Estudo do ICB-USP revela conexão entre hormônio do crescimento e regulação da insulina
O estudo recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) no âmbito de um projeto temático
Descoberta tem implicações para o entendimento e tratamento do diabetes tipo 2, cujas causas ainda não são totalmente esclarecidas. Embora obesidade e genética aumentem o risco, não se sabe por que algumas pessoas desenvolvem a doença, enquanto outras, expostas aos mesmos fatores, não a manifestam. Nova função do GH – O hormônio do crescimento é tradicionalmente conhecido por seu papel no crescimento e na regeneração celular. No entanto, a equipe do professor Donato vem investigando há anos suas funções menos conhecidas no metabolismo. "Descobrimos que o GH atua no cérebro de formas que antes não eram imaginadas. Ele regula a sensibilidade à insulina e o metabolismo da glicose por meio de um grupo de neurônios localizados no núcleo paraventricular do hipotálamo, especificamente aqueles que expressam Sim1 e VGLUT2", explica o pesquisador. A pesquisa utilizou camundongos geneticamente modificados para eliminar o receptor de GH nesses neurônios específicos. Os resultados foram surpreendentes: os animais apresentaram menores níveis de glicemia e uma sensibilidade à insulina significativamente maior em comparação aos camundongos normais. Isso sugere que o GH desempenha um papel crucial na regulação dos níveis de açúcar no sangue, e sua manipulação pode ter potencial terapêutico, pois a redução da glicemia observada nos camundongos estava associada à menor produção de glicose pelo fígado. Conexão entre GH e diabetes – O estudo também ajudou a explicar por que o GH é conhecido por ter um efeito diabetogênico. Condições como acromegalia — um distúrbio causado pelo excesso de GH — são associadas a uma maior incidência de diabetes, e agora os pesquisadores entendem melhor o mecanismo por trás desse fenômeno. "Nosso estudo revela que a atuação do GH nesses neurônios pode ser um dos principais fatores que contribuem para a resistência à insulina, que é um dos aspectos centrais do diabetes tipo 2 [doença caracterizada pela resistência à insulina e pela deficiência na produção desse hormônio pelo pâncreas]", afirma Donato. A pesquisa também pode ajudar a responder uma pergunta fundamental: por que algumas pessoas desenvolvem diabetes enquanto outras não, mesmo quando expostas aos mesmos fatores de risco? "Nosso estudo sugere que diferenças na sensibilidade ao GH podem desempenhar um papel crucial na propensão ao diabetes, e desvendar esse mecanismo pode abrir caminhos para tratamentos mais eficazes", diz o cientista. "Agora, nosso próximo passo é entender detalhadamente como esses neurônios se comunicam com o fígado para influenciar os níveis de glicose no sangue", afirma. Esse aprofundamento permitirá avaliar quais sinais bioquímicos estão envolvidos nessa regulação e como a interferência nesse mecanismo pode ser explorada para melhorar a resposta do organismo à insulina. O grupo de pesquisa coordenado por Donato tem uma história consolidada de pesquisa na área. Estudos anteriores realizados pela equipe demonstraram que o GH desempenha papéis importantes em diversas funções do organismo, incluindo a regulação da fome e da ansiedade, a influência sobre a longevidade e a neuroproteção. As pesquisas do grupo têm recebido reconhecimento internacional, sendo publicadas em revistas científicas de alto impacto como Nature Communications, além de atraírem financiamento significativo para continuação dos estudos. Esse último, intitulado Growth hormone receptor in VGLUT2 or Sim1 cells regulates glycemia and insulin sensitivity, está disponível neste link. |
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