O fracasso de Malafaia e Bolsonaro em Copacabana

"O pastor atraiu Bolsonaro para o que pode ter sido um dos maiores fiascos da extrema direita", escreve o colunista Moisés Mendes

Fonte: Moisés Mendes - Publicada em 22 de abril de 2024 às 17:09

O fracasso de Malafaia e Bolsonaro em Copacabana

Até as baleias vistas de longe e citadas pelo deputado Gustavo Gayer sabiam que a aglomeração de Copacabana era de alto risco para o fascismo. E se confirmou o que muitos temiam. 

A aglomeração fracassou pelo que não conseguiu acrescentar à manifestação de 25 de fevereiro na Paulista. O ato pode ser considerado, pelo contexto político, um fiasco histórico.

Para usar um clichê da extrema direita, Bolsonaro e Malafaia mantêm uma narrativa, mas não conseguem mais criar um fato novo, como gesto político, que a sustente.

A narrativa dos ataques a Alexandre de Moraes como ministro censor e autoritário e de desqualificação das provas do golpe chegou à exaustão na aglomeração em Copacabana. 

A repetição de que a direita é perseguida e censurada se tornou uma chatice e resultou no que de pior pode acontecer na política. Quase anulou, pela baixa presença e pela carência retórica, tudo o que eles fizeram até aqui.

O ato no Rio não precisava ser maior do que o de São Paulo. Mas deveria expressar um acréscimo como ação política e respaldo da base de tios e tias do zap. Foi um retrocesso, até porque os grandes nomes do bolsonarismo não apareceram. 

Malafaia atacou Moraes citando-o por 24 vezes, depois de se referir ao ministro por 16 vezes em São Paulo. Definiu Moraes como ditador e insinuou que o Senado deve pedir seu impeachment sob pressão popular.

Mas não agregou quase nada ao que havia dito na Paulista. Michelle fez uma pregação religiosa básica, de curso para pastores, e os outros oradores foram tão insignificantes que não há o que citar do que disseram. Com exceção da poética referência às baleias, feita por Gayer.

Bolsonaro falou por 34 minutos, anunciando várias vezes que iria encerrar o discurso, como se perseguisse uma ideia melhor, uma frase, uma eureca. Ele sabe o que viu de cima do caminhão.

Viu Copacabana quase sem gente para ouvi-lo dizer que sempre jogou nas quatro linhas, que está cercado e que pode ser preso a qualquer momento.

O que fica da aglomeração é que nem Malafaia nem Bolsonaro, agora sem os militares, têm força suficiente para desfazer o cerco do Supremo e pressionar ou desqualificar Alexandre de Moraes.

Ambos deixaram claro que o inquérito das fake news é o que mais preocupa, porque está perto do desfecho. Que bateu um cansaço também no fascismo, como já havia batido nas esquerdas. E que eles dependem agora de algo além do apoio do gângster Elon Musk.

Há um esgotamento de repertório no que a extrema direita tem a dizer. O bolsonarismo pode estar se tornando chato para os próprios bolsonaristas, ou Copacabana, um dos melhores lugares do Brasil para uma aglomeração domingueira, não teria atraído poucos tios.

A surpresa do evento foi a presença da cubana Zoe Martinez, que se apresentou como uma refugiada do comunismo e fez uma pergunta inusitada aos idosos que foram à praia: quem de vocês se lembra quando começou a usar papel higiênico? E disse então que conheceu papel higiênico aos 12 anos no Brasil, porque não havia em Cuba.

A extrema brasileira atraiu para a aglomeração fracassada uma cubana que tenta ajudar na mobilização do povo de Bolsonaro com a nova narrativa do papel higiênico. 

O evento no Rio foi terrivelmente fracassado, em todos os sentidos. Tanto que, abatido, Bolsonaro disse ao final: “Se algo de ruim acontecer comigo, não desistam”.

Estava insinuando de novo que pode vir a sofrer outro atentado, para investir na ideia de que é um alvo permanente a ser eliminado. 

O que a aglomeração mostrou, como indiferença do próprio povo, é que Bolsonaro já pode ser preso, depois de agradecer mais uma vez a Deus “pela segunda vida que me deste em Juiz de Fora”.

Ficou complicado, depois do fiasco organizado por Malafaia em Copacabana, assegurar uma nova vida política a Bolsonaro. 

Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

756 artigos

O fracasso de Malafaia e Bolsonaro em Copacabana

"O pastor atraiu Bolsonaro para o que pode ter sido um dos maiores fiascos da extrema direita", escreve o colunista Moisés Mendes

Moisés Mendes
Publicada em 22 de abril de 2024 às 17:09
O fracasso de Malafaia e Bolsonaro em Copacabana

Até as baleias vistas de longe e citadas pelo deputado Gustavo Gayer sabiam que a aglomeração de Copacabana era de alto risco para o fascismo. E se confirmou o que muitos temiam. 

A aglomeração fracassou pelo que não conseguiu acrescentar à manifestação de 25 de fevereiro na Paulista. O ato pode ser considerado, pelo contexto político, um fiasco histórico.

Para usar um clichê da extrema direita, Bolsonaro e Malafaia mantêm uma narrativa, mas não conseguem mais criar um fato novo, como gesto político, que a sustente.

A narrativa dos ataques a Alexandre de Moraes como ministro censor e autoritário e de desqualificação das provas do golpe chegou à exaustão na aglomeração em Copacabana. 

A repetição de que a direita é perseguida e censurada se tornou uma chatice e resultou no que de pior pode acontecer na política. Quase anulou, pela baixa presença e pela carência retórica, tudo o que eles fizeram até aqui.

O ato no Rio não precisava ser maior do que o de São Paulo. Mas deveria expressar um acréscimo como ação política e respaldo da base de tios e tias do zap. Foi um retrocesso, até porque os grandes nomes do bolsonarismo não apareceram. 

Malafaia atacou Moraes citando-o por 24 vezes, depois de se referir ao ministro por 16 vezes em São Paulo. Definiu Moraes como ditador e insinuou que o Senado deve pedir seu impeachment sob pressão popular.

Mas não agregou quase nada ao que havia dito na Paulista. Michelle fez uma pregação religiosa básica, de curso para pastores, e os outros oradores foram tão insignificantes que não há o que citar do que disseram. Com exceção da poética referência às baleias, feita por Gayer.

Bolsonaro falou por 34 minutos, anunciando várias vezes que iria encerrar o discurso, como se perseguisse uma ideia melhor, uma frase, uma eureca. Ele sabe o que viu de cima do caminhão.

Viu Copacabana quase sem gente para ouvi-lo dizer que sempre jogou nas quatro linhas, que está cercado e que pode ser preso a qualquer momento.

O que fica da aglomeração é que nem Malafaia nem Bolsonaro, agora sem os militares, têm força suficiente para desfazer o cerco do Supremo e pressionar ou desqualificar Alexandre de Moraes.

Ambos deixaram claro que o inquérito das fake news é o que mais preocupa, porque está perto do desfecho. Que bateu um cansaço também no fascismo, como já havia batido nas esquerdas. E que eles dependem agora de algo além do apoio do gângster Elon Musk.

Há um esgotamento de repertório no que a extrema direita tem a dizer. O bolsonarismo pode estar se tornando chato para os próprios bolsonaristas, ou Copacabana, um dos melhores lugares do Brasil para uma aglomeração domingueira, não teria atraído poucos tios.

A surpresa do evento foi a presença da cubana Zoe Martinez, que se apresentou como uma refugiada do comunismo e fez uma pergunta inusitada aos idosos que foram à praia: quem de vocês se lembra quando começou a usar papel higiênico? E disse então que conheceu papel higiênico aos 12 anos no Brasil, porque não havia em Cuba.

A extrema brasileira atraiu para a aglomeração fracassada uma cubana que tenta ajudar na mobilização do povo de Bolsonaro com a nova narrativa do papel higiênico. 

O evento no Rio foi terrivelmente fracassado, em todos os sentidos. Tanto que, abatido, Bolsonaro disse ao final: “Se algo de ruim acontecer comigo, não desistam”.

Estava insinuando de novo que pode vir a sofrer outro atentado, para investir na ideia de que é um alvo permanente a ser eliminado. 

O que a aglomeração mostrou, como indiferença do próprio povo, é que Bolsonaro já pode ser preso, depois de agradecer mais uma vez a Deus “pela segunda vida que me deste em Juiz de Fora”.

Ficou complicado, depois do fiasco organizado por Malafaia em Copacabana, assegurar uma nova vida política a Bolsonaro. 

Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

756 artigos

Comentários

  • 1
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    Evald 23/04/2024

    FRACASSO É A LIVE DO LULA QUE NÃO FOI PRA FRENTE!! ATÉ SUSPENDERAM POR NÃO DAR IBOPE KKKK

  • 2
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    kaio 23/04/2024

    O engraçado do boca de bode do Bozolóide é que ele não põe a mão no bolso pra fazer essas sandices para enganar o gado, e isso pq o gado, digo os bestas deram milhões em pix para ele kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ... é de rir dos bestões e do boca de bode.

  • 3
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    Aristides Feitosa 23/04/2024

    Esses dois fracassados (Boso e Silas Malanoche) são a vergonha nacional. Não sei como ainda tem um monte de apoiadores ensandecidos, a prestar apoio a esses dois malas.

  • 4
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    RONILDA PEREIRA DO NASCIMENTO 23/04/2024

    Como você classifica as manifestações do seu querido Lula? É classificado por sucesso total ou fracasso tambem?

  • 5
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    RONILDA PEREIRA DO NASCIMENTO 23/04/2024

    Se isso foi fracasso do Bolsonaro e do Malafaia, o do seu querido Lula é o que mesmo?

  • 6
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    sebastian 23/04/2024

    Esses jornalecos não criam vergonha mesmo, a maioria tem paixão pelo ex-presidente. Cadê as matérias falando da situação do país? Mercadorias aumentaram um absurdo, instituições de ensino federais em greve, por sinal, a maioria dessa turma apoiou o cara que hoje chamam de presidente, o tal Nordeste onde a miséria por lá só aumenta e o tal presidente só gastando com viagens sem nenhuma relevância para o país, além de suas mentiras.

  • 7
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    adonai 23/04/2024

    Quero dizer que um Jumento caído nunca vai levantar outro jumento caído

  • 8
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    edgard alves feitosa 23/04/2024

    Como diz em alto e bom som o nordestino: " EM CUBA FARTA TUDO. É UMA TOTAL FARTURA". "farta" papel higiênico; "farta" gêneros alimentícios; "farta" luz......"FARTA" LIBERDADE....o "paraíso socialista" tão decantado, aliás, DECADENTE, é exemplo vivo de que há uma "FARTURA" TOTAL...,,..e não se deve ao embargo imposto pelos estados unidos, porque Cuba pode NEGOCIAR COM TODOS OS PAÍSES QUE QUISER (Brasil...Russia....Irã....Venezuela...etc.); uma das maiores entradas de dinheiro em Cuba é feita pelos refugiados que estão nos estados unidos......

  • 9
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    Paulo 23/04/2024

    Se fracasso foi o ocorrido no Domingo em Copacabana-Rio de Janeiro com mais centenas de milhares de pessoas !!. O que dizer então do dia do SOLDADO em Brasília com quatro gatos pingados com uma bandeira rasgada e gasta pelo tempo do PT ??. Santa hipocrisia mano !!!.

  • 10
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    OBSERVADOR 23/04/2024

