Professores da escola Militar Tiradentes são devolvidos por manifestarem interesse em participar de assembleia do Sintero

Para o Sintero, essa atitude não condiz com o Estado Democrático de Direito e deve ser revista

SINTERO
Publicada em 21 de fevereiro de 2020 às 09:08
Professores da escola Militar Tiradentes são devolvidos por manifestarem interesse em participar de assembleia do Sintero

A Direção do Sintero recebeu denúncias de professores que foram devolvidos à CRE (Coordenadoria Regional de Educação) por manifestar interesse em participar da assembleia estadual no Sintero, que aconteceu nesta quinta-feira (20/02), em Porto Velho. Para o Sintero, essa atitude não condiz com o Estado Democrático de Direito e deve ser revista.  

De acordo com os servidores, inicialmente foi feita uma avaliação ao corpo docente da escola para elencar aqueles que estavam interessados em participar da assembleia do Sintero, visto que seriam tratados temas de interesse da categoria, como a luta pelo Fundeb permanente e do Piso do Magistério. No total, 10 professores manifestaram interesse e buscaram a Direção da escola para comunicar a ausência da sala de aula, a partir das 09:00, quando começaria a assembleia. Os professores também avisaram com antecedência a necessidade de comunicar os pais previamente.  

No entanto, ao tomar conhecimento da ação dos professores, o Diretor Pedagógico do Colégio Tiradentes, professor Lourismar, levou a situação ao Diretor Geral, Capitão Pires, que imediatamente reuniu os servidores para informar que não estava de acordo com a decisão e que caso participassem da assembleia seriam devolvidos à Seduc. O capitão argumentou ainda que os servidores lotados em escolas militares não podem participar de paralisações, pois seguem regime diferente de outras escolas e que os mesmos devem se submeter à rotina, às normas e à decisão do oficial, por se tratar da maior autoridade hierárquica  da escola.

Os servidores se sentiram coagidos, constrangidos e caracterizam a ação como assédio moral por parte do Diretor Geral, uma vez que, mesmo estando lotados em escola Militar, não fazem parte da organização e foram contratados como servidores civis.

A Direção do Sintero foi ao colégio Tiradentes juntamente com a assessoria jurídica para averiguar se o fato procedia. Na oportunidade, o sindicato argumentou que a Constituição Federal ampara a participação dos servidores em assembleias, conforme Art.9º.  Além disso, a Direção explicou que não trata-se de uma paralisação e sim de uma assembleia, por isso, os professores podem optar por aplicar 50% da carga horária do dia e repor o restante da carga horária como sempre foi feito.

A Direção do Sintero também destacou que o quadro de professores da escola é composto por servidores da Seduc e, por isso, são regidos pela Lei 680/2012 e a Lei 68/1992, seguindo as mesmas normas das demais escolas. Destacou ainda que há 31 anos  o Sintero reúne os seus filiados para propor e aprovar estratégias de luta em defesa de melhores remunerações e condições de trabalho, através de assembleias, e nunca houve relatos de comportamento como este em escolas militares. Também destacou que os professores sempre cumpriram com suas obrigações quanto à reposição de aulas. Desta forma, os alunos são seriam prejudicados.

Durante seu pronunciamento, o Capitão Pires classificou a atitude como “vitimismo” por parte dos professores. Reafirmou que o colégio Militar não se submete a paralisações e a qualquer tipo de atividade nesse sentido. Disse que os servidores apenas o informaram sobre essa decisão, não respeitando a hierarquia da organização. O capitão disse ainda que considerou o comportamento dos servidores desrespeitoso e rebelde, e que este o colocou em uma situação de saia justa diante do sindicato. Mencionou que a situação não passou de um mal entendido, visto que os servidores não o informaram que seria apenas uma assembleia e nem a possibilidade cumprir 50% da carga horária.

A Direção do Sintero reiterou que não incentiva os servidores a não cumprir a carga horária estabelecida e apenas buscou o compromisso de que o direito do servidor de participar de assembleias tem que ser respeitado.

No entanto, logo após reunião com o Sintero, foi encaminhado ao Secretário de Estado da Educação, Suamy Vivecananda Lacerda de Abreu, um ofício com a devolução de todos os servidores que haviam se manifestado anteriormente. No documento, foi justificado que os servidores não possuem perfil profissional condizente com os valores, éticas e a legalidade profissional exigido pelos ditames das unidades do CTPM. O Sintero questiona a justificativa usada, uma vez que há professores com mais de 20 anos de atuação na escola que foram devolvidos e, até então, tinham o perfil ideal.

