Privatizar tudo!

Para alguns, as estatais são responsáveis por tudo de ruim e por toda a desgraça que aflige o Brasil

Valdemir Caldas
Publicada em 04 de março de 2021 às 19:12
Privatizar tudo!

Se dependesse do ministro da Economia, Paulo Guedes, o Brasil entregaria as empresas estatais nas mãos da inciativa privada. Para ele, essa seria uma alternativa viável para tirar o país da crise em que se acha, mas o presidente Jair Bolsonaro já deixou claro que a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal são intocáveis. Para alguns, as estatais são responsáveis por tudo de ruim e por toda a desgraça que aflige o Brasil.

Trata-se de um assunto da maior relevância e que, por isso mesmo, não pode ser debatido de forma emocional, mas examinado racionalmente, amparado com dados e exemplos concretos. Convém debruçar-se sobre o tema com responsabilidade e transparência, para, só então, saber o precisa e o que não precisa ser privatizado. O que não deve ser privatizado é aquilo que dá lucro e tem ótima qualidade. Apesar de a Petrobras ter sido usada para bancar o maior esquema de propina e corrupção mundial, não se tem dúvida de que a empresa tem know-how no mercado mundial, o que evidencia a competência do Estado para gerir uma companhia desse porte.

Mas há os penduricalhos dos quais o governo precisa urgentemente livrar-se, como os Correios, e tantos outros que, além de não serem estratégicos, já se revelaram deficitários e problemáticos. Existem, ainda, os ralos por onde escorem o dinheiro do contribuinte, alimentam o empreguismo, e desviam recursos que poderiam ser usados em áreas essenciais, como saúde e educação.

Em 1997, quando o governo FHC começou o processo de privatização do setor de telecomunicações muitos foram radicalmente contra ideia. Naquela época, ter uma linha telefônica era sinal de status. Pelo plano de expansão, uma linha custava ao cidadão quase mil e duzentos reais. Difícil era conseguir. Em alguns centros urbanos, era negociada no mercado entre sete e nove mil reais. Poucas pessoas tinham uma linha residencial. Hoje, são milhões delas espalhadas pelos quatro cantos do Brasil. O telefone fixo está acessível a praticamente toda a população.  O custo de uma habilitação é uma merreca. Agora imagine se o setor das telecomunicações tivesse continuado nas mãos do governo.

Diante de tudo que já se viu, será que o interesse coletivo não seria mais bem atendido se o governo passasse a cuidar daquilo que realmente é de sua competência, como saúde, educação, segurança, e deixasse o resto com a iniciativa privada?

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