Geografia: uma aula inútil

Não se sabe quem sofre mais: se um rondoniense quando é confundido com um roraimense ou o contrário

Professor Nazareno*
Publicada em 25 de setembro de 2019 às 12:21
Geografia: uma aula inútil

De um modo geral, a população de Rondônia é composta em sua maioria por gente parva, sem leitura de mundo, desinformada e por isso mesmo presa fácil das armadilhas criadas pela mídia televisiva e também pelos políticos. Na semana passada, por exemplo, muitos foram ao êxtase por que uma jornalista local ao apresentar o Jornal Nacional da rede Globo disse que Rondônia não era Roraima. A vibração foi colossal. “Uma aula de Geografia para o Brasil e para o mundo”, gritavam às lágrimas os mais eufóricos. Telões instalados no único Shopping Center da capital e em vários outras localidades deram um aspecto de final de Copa do Mundo. Esse tema é tão importante que vai mudar a sofrida realidade desse povo tolo. Ninguém percebeu que essa “jogada” da Globo foi somente para alavancar sua audiência que cai vertiginosamente a cada dia.

Além do mais, quase ninguém no Brasil aprendeu esta “aula” nem vai aprender tão cedo. Hoje mesmo, ainda se continua confundindo Rondônia com Roraima não por desconhecimento da Geografia, mas pela pouca ou nenhuma importância que estas duas províncias atrasadas e subdesenvolvidas representam para o país. Rondônia e Roraima são como duas irmãs siamesas que sobrevivem na miséria econômica e social. Fincadas em plena Amazônia, uma faz fronteira com a Venezuela e a outra com a Bolívia. O histórico das duas, no entanto, se parece muito: alguns sulistas gostam de dizer que “colonizaram” estes dois pedaços esquecidos do Brasil. A imigração é uma constante nos dois longínquos territórios que foram recentemente transformados em Estado. Uma sofre por causa da invasão dos venezuelanos, a outra padece com imigrantes bolivianos.

Roraima tem Romero Jucá, mas Rondônia não fica atrás e também tem os seus “líderes”. Em ambas as unidades da federação existem políticos ladrões e desonestos e geralmente são eles que “dão as cartas”. Em Rondônia vive-se atualmente outra crise. Assim como lá em Roraima. Os dois rincões vivem só de ciclos. Embora Roraima esteja situada no hemisfério norte da terra, o atraso, a corrupção, o subdesenvolvimento e a miséria fazem parte da realidade de sua sofrida e minúscula população. Em Rondônia essa triste realidade não é nada diferente. Os dois povos são devastadores contumazes da natureza. No final do século passado, por exemplo, o mundo ficou assombrado com os incêndios florestais em Roraima. Agora, o medo é em Rondônia com a agressão à Amazônia. Porto Velho sofre com as queimadas e tem hoje quase 10 mil focos de calor.

Não se sabe quem sofre mais: se um rondoniense quando é confundido com um roraimense ou o contrário. Nunca se viu um paulista ser confundido com um carioca. Duvido que alguém confunda os Estados Unidos com a Europa. Isso porque são lugares desenvolvidos, ricos, civilizados e têm grande importância para o mundo. Rondônia e Roraima são o suprassumo da merda, lugares ermos, periferias do mundo. O PIB de Roraima é 0,2% do PIB brasileiro. Rondônia tem também um PIB inexpressivo: 0,6 do PIB nacional. Já IDH inexiste em ambas as províncias, que deveriam voltar à condição de território federal ou serem devolvidas respectivamente a Nicolás Maduro e a Evo Morales. Se Boa Vista nada tem de bom a oferecer aos seus visitantes, Porto Velho é a capital brasileira dos estupros. Em ambas, saneamento básico e água tratada é um luxo quase inexistente. Então, parabéns à Globo: disse ao Brasil que “essas coisas” existem.

 *É Professor em Porto Velho.

Comentários

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    Antonio 26/09/2019

    Rondônia terra medonha, quem sabe. Daqui a mil anos possa voltar seus olhos para industrialização. E tirar essa mente de plantio de soja/desmatamento.

  • 2
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    Moacir Gomes de Moura 26/09/2019

    Cara... é legal e divertido os textos do Professor Nazareno. Na verdade ele ama Rondônia. Claro, é irônico. mas é tipo assim: "Falo mau dos meus filhos, mas se alguém falar, eu brigo".

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    Kleiton Ayala 26/09/2019

    O Professor redator do texto pegou pesado! Mas quem acompanha, há anos, os textos do Professor Nazareno, publicados neste site, sabe que seu objetivo é criar impacto, mexer com os brios dos rondonienses e fazer com que o povo local conteste suas falas, mas, sobretudo, que reflita sobre nossas práticas nem sempre corretas. Agora, o que repugna é a manifestação da Simone. Certamente não é mulher. É um macho mal-educado, que se esconde atrás de um nome feminino, para falar o que ele deve ter ouvido desde o berço, em seu lar "amplamente educativo". Já o João Costa, além de cometer a oito crassos erros no bom uso da Língua Portuquesa em sua ligeira manifestação, também só falou abobrinhas...

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    Moacir Gomes de Moura 26/09/2019

    Cara... é legal e divertido os textos do Professor Nazareno. Na verdade ele ama Rondônia. Claro, é irônico. mas é tipo assim: "Falo mau dos meus filhos, mas se alguém falar, eu brigo".

  • 5
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    João Costa 25/09/2019

    Se tu é professor de português, como é que faz uma comparação fonética de São Paulo e Rio de Janeiro com a de Rondônia e Roraima, sem falar das siglas que são totalmente distintas, veja por aí como tu é burro. É bom tu saber da potencialidade de Rondônia na pecuária, que dar mais de 12 cabeças de gado por habitante, e a sua produção de energia elétrica distribuída para o Brasil todo. Tu é doido mesmo, não sabe o que fala, que se aparecer, pega uma melancia, corta em fatias e faz um colar para desfilar na Sete de Setembro no centro da cidade.

  • 6
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    Simone 25/09/2019

    Olha o cachorro ladrando novamente. Achei que seria uma leitura interessante, mas sinceramente não dá pra perder tempo com esse BOSTA. Um grande vai tnc professor Lazarento.

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Winz

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