Terra dos apagões

Rondônia tem três grandes hidrelétricas, mas na sua capital Porto Velho a falta de energia tem sido uma constante ultimamente.

Professor Nazareno
Publicada em 30 de agosto de 2017 às 09:15

Rondônia tem três grandes hidrelétricas, mas na sua capital Porto Velho a falta de energia tem sido uma constante ultimamente. Em menos de 15 dias verificaram-se dois terríveis apagões trazendo, óbvio, alguns transtornos para moradores e para o comércio. Mas a caboclada já está se acostumando tranquilamente ao caos. Para uma capital de Estado que detém o nada invejável título de “antessala do inferno” ficar no escuro quente por alguns poucos minutos parece ser coisa normal. E como para muitos porto-velhenses “não falta energia durante o dia”, alguns só perceberam o primeiro apagão por que foi à noite. Energia é um bem de consumo supérfluo e quase dispensável nestas terras selvagens e inóspitas. Uma cidade que tem apenas dois ou três edifícios não precisa mesmo de energia para movimentar elevadores ou outras coisas mais úteis.

Ninguém sabe até agora a razão destes blackouts neste fim de mundo esquecido e abandonado. E talvez nunca saberá. O Operador Nacional do Sistema pode até saber o porquê, mas dificilmente dará explicações convincentes aos seus consumidores. Rondônia produz energia boa e barata e manda quase tudo para o sul do país. O nosso meio ambiente foi estuprado pelas duas grandes hidrelétricas no rio Madeira apenas para satisfazer a necessidade energética de Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e outras metrópoles mais civilizadas e desenvolvidas. Devem pensar que índios não precisam de geladeira para conservar seus poucos alimentos. Beber água gelada e dormir com ar condicionado ligado é um mimo inexplicável para quem nunca viu essas modernidades. Além do mais, em Rondônia não existem indústrias que justifiquem luz o dia todo.

A única ponte da cidade é também escura feito breu e com a recente vitória de Amazonino Mendes para governar o Amazonas pela décima vez, a estrada que ligaria Manaus a Porto Velho nunca mais sairá do papel. Portanto, a melhor coisa que se faria seria implodir aquela velharia imprestável e desnecessária. Eu não colocaria uma lâmpada sequer naquilo e como a cidade sempre fica às escuras, tudo combinaria. Aliás, existe cidade no mundo mais escura do que Porto Velho? Como gostar dessa “terra de apagões” se até os políticos daqui não são flagrados contando dinheiro sujo como os de Cuiabá? O Mato Grosso, sim, é uma terra abençoada. Lá eles precisam de claridade, já que não se conta dinheiro no escuro. Amar Porto Velho, terra onde político tira férias com apenas seis meses de trabalho, é uma das tarefas mais ingratas que se conhece.

Qual o empresário maluco que teria coragem de investir alguma coisa em Rondônia ou em sua distante e atrasada capital? Matéria prima quase não existe por aqui, mão de obra qualificada não há, mercado consumidor também não e agora nem energia elétrica confiável. Investir aqui só se for para montar uma fábrica de porongas, lamparinas ou velas. Pior: a apagada classe política local não dá um pio sobre o acontecido. Com a reputação mais escura do que os apagões, nenhum deles vai à mídia falar sobre o problema. Dormir no escuro batendo carapanã virará em breve um hobby nesta capital calorenta, abafada e infernal. Além de suja, mal administrada, fedorenta, podre e imunda, a capital mais chinfrim agora é escura. Brevemente estaremos andando de cipó como já previram, atividade essa que não depende da cara energia. Mais de 15 horas depois das trevas, a Eletrobras não sabia explicar o que tinha acontecido. Nem eu.

*É Professor em Porto Velho.

Comentários

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    Christian 30/08/2017

    Parabéns,  ótimo comentário professor.  Desculpe o bando de ignorantes que não admiram seu trabalho. Sou seu fã. Quando fui seu aluno aprendi muito sobre interpretação de texto e normas da língua portuguesa. Grande abraço e que Deus continue lhe dando sabedoria. Não se acovardar frente a ignorância de poucos. 

  • 2
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    kenedy 30/08/2017

    tá na hora de apagarmos de vez esses políticos do nosso estado através do voto. aliás seria bom deles junto com o prefeito irem não só para Paris, mas também à Bagdá e racca e ficarem pôr lá mesmos.

  • 3
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    Mário 30/08/2017

    Esse cara já passou, da hora de levar um pau.Um Paraíba que venho com um dedo na boca e outro no cu.Cara vai embora você e um lixo.

  • 4
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    Joao roberto 30/08/2017

    A verdade e que aqui moro e aqui vivo , mas a energia aqui produzida vai para o sudeste e o que precisa e ser refeito todas redes de energia no estado pois so assim teremos seguranca energetica e isto custa valores relevantes e ai e q mora a nao seguranca energetica pois kd o dinheiro foi para a ralo sumiu.

  • 5
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    Joao roberto 30/08/2017

    A verdade e que produzimos energia para o sudeste rico e aqui ainda usamos as mesmas redes do tempo da energia motor esta e a causa de tantas etantas interrupcoes no fornecimento de energia, entao e so a eletronorte,eletrobras, substituir as redes e colocar a rede padrao fifa como nos demais grandes centros , se resolve o problema.

  • 6
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    josé monteiro 30/08/2017

    se essa cidade te incomoda tanto, porque não vais embora? agradeça muito a paciência do nosso povo com você! caso contrário e não fora nossa benevolência, você já teria tido outra sorte. Cuidado...a paciência também tem limites. Aliás, uma sugestão: peça as contas do seu emprego, pois ele não deveria te servir, como Porto velho não te serve. Você é desprezível.

  • 7
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    edgard feitosa 30/08/2017

    O cerne da questão é essencialmente de política predatória entre o norte (subdesenvolvido) e o sul (desenvolvido). Lembrando, apenas de passagem, é a voracidade do capitalismo: explorar as potencialidades, quaisquer que sejam, dos países ou estados subdesenvolvidos em benefício dos países ou estados desenvolvidos. Ora, a região sul em termos hidro energéticos esgotou suas possibilidades, então é necessário explorar as potencialidades dos rios dos estados do norte (Madeira; Beni: Xingu,etc.). É necessário devastar a Amazônia; reserva florestal, que bobagem é esta diante do capitalismo??? Que tal vender toda a Amazônia naquele precinho de chinês 1,99??? Antes as esquerdas berravam contra a exploração capitalista dos estados unidos sobre os países da América Latina, mas silenciam quando o maior polo capitalista petista (São Paulo), explora e usufrui em benefício próprio os estados da região norte,eternizando, assim, o desequilíbrio econômico, político e social.

  • 8
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    Nelson 30/08/2017

    Esse camarado é um sambinha de uma nota só, disco furado que repete sempre a mesma cantilena irritante e deprimente demostrando apesar de professor ser detentor de pouca criatividade. Sinceramente meu caro, será que você não percebeu que cansou.

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