Juiz mantém na cadeia médica acusada de contratar morte de prefeito em cidade da região

Magistrado aponta risco de fuga usando aviões da família.

Fonte: Folha Max 
Publicada em 05 de janeiro de 2018 às 14:32
Juiz mantém na cadeia médica acusada de contratar morte de prefeito em cidade da região

O juiz plantonista da comarca de Colniza (MT), a 550 km de Vilhena,  Ricardo Nicolino de Castro, alertou que a médica Yana Fois Coelho Alvarenga, acusada de ser a mandante da morte do prefeito Esvandir Antônio Mendes (PSB) pode fugir de avião caso seja colocada em liberdade. O argumento foi utilizado para o magistrado negar a revogação da prisão temporária da médica e converte-la em preventiva.

A suspeita do magistrado está presente no recebimento da denúncia contra os acusados de envolvimento na execução, e foi assinada por Castro na última terça-feira (2). Ele alerta que a médica tem fácil acesso a aeronaves, o que pode facilitar uma fuga.

“De mais a mais, considerando as consequências que possivelmente recairão sobre a acusada”, diz o juiz, “é de pressupor a evasão da ação da justiça, sendo salutar destacar que a representada tem a sua disposição aeronaves”, diz a decisão.

Ricardo Nicolino de Castro disse, inclusive, que durante seu depoimento, a própria médica confirmou que entrou em contato com um piloto de avião para “buscar” um advogado para atender seu marido – o empresário Antônio Pereira Rodrigues Neto, acusado de ser um dos executores de Esvandir, e que foi detido antes da esposa. “A depoente informa que praticamente não dormiu, e ficou o tempo todo procurando informações sobre o fato, ligando para advogados e entrou em contato com um piloto de avião para buscar os advogados para atenderem ao Antônio”, disse Yana em seu depoimento.

No documento, não há informações sobre a quantidade de aeronaves, nem os modelos que pertenceriam ao casal. O juiz afirma apenas que a médica e o empresário são pessoas que pertencem a família de “grande poder econômico e notoriedade na cidade, que goza de grande prestígio social o que não raramente, serve de meio intimidatório para a colheita de provas, em especial a testemunhal, ainda mais em uma comunidade tão simples como a cidade de Colniza/MT”.

Além de negar a revogação da prisão temporária o magistrado também determinou que as detenções de Yana e dos demais acusados de participarem da trama - Antônio Pereira Rodrigues Neto, Zenilton Xavier de Almeida e Welison Brito Silva -, fossem convertidas para “prisão preventiva”, que diferente da temporária não possui prazo pré-definido.

“VELHO OESTE”

Para o Ministério Público Estadual do Mato Grosso (MP-MT), o modus operandi da quadrilha que assassinou o prefeito de Colniza, Esvandir Antônio Mendes, no último dia 15 de dezembro, “chega e lembrar até filmes hollywoodianos do velho oeste”, além de sugerir que a mandante do crime foi a médica Yana Fois Coelho Alvarenga.

As alegações constam da denúncia oferecida pelo MP-MT contra o empresário, e um dos executores do crime, Antônio Pereira Rodrigues Neto, e sua esposa, Yana Fois Coelho Alvarenga, além de Zenilton Xavier de Almeida e Welison Brito Silva, que também efetuaram os disparos contra o prefeito. O documento é assinado pelos promotores de justiça substitutos Leandro Túrmina e Willian Oguido Ogama, e data do dia 27 de dezembro de 2017.

“A denunciada Yana Fois Coelho Alvarenga e seu companheiro/denunciado Antonio Pereira Rodrigues Neto promoveram, organizaram, cooperaram e dirigiram a atividade dos outros denunciados, já que Zenilton Xavier De Almeida, Welison Brito Silva eram conhecidos do casal e foram contratados para a execução da referida infração penal”, diz trecho da denúncia.

Zenilton e Welison teriam recebido R$ 5 mil cada um pelo crime e foram contratados em Goiânia (GO) para praticar o assassinato. Esvandir Antônio Mendes dirigia uma Hilux SW4 na BR-174 e estava acompanhado do ex-secretário municipal de finanças, Admilson Ferreira dos Santos, do secretário de meio ambiente de Colniza, Walison Jones Machado, além da primeira-dama, Rosemeire Costa. Os três criminosos – Antônio, Zenilton e Welison -, iniciaram uma perseguição contra os gestores públicos efetuando vários disparos que acabaram culminando na morte do prefeito.

No entanto, para o MP-MT, a mandante do crime foi a esposa do empresário.

“Outrossim, a cada novo depoimento a denunciada se contradiz, apresentando novos elementos que lhe colocam como mandante dos crimes (em que pese não ter executado, materialmente, os disparos de arma de fogo que ceifaram a vida do Prefeito Municipal)”, diz a denúncia.

O MP-MT aponta também para participação de um adolescente de 15 anos no crime, irmão do empresário, dizendo que a vida do rapaz tinha “grande interferência” da médica.

“O próprio adolescente J.V.O.P. declarou que antes, durante e após os fatos, frequentou a residência da Representada, tendo mentido em seu depoimento, conforme confissão realizada quando de sua apreensão, o que demonstram a constante interferência da Representada na vida do adolescente, de modo que o seu último depoimento foi essencial para o esclarecimento dos fatos, em especial a participação daquela”, diz outro trecho da denúncia.

O MP-MT não dá detalhes sobre os fatos que teriam motivado o crime, porém, relata que Yana Fois Coelho Alvarenga tinha sido contratada diretamente pelo prefeito e trabalhava no hospital municipal de Colniza, descumprindo uma ordem judicial que determinava a realização de concurso público. Ela chegou a atender as vítimas da emboscada que teria ajudado a arquitetar.

“Não se pode olvidar, ademais, que mesmo após os fatos, continuou a exercer o seu labor no Hospital Municipal, primeiro local onde as vítimas foram encaminhadas, sendo que o fato de ser companheira do denunciado Antonio Pereira Rodrigues Neto prejudicou a colheita de informações no local por parte das autoridades que lá iam ouvir as vítimas, já que a denunciada e seu marido são pessoas com grande poder aquisitivo e que, pelo que consta, julgam-se acima do ordenamento jurídico”.

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