Só há uma saída para Eduardo

“O amigo de Trump entrou num brete do qual só conseguirá sair se tirar Tarcísio do jogo”, escreve Moisés Mendes

Fonte: Moisés Mendes - Publicada em 02 de junho de 2025 às 18:16

Só há uma saída para Eduardo

O jornalismo da grande imprensa é, em especial o colunismo, o melhor guri de recados da extrema direita. O último recado é esse e anda de mão em mão, com cada emissário dando a sua versão: Eduardo não admite que Tarcísio ou Michelle sejam candidatos em 2026.

O único ungido a levar adiante a pregação do pai é ele, o filho que tenta reorganizar o fascismo brasileiro a partir das articulações com seus amigos americanos. 

Eduardo apostou tudo o que imagina ter de poder político nessa estratégia, para salvar o pai e se habilitar a ser o único candidato da direita a presidente, porque não haveria outra saída. O filho foi para o tudo ou nada e quer ser recompensado pelo que faz.

As outras alternativas, se ele não conseguir tirar Michelle e Tarcísio do jogo, seriam uma candidatura ao Senado, como consolação, ou a manutenção do mandato na Câmara, que poderia transformá-lo, por inexpressão, em coadjuvante de Nikolas Ferreira. 

Nas duas alternativas, se tentar voltar dos Estados Unidos, com o pai já preso ou quase encarcerado, poderá ter o mesmo destino, dependendo da evolução das denúncias, de novos fatos contra ele e do cenário político, incluindo as pesquisas. 

Eduardo só tem garantia de sobrevivência se for o candidato a presidente, porque o sistema todo (e não só o de Justiça) não teria força para tirá-lo do jogo como nome da direita. Tirou Lula via lavajatismo, mas vacilaria para tirar o candidato anti-Lula. 

Tarcísio, submetido à obediência devida, buscaria uma recondução tranquila ao governo do Estado, oferecendo lastro a Eduardo, e Michelle seria eleita senadora por Brasília com uma mão nas costas. 

Fora desse cenário, todo o resto imaginável é complicado para Eduardo, considerando-se ainda que Ratinho, Zema, Caiado, Leite e até Ciro Gomes participariam da disputa como pangarés. Nenhum outro garante proteção a Eduardo.

Mas como tirar Tarcísio do jogo? É só Bolsonaro mandar avisar, como já anda ensaiando, que o extremista moderado não o representa. Sem o aval do líder e da base raiz do bolsonarismo, Tarcísio não existe e nem quer existir.

A outra hipótese, de Tarcísio conseguir a bênção de Bolsonaro, virar candidato e se eleger, é a porta do inferno. Para o próprio Tarcísio. Que não conseguiria governar sem o controle direto do ex-chefe, mesmo que remoto e de dentro da cadeia, e do entorno representado pela família e pela base no Congresso.

Ah, dirão, mas aí Bolsonaro não será mais nada. Mas o fascismo não precisa de Bolsonaro livre e solto para ser bolsonarista. Tarcísio sabe. O fascismo pode seguir em frente sem Bolsonaro, mas não sem a alma de Bolsonaro. 

Parece complicado, mas é fácil. A extrema direita que engoliu a velha direita, principalmente em São Paulo, continuará bolsonarista, pelo que tem de lastro orgânico e de poder nas cidades, no Congresso, nas igrejas e no cangaço analógico e digital. E por muito tempo.

Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

970 artigos

Só há uma saída para Eduardo

“O amigo de Trump entrou num brete do qual só conseguirá sair se tirar Tarcísio do jogo”, escreve Moisés Mendes

Moisés Mendes
Publicada em 02 de junho de 2025 às 18:16
Só há uma saída para Eduardo

O jornalismo da grande imprensa é, em especial o colunismo, o melhor guri de recados da extrema direita. O último recado é esse e anda de mão em mão, com cada emissário dando a sua versão: Eduardo não admite que Tarcísio ou Michelle sejam candidatos em 2026.

O único ungido a levar adiante a pregação do pai é ele, o filho que tenta reorganizar o fascismo brasileiro a partir das articulações com seus amigos americanos. 

Eduardo apostou tudo o que imagina ter de poder político nessa estratégia, para salvar o pai e se habilitar a ser o único candidato da direita a presidente, porque não haveria outra saída. O filho foi para o tudo ou nada e quer ser recompensado pelo que faz.

As outras alternativas, se ele não conseguir tirar Michelle e Tarcísio do jogo, seriam uma candidatura ao Senado, como consolação, ou a manutenção do mandato na Câmara, que poderia transformá-lo, por inexpressão, em coadjuvante de Nikolas Ferreira. 

Nas duas alternativas, se tentar voltar dos Estados Unidos, com o pai já preso ou quase encarcerado, poderá ter o mesmo destino, dependendo da evolução das denúncias, de novos fatos contra ele e do cenário político, incluindo as pesquisas. 

Eduardo só tem garantia de sobrevivência se for o candidato a presidente, porque o sistema todo (e não só o de Justiça) não teria força para tirá-lo do jogo como nome da direita. Tirou Lula via lavajatismo, mas vacilaria para tirar o candidato anti-Lula. 

Tarcísio, submetido à obediência devida, buscaria uma recondução tranquila ao governo do Estado, oferecendo lastro a Eduardo, e Michelle seria eleita senadora por Brasília com uma mão nas costas. 

Fora desse cenário, todo o resto imaginável é complicado para Eduardo, considerando-se ainda que Ratinho, Zema, Caiado, Leite e até Ciro Gomes participariam da disputa como pangarés. Nenhum outro garante proteção a Eduardo.

Mas como tirar Tarcísio do jogo? É só Bolsonaro mandar avisar, como já anda ensaiando, que o extremista moderado não o representa. Sem o aval do líder e da base raiz do bolsonarismo, Tarcísio não existe e nem quer existir.

A outra hipótese, de Tarcísio conseguir a bênção de Bolsonaro, virar candidato e se eleger, é a porta do inferno. Para o próprio Tarcísio. Que não conseguiria governar sem o controle direto do ex-chefe, mesmo que remoto e de dentro da cadeia, e do entorno representado pela família e pela base no Congresso.

Ah, dirão, mas aí Bolsonaro não será mais nada. Mas o fascismo não precisa de Bolsonaro livre e solto para ser bolsonarista. Tarcísio sabe. O fascismo pode seguir em frente sem Bolsonaro, mas não sem a alma de Bolsonaro. 

Parece complicado, mas é fácil. A extrema direita que engoliu a velha direita, principalmente em São Paulo, continuará bolsonarista, pelo que tem de lastro orgânico e de poder nas cidades, no Congresso, nas igrejas e no cangaço analógico e digital. E por muito tempo.

Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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