Sete vezes em que o Carrefour atuou com descaso e violência

Saiba de outras seis situações em que o Carrefour atuou com descaso e violência

Brasil 247
Publicada em 20 de novembro de 2020 às 10:45
Sete vezes em que o Carrefour atuou com descaso e violência

O espancamento até a morte de  João Alberto Silveira Freitas, negro, na noite desta quinta-feira (19) por dois seguranças do Carrefour no norte de Porto Alegre chocou o Brasil (leia aqui e veja os vídeos). Mas esta, entretanto, não é a primeira vez que um caso como esses ocorre dentro do Carrefour e causa indignação.

Saiba de outras seis situações em que o Carrefour atuou com descaso e violência:

Guarda-sóis e caixas para esconder o corpo de um morto

Um promotor de vendas do Carrefour morreu enquanto trabalhava em uma unidade do grupo, em Recife, no dia 14 de agosto. O corpo de Moisés Santos, de 53 anos, foi coberto com guarda-sóis e cercado por caixas, para que a loja seguisse em funcionamento e permaneceu no local entre 8h e 12h, até ser retirado pelo Instituto Médico Legal (IML).

Em nota, o Carrefour afirma que pediu desculpas “em relação à forma inadequada que tratou o triste e inesperado falecimento do Sr. Moisés Santos, vítima de um ataque cardíaco, na loja de Recife (PE)"

Caso Januário Alves de Santana

Em 2009, seguranças da rede de hipermercados agrediram o vigia e técnico em eletrônica Januário Alves de Santana, de 39 anos, no estacionamento de uma unidade em Osasco. Ele teria sido confundido com um ladrão e foi acusado de roubar o próprio carro, um EcoSport. 

Após o caso, manifestantes protestaram no estacionamento da unidade, onde estenderam uma faixa de 30 metros com a frase: “Onde estão os negros?”. Carros também exibiram protetores de para-brisa com a frase “Carrefour racista”. 

Demissão como retaliação

Em dezembro de 2017, trabalhadores do Carrefour que reivindicaram benefício de remuneração por trabalho em feriados foram demitidos da empresa, com a justificativa de corte de gastos. Os funcionários, no entanto, garantiram que os nomes que receberam a demissão estavam envolvidos em movimentos grevistas. 

“Na verdade a empresa nunca teve cortes às vésperas do Natal e Ano Novo. Em 12 anos de casa, nunca vi isso acontecer. Como sempre bati minhas metas, portanto, gerava lucros, fica explícito o motivo de retaliação a fim de desestabilizar o movimento, sim”, contou um ex-funcionário ao The Intercept, na época.

Os funcionários que trabalharam durante os feriados de novembro de 2017 receberam apenas R$30 por dia trabalhado, menos da metade do que recebiam antes. Um empregado que recebe R$1.290 por mês, ou R$43 por dia, deveria receber R$86 por feriado, já que a diária era dobrada nesses dias.

Cachorro envenenado e espancado

Em dezembro de 2018, um cão que estava no estacionamento de uma das lojas da empresa, em Osasco, morreu após ser envenenado e espancado por um funcionário.

"Um segurança do Carrefour que matou o cachorro. Ia ter uma visita de supervisores da matriz e o dono do mercado, da filial de Osasco, pediu para o funcionário dar um fim no cachorro. Ele deu chumbinho no meio de mortadela, e agrediu o cachorro", afirmou ao G1 Rafael Leal, da ONG Cão Leal, na ocasião.

A rede de hipermercados também não socorreu o animal. "O cachorro foi resgatado com vida todo ensanguentado por uma pessoa que estava perto e socorreu. Ele foi levado para uma clínica veterinária particular, mas morreu em atendimento."

Mais um caso de racismo

Em outubro de 2018, funcionários da empresa, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, agrediram Luís Carlos Gomes, porque ele abriu uma lata de cerveja dentro da loja. Surpreendido pelos trabalhadores, o cliente reiterou que pagaria pelo item.

Mesmo assim, ele foi perseguido pelo gerente da unidade e por um segurança e depois encurralado em um banheiro, onde recebeu um mata-leão.

Gomes, que é deficiente físico, teve múltiplas fraturas e, como sequela de uma cirurgia, ficou com uma perna mais curta que a outra. Ele acusou o supermercado de racismo e discriminação e pediu uma indenização de R$ 200 mil.

Na época, o Carrefour disse, em nota, que "a rede repudia veementemente qualquer tipo de violência e reforça que, constantemente, realiza treinamentos e reorienta suas equipes, a partir da prática do respeito que exige dos seus colaboradores e prestadores de serviço”. 

Controle de idas ao banheiro

Em maio de 2019, a Justiça do Trabalho de São Paulo concedeu liminar pedida pelo Sindicato dos Comerciários de Osasco e Região contra o Carrefour, que estaria controlando a ida dos empregados ao banheiro. 

A juíza Ivana Meller Santana, da 5ª Vara do Trabalho de Osasco, identificou condições consideradas degradantes para os empregados.

De acordo com o Sindicato dos Comerciários, nas sedes de sete cidades (Barueri, Carapicuíba, Embu, Itapevi, Jandira, Osasco e Taboão da Serra), operadores de atendimento e de telemarketing são obrigados a utilizar "filas eletrônicas" para o uso do banheiro.

Além disso, devem manifestar necessidade do uso, registrando o nome no sistema eletrônico de fila e avisar ao supervisor em caso de urgência.

"Este tempo de espera pode acarretar prejuízos à saúde do trabalhador. Isto sem relatar o constrangimento de precisar explicar ao monitor/supervisor as suas necessidades fisiológicas, eventuais problemas intestinais ou estomacais, os relativos ao ciclo feminino", disse a juíza na decisão.

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