 O Sintero teve acesso a áudios da reunião entre o Diretor Geral e os servidores, nos quais os professores explicam que a atividade não configura como paralisação e , sim, como uma assembleia. Os servidores argumentam ainda que iriam sugerir uma alternativa de cumprimento da carga horária, mas que o Diretor Geral nem sequer deu a oportunidade ao diálogo, contrariando a versão relatada pelo Capitão Pires.

O Sintero repudia a atitude da escola Militar por se tratar de uma ação ditatorial, arcaica e opressora, em que motivada por uma ação política, fere o direito constitucional dos profissionais. O Sintero repudia as declarações do Capitão Pires ao classificar como rebeldia ações sindicais democráticas amparadas pela legislação e praticadas há 31 anos pela entidade com profissionalismo e responsabilidade. Em todas as suas manifestações, o Sintero nunca motivou que os filiados faltassem com as obrigações estabelecidas. Por isso, não compactua com tais declarações a atos realizados. O Sintero ressalta que continuará lutando para que a democracia seja praticada em todos os espaços, principalmente nas escolas do Estado.

Comentários

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    FIRMINO ALMEIDA 25/02/2020

    então, que os professores da escola TIRADENTES sejam todos PMS, CABOS, TENENTES, CORONEIS, os professores a disposição do colégio foram OBRIGADOS ou firam ao bel prazer????

  • 2
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    FIRMINO ALMEIDA 25/02/2020

    então, que os professores da escola TIRADENTES sejam todos PMS, CABOS, TENENTES, CORONEIS, os professores a disposição do colégio foram OBRIGADOS ou firam ao bel prazer????

  • 3
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    Elpidio 23/02/2020

    Nossa educação estar muito a desejar principalmente na rede pública.   Acho eu, que precisamos cumprir as normas tanto os alunos quanto os professores.  Veja as faculdades federais. Uma verdadeira aberrarão da natureza em disciplina, organização, ética, etc etc.  

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    Marluce 21/02/2020

    Acabou a mamata povinho. Marquem as suas "reunioes" em horários diferente dos horários de trabalho, assim como acontece com funcionários do setor privado. Ou vc já viu comércio ou indústria fechar as portas, parar produção ou Dispensar clientes para reuniãozinha de sindicato? E também vocês são funcionários da SECRETARIA DE EDUACAÇÃO E NÃO da escola em questão. Portanto se não se adaptam as novas regras, devem sim ser remanejados. Eu não vi ataque a liberdade da democracia, apenas não é pra ser feito em expediente de trabalho. Simples assim.

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    Charles Silveira 21/02/2020

    Tantas escolas sem professores e um babaca devolvendo professores por esses não serem alienados. Governador e secretário de educação exigimos uma resposta sobre o assunto, do mas FORA PIRES DITADORZINHO SEM NOÇÃO.

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    Professor 21/02/2020

    Chega a ser hilário a atitude do capitão pensando que já está em plena ditadura, isso é o que o Bostonaro deixa passar ,mas o STF sempre pronto para barrá-lo . Essa de escola "MILITAR" não dá certo, misturar democracia com ditadura nas escolas. Bastava o GOVERNO devolver parte dos direitos dos professores que lhes foram tirados nas salas de aulas. E devolver direitos das escolas, devolvendo para alunos direitos e deveres para os alunos. E fazer a escola mais atraente, para alunos, porque querem que professores entrem no século XXI sem aparelhar a escola para isso. Vão se catar.

  • 7
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    Roger 21/02/2020

    O lugar de PM é nas ruas, pois se prestaram concurso para segurança Pública estão em lugar errado, e essa atitude DITATORIAL do PM deve ser investigada, pois o ambiente mais pleno em que se desenvolve a DEMOCRACIA é na ESCOLA, tenho certeza que essa atitude desse PM é isolada, e que talvez de repente achou estava falando com seus subordinados PRAÇAS, se alguém poder, avisa a ELE (Capitão), que somos servidores CIVIS e concursados, e temos o DIREITO garantido em LEI de participar de ASSEMBLEIAS, greves.

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    Carlson 21/02/2020

    Então é melhor devolver esse Professor Lourismar ele não manda nada. Após a leitura da reportagem é facil compriender que ele de nada serve no estabelecimento de ensino é o tal Pires quem manda. Acho que sobraram ovos nesta tombada bestial de decisão por parte dos gestores da unidade escolar.

  • 9
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    Telma Rodrigues 21/02/2020

    Para o Capitão diretor da escola militar, os professores não precisam ter grandes conhecimentos. Basta saber bater continência!

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Winz

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