    Foi um fracasso?? Foi tanto que a globolixo que antes fazia vista grossa para às manifestações convocadas pelo JB ontem no Fantástico à apresentadora Maju além de falar sobre a multidão que esteve em Ipanema ainda fez questão de mostrar as imagens captadas pelos drones da própria globolixo, bem como de colaboradores do grupo Globolixo, além de mudar a forma que antes tratava os participantes e às manifestações. Antes os participantes eram tratados pela globolixo de golpistas e Antidemocráticos, porém, ontem no Fantástico à apresentadora Maju os tratou de manifestantes que tinham sidos convocados pelo ex-PR JB pelo ato pela liberdade de expressão e todas liberdades, bem como fez questão de declarar que o ato foi muito grande e que teve a participação do mentou Pastor Silas Malafaia e vários deputados estaduais, federais, prefeitos, vereadores, senadores, include, os dois de Rondônia, Marcos Rogério entre outros mais os governadores do RJ, SC e SP com demais enviando apoios e justificando suas ausências como foi o caso do Ratinho Jr governador do PR, Ronaldo Caiado de GO, MT, MS..., Aliás, todas redes de televisões noticiaram a grandeza da manifestação em favor da "LIBERDADE DE EXPRESSÃO E TODAS LIBERDADES" promovida pelo JB e Silas Malafaia. Quando a Globolixo num programa de tamanha visibilidade como o Fantástico trás a público reportagem sobre a manifestação de Ipanema no dia de domingo, (21), de Abril dando ênfase ao tamanho, citando o discurso do JB, de Silas Malafaia, Nikolas e Gustavo Gayer sem os tratar de golpistas ou que a manifestação foi um ato Antidemocrático e ainda afirmando que a presença do público foi grandiosa é sinal que o castelo de areia do ex-presidiário descondenado está em ruínas, bem como a de Xandão. Não à toa a entrada de Elon Musk em cena contra a censura do Sistema STF/Luladrão está começando a fazer desmoronar o Regime Ditatorial impostos aos cidadãos e cidadãs de bem e do bem em terras tupiniquins. Não à toa o grupo Globolixo deu ontem uma guinada de 180 graus com referência a forma que se referia a manifestação e manifestantes. Ou seja, a globolixo partiu do princípio que, quando o barco começa a afundar os ratos são os primeiros a pular fora, e é isso que ficou mostrado ontem no Fantástico. Aliás, no Globo News também já se começou a perceber isso desde quarta-feira quando os jornalistas que compõem a bancada sob comando da Daniela Lima lhes deram umas pancadas no lombo que fez com quer ela fosse retirada da apresentação do programa que comandava e até agora a Daniela Lima está fora da apresentação do programa. Portanto, hoje existem vários meios de comunicação nas redes sociais mostrando fatos a fatos e momentos a momentos sem precisar de rede de televisão. Não à toa Xandão se lamentou ao vivo e a cores pela chagada da Internet no Brasil ao dizer que antes, sem Internet "Ele e seus cumpichas togados eram felizes e não sabiam". Claro que não só ele como todas células de ditaduras em terras tupiniquins e mundo afora. Não à toa Elon Musk entrou com força contra o regime ditatorial tupiniquim do STF/Luladrão. Não é à toa que após denúncias do jornalista norte-americano Michael Shellenberger acerca dos atos ditatoriais do Xandão ao determinar censuras de mais de 300 pessoas entre políticos, jornalistas e YouTubers as coisa começaram a mudar e até a globolixo está caindo fora para amanhã não receber sanções dos EUA uma vez que A Câmara dos Representantes convocou Elon Musk a depor na Comissão de Assuntos Exteriores. Por que? Porque uma vez confirmadas as denúncias de Elon Musk o governo dos EUA tem por obrigação de aplicar sanções ao desgoverno do ex-presidiário aí adeus ORCRIM PTralha, seus tentáculos e sustentáculos do STF, TSE, TCU, STJ, PGR, PF, do Congresso Nacional e principalmente da velha imprensa, além de impedimento que envolvido sejam recebidos por países que compõem à União Europeia. Portanto, temos a Internet e suas redes sociais para mostrar e demonstrar em tempo real os fatos e acontecer aqui em terras tupiniquins e no mundo. Quando o Grupo Globolixo começa a chamar manifestações por manifestações e pessoas presentes como pessoas presentes, manifestantes sem adjetivar como Golpistas e Atos Antidemocráticos é porque caiu na real e pulou fora do barco furado para não naufragar junto. O desgoverno do ex-presidiário descondenado e Xandão já eram, só falta a partir do 8/4 deste quando Elon Musk apresentar as provas do conluio entre STF/Luladrão que impuseram o regime ditatorial atual no Brasil para casa cair geral. Ah, agora há pouco o jornalista norte-americano Michael Shellenberger publicou novas irregularidades do Xandão nas ordens de bloqueios e banimentos de redes sociais de Luísa Erondina e deputada federal Tabata Amaral e outro esquerdeopatas, ou seja, nem elas sabiam e se estiverem sabendo estar sendo pelo site Hora Brasília, Oeste e Metrópoles que acabou de publicar novas irregularidades do Xandão. Portanto, a Internet realmente faz muito mal e causa muito mal-estar, mas, a ditadores togados como Xandão, Barroso, bem como a marionete, ao fantoche do Xandão, Luladrão. É isso... Boa noite

  • 11
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    kaio 22/04/2024

    Já ta na hora desse senhor se recolher a sua insignificância

  • 12
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    Geraldo Mello 22/04/2024

    O latido desses dois vira-latas fede muito...

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Winz

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