Natal e luto infantil exigem atenção especial
Criar momentos de expressão da saudade e rituais de memória ajudam a preservar a saúde mental e emocional
Legenda da foto: Pintura no rosto e soltura de balões para crianças: atividades que a Luto Curitiba promove no Dia de Finados e nas celebrações de fim de ano. Foto de Bruna Murante
Crianças que enfrentam o luto necessitam de um acolhimento especial na época do Natal, um período carregado de significado afetivo, em que a dor da saudade fica ainda mais forte. As celebrações e expectativas intensificam a ausência pela perda de entes queridos - uma pessoa ou até mesmo um pet. “O luto infantil é um processo em que a criança não apenas assimila o impacto da perda, mas também interage com o ambiente familiar para elaborar o sofrimento e se adaptar ao novo momento”, explica a psicóloga Ruth Miranda.
É por isso que o apoio familiar sensível e a criação de rituais de memória são cruciais para preservar a saúde mental das crianças nessa época, acrescenta. Minimizar ou ocultar a perda pode aumentar os riscos de dores emocionais, enquanto o acolhimento e a expressão dos sentimentos contribuem para o desenvolvimento de resiliência.
O que falar às crianças sobre perdas?
Ruth recomenda que as famílias mantenham uma comunicação aberta e adequada à idade dos pequenos, explicando a morte com honestidade e utilizando recursos lúdicos, como desenhos e histórias, para facilitar a compreensão.
Na prática, as crianças costumam reagir bem aos rituais de despedida. Empresas prestadoras de serviços funerários já incluem espaços e atividades específicas para crianças, que ajudam a confortar e a familiarizá-las com a realidade da morte.
“As celebrações que organizamos em datas como dia de finados e final de ano sempre são destinadas à família, o que inclui as crianças. Além de momentos de fé, como missa e orações, preparamos atividades e brincadeiras. Montamos uma estrutura no jardim do cemitério com camarim de pintura, mesas de jogos e soltura de balões. Assim, os filhos acompanham os pais de forma natural”, diz Luis Henrique Kuminek, diretor da Luto Curitiba, uma das maiores administradoras de plano de luto, cemitério e crematório na capital paranaense.
Como lidar com o luto infantil?
No contexto natalino, projetos de intervenção prática podem incluir criação de álbuns de lembranças, escrita de cartas para os entes que se foram e a instituição de novos rituais que celebrem a memória com carinho e esperança. Essas ações ajudam a criança a transformar a saudade em uma presença simbólica positiva. Além disso, a continuidade das rotinas e a valorização do tempo de convivência fortalecem a sensação de segurança e pertencimento, fundamentais para o acolhimento da dor sem desespero.
A psicóloga Ruth Miranda também alerta para a importância de observar sinais de dificuldade prolongada, como isolamento e regressão comportamental, para buscar apoio psicológico especializado, garantindo um suporte adequado à saúde emocional infantil. Nesse sentido, o envolvimento de profissionais capacitados pode auxiliar a família a lidar com a dor durante o Natal e a ensinar à criança um olhar saudável sobre a perda e a lembrança.
Assim, o Natal pode ser vivido como um tempo de união e afeto, em que a dor da ausência convive com as boas lembranças e o aprendizado do valor da saudade, fomentando o recomeço emocional e ressignificação familiar que a criança tanto precisa para seu desenvolvimento integral e saudável.
Algumas dicas
Para ajudar famílias a lidar com o luto infantil durante o período natalino, seguem dicas práticas baseadas em estudos e recomendações de especialistas:
- Fale de forma clara, simples e sincera sobre a perda, adaptando a linguagem à idade e compreensibilidade da criança para que ela entenda o que aconteceu sem criar confusão ou medo.
- Use linguagem simples, com imagens concretas e reconfortantes. Frases que remetam a sensações de segurança e continuidade do cuidado são eficazes, como “O sol sempre volta a brilhar depois da chuva.” ou “Mesmo quando estamos tristes, temos nossos amigos e familiares para nos ajudar”.
- Para adolescentes, apresente frases que equilibrem autenticidade com incentivo à resiliência, reconhecendo a complexidade dos sentimentos e a busca por identidade. Exemplos: “É normal sentir falta, mas você tem força para seguir seu caminho” ou “A sua história continua, cheia de possibilidades, mesmo com as dificuldades”.
- Ofereça um espaço seguro para que a criança expresse suas emoções, seja tristeza, raiva, culpa ou confusão, validando esses sentimentos e mostrando que são naturais no processo de luto.
- Relembre momentos felizes vividos com o ente querido, estimulando a criação de memórias positivas que tragam conforto e reforcem o vínculo afetivo de forma saudável.
- Desenvolva rituais personalizados, como escrever cartas, desenhar lembranças, plantar uma árvore ou montar álbuns de fotos, para dar à criança uma forma concreta de se despedir e manter viva a memória.
- Mantenha a rotina familiar o mais normal possível, proporcionando segurança e previsibilidade nesse momento delicado.
- Promova momentos de convívio e diálogo em família durante o Natal, valorizando o afeto e criando novos rituais que integram a ausência na celebração, sem negar a dor.
- Observe sinais de sofrimento prolongado ou alteração comportamental, como isolamento ou regressão, e busque ajuda psicológica especializada quando necessário.
- Incentive atividades que tragam leveza e bem-estar, como brincar, passear ao ar livre e ouvir músicas, para auxiliar na expressão emocional e na retomada da normalidade.
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