas em 2020 foi o fato de os partidos não terem destinado os 30% do Fundo Eleitoral, previstos na Lei 13.487, de 2017, para candidatas.

Paim afirmou que as mulheres negras foram as mais discriminadas pela falta de recursos e tempo de programas em rádio e TV. E destacou a necessidade de se garantir que os recursos cheguem para todos, sem discriminação, nas campanhas eleitorais. Para o senador petista, essa má distribuição “é mais uma forma de violência”.

— Mulheres, negros, indígenas, quilombolas e LGBTI+ devem ter os mesmos espaços e recursos dentro das campanhas, nas próximas eleições municipais, estaduais e federais — defendeu.

Entusiasmo

O senador Nelsinho Trad (PSD-MS) parabenizou todas as mulheres eleitas nas eleições deste ano, destacando as integrantes do seu partido. Para ele, a participação feminina precisa ser cada vez mais estimulada, por serem as mulheres, segundo afirmou, “guerreiras, determinadas e com mais sensibilidade que os homens”. 

— Aquela história do “sexto sentido” feminino, eu levo a ferro e fogo nas minhas atividades, escuto sempre a minha mulher, e nada melhor do que ter uma gestora mulher, porque ela sempre se antecipa aos problemas — elogiou.

Participação feminina

Os dados do segundo turno das eleições ainda serão consolidados pelo TSE. Entretanto, o presidente do Tribunal, ministro Luis Roberto Barroso, considerou que houve aumento da eleição feminina em 2020. Em entrevista coletiva neste domingo, Barroso destacou campanhas de incentivo ao protagonismo das mulheres, como a do TSE estrelada pela atriz Camila Pitanga, embaixadora da ONU Mulheres no Brasil.

Desde sua posse no comando do TSE, Barroso registrou a importância do envolvimento da juventude e das mulheres na política com o objetivo de promover a diversidade na vida pública do país. “Somos um país multiétnico, multirracial, multicultural. Precisamos ter a consciência de que isso é um ativo, uma virtude, um privilégio que a história nos deu”, declarou.

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