Professores fascistas e corruptos

Agora com o advento das eleições, são declarados profissionais sem nenhuma confiança, pois são acusados de apoiar fascistas e corruptos.

Professor Nazareno*
Publicada em 15 de outubro de 2018 às 11:12
Professores fascistas e corruptos

O dia 15 de outubro é dedicado aos professores. Com todo o respeito a outras profissões, o mestre é um dos mais importantes profissionais de uma nação. No Japão o imperador lhe presta reverências. Nos países da Europa civilizada é aclamado por onde passa. Sem ele, a sociedade para no tempo e o conhecimento transmitido tem mais dificuldades para chegar ao seu destino final: o aluno. O Brasil infelizmente nunca valorizou os seus professores. Diferente de nações ricas e desenvolvidas como os Estados Unidos, Finlândia, Japão, Coreia do Sul e Alemanha. Aqui, este profissional apanha dos alunos, é humilhado, geralmente tem um salário de fome e infelizmente não é imitado por quase ninguém. Agora com o advento das eleições, são declarados profissionais sem nenhuma confiança, pois são acusados de apoiar fascistas e corruptos.

Mesmo sendo cidadãos em pleno gozo de seus direitos políticos, os profissionais da educação praticamente são proibidos de se manifestarem publicamente, pois essa postura poderia influenciar alguns alunos. Diferentes, portanto, de outros profissionais que adoram se exibir nas redes sociais mostrando suas preferências política e religiosa. Se eles apoiam um determinado candidato, são acusados de semear o Fascismo e o Nazismo em sala de aula. Se apoiarem o outro, são corruptos e adoram semear a destruição da família. Se forem ateus ou agnósticos, são censurados por muitos pais, pois são um péssimo exemplo para os seus filhos. Professor homossexual geralmente sofre perseguições homofóbicas e fica quase proibido de ministrar seu ofício tendo em vista a sua orientação sexual. Para evitar confrontos, sempre nega suas preferências.

É muito triste saber que há professores que não dominam bem o seu ofício. Dão aulas de gramática normativa, mas escrevem textos repletos de erros grosseiros. Há vários professores de História, por exemplo, que seguem abertamente determinadas religiões e “sacaneiam” o aluno quando sabem que o mesmo é ateu. Professores de Geografia que desconhecem coisas simples da sua área. Isso sem falar em alguns mestres de Biologia que negam o Evolucionismo. Não citamos aqui os de Física, que muitas vezes não dominam sequer a Matemática básica para ensinar as suas teorias. Neste fatídico dia, muitos alunos lhe tecem loas e lhe presenteiam animadamente na esperança de uma aprovação mais fácil via Conselho de Classe no final do ano. Depois, usam todas as redes sociais para achincalhar o antigo mestre sem nenhuma cerimônia.

Pobre profissional geralmente sem reconhecimento social e sem remuneração adequada. Não há um político em campanha que não lhe dedique falsos elogios nesta data. A grande verdade é que, de um modo geral, o professor sempre se fez de vítima. Em sala de aula ele é o maioral, quase ninguém lhe interrompe, molda como quiser as futuras gerações. E por que não o fazemos? E por que não revolucionamos as inúmeras cabecinhas que estão à nossa disposição? Será que somos mesmo uma farsa?  Muitos de nós não lemos um único livro há muito tempo. Não nos expressarmos em outra língua que não seja o nosso velho e surrado dialeto do Português. “Fazemos parte da mudança que queremos, mas sozinho não vamos mudar nada, nunca”. Ser professor não é uma escolha simplesmente. É vocação. Esquecemo-nos de dizer aos nossos alunos que não nos importamos mais com democracia, direitos humanos e política? Parabéns para nós!

 

 *É Professor em Porto Velho.

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