Moraes sabe que a organização criminosa miliciana é uma rede nacional ativa
“A parte mais visível da delinquência fascista é sustentada por uma base que continua impune, intocável e ameaçadora”, escreve Moisés Mendes
Eduardo e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)
A organização criminosa miliciana, assim definida por Alexandre de Marques no discurso da volta do recesso no Supremo, é mais do que uma quadrilha de brasileiros agora articulados com gângsteres americanos.
A organização criminosa miliciana é vasta e tem capilaridade por todo o país. O grupo exposto pela cumplicidade com Trump nos ataques ao Brasil é a face mais manjada e exposta da quadrilha, agora com ambição internacional.
Mas a organização criminosa miliciana é um bando nacional com facções que envolvem também figuras do centrão e de um certo extremismo moderado. A organização criminosa miliciana, cujos líderes estão sob julgamento ou fugiram, tem franquias por todo o Brasil.
Trump apenas rearticulou alguns que estavam desorientados e fez com que virassem personagens internacionais. Líderes e membros da organização têm o controle de cidades. Dominam regiões e são ameaçadores, porque têm poder econômico que resulta em poder político.
Há células da organização criminosa miliciana em cidades pequenas e médias e dentro de estruturas de poder, em Câmaras, Assembleias, prefeituras, governos estaduais e, claro, no Congresso.
A organização criminosa miliciana é uma irmandade que pode sobreviver mesmo sem Bolsonaro. Está inserida em nossas normalidades. E seguirá adiante mesmo sem o controle de membros da família que pretendem sucedê-lo como chefão.
Alexandre de Moraes sabe que muitos dos líderes e quadros intermediários dessa organização são golpistas impunes. Não fugiram para os Estados Unidos e para a Europa porque mantêm o poder de disseminar terror em suas paróquias.
Moraes sabe, porque ainda tenta alcançá-los, que milionários financiadores do golpe, desde muito antes do 8 de janeiro, mantêm as mesmas estruturas que financiaram o gabinete do ódio. E sabe que a aposta desses chefes milicianos poderosos é mais do que a impunidade.
Células da organização criminosa miliciana preparam o retorno ao governo, por mais enganosa que seja essa ilusão. São agrupamentos municipais que agregaram à disseminação de violência e ódio, com insistência no negacionismo antivacina, o contágio da glória dos traidores de que fala Moraes.
Sentem-se gloriosos por sabotarem o próprio país. Não pertencem, ao contrário do que disse o ministro, ao submundo do crime. Vivem no mundo bem exposto da delinquência fascista, e todos em suas cidades sabem quem são eles.
Os integrantes da organização criminosa miliciana, em suas ramificações municipais e estaduais, sem mandatos em Brasília, têm nome, sobrenome e apelido. Têm a dinheirama das emendas em suas cidades. Têm ficha corrida e desfrutam de fama e fortuna.
Alexandre de Moraes sabe que Trump, os Bolsonaros e o entorno do comando que dá suporte à família são apenas o rosto agora internacional da organização. E sabe que as bases de sustentação da família miliciana continuam inteiras em suas raízes e ramificações orgânicas.
A organização criminosa agora liderada por um gângster mundial, que usa os Bolsonaros como manés, é uma estrutura ainda intocada. É uma rede que funciona desde a eleição de 2018, principalmente no sul do país.
Mesmo que tenham sido abalados pela sucessão de fracassos dos seus líderes nacionais, os milicianos interioranos estão organizados e vigorosos, talvez mais do que em 2022.
Seus chefões locais são celebridades mafiosas que rezam e até choram nas missas e cultos de domingo, ao lado de altas e baixas autoridades de todos os poderes.
Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.
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