Caixa Rápido (Mas Depende)

Ainda bem que olhos humanos ainda não são capazes de transformar ódio em raio lazer

Fonte: José Danilo Rangel/Foto de Kampus Production / Pexels - Publicada em 13 de novembro de 2025 às 09:05

Caixa Rápido (Mas Depende)

 

Caixa rápido é uma grande ideia. A gente precisa dar uma passada rápida no supermercado, comprar dois ou três itens e não precisa esperar na mesma fila da pessoa que tá com o carrinho transbordando, graças ao caixa rápido, mas depende!

Vai dar 19h, vulgo sete da noite. A hora que saio pra buscar a Vanessa. Boto uma bermuda, a velha de guerra, uma camisa não muito nova, o sapato de pilotar (um que, envelhecendo, perdeu o posto de sapato de sair e agora, uso exclusivamente pra pilotar). Aviso dona Luzinete: mãe, tô indo buscar a Vanessa. Traz pão, ela pede.

É impressionante, sempre tem algo pra trazer. A gente pode fazer as compras pela manhã, à tarde, se for sair, a mãe já pensa em algo pra trazer. Quando não é pão, é leite. Quando não é leite, é a ração do Waldick, ou dos gatos, se não é isso, é aquilo, senão aquilo, é qualquer outra coisa…

Saio com duas missões: buscar a Vanessa e trazer pão. Não qualquer pão, é um pão específico encontrado apenas em um supermercado de Porto Velho. É outra das coisas que me impressionam: a mãe jamais quer algo perto, é sempre longe. E se ela pede dois itens, nunca são encontrados no mesmo supermercado.

Pego a Vanessa. Oi, amor. Oi… vamos passar no mercado. Pra comprar o quê? Pão. Vanessa tá cansada, eu sei, mas explico que vai ser rápido, a gente entra, pega o pão, paga e sai. Acertei na primeira parte do plano, a gente entrou e pegou o pão. Na segunda parte, não foi tão simples.

Quando chegamos ao caixa rápido, apesar da placa imensa dizendo MÁXIMO 15 VOLUMES, e do corredor estreito que limita o acesso de carrinhos àquele pedaço do supermercado, uma adepta do jeitinho brasileiro tava lá. Ela e o seu carrinho com nada menos que as compras do mês, ocupando o único caixa rápido aberto. (Pra quê que botam seis se só um funciona?)

Ainda bem que olhos humanos ainda não são capazes de transformar ódio em raio lazer. Apesar da raiva, confiamos que a mulher do caixa, vulgo atendente, ia avisar: por favor, senhora, dirija-se aos caixas comuns. A gente confiou porque já aconteceu de contarem nossos itens. E aconteceu mais de uma vez.

São amigas, a Vanessa disse. Olha, lá! E pareciam ser mesmo. Tudo explicado, nada resolvido. Cansados demais pra um escândalo, estressados demais para reclamar com civilidade e educação, optamos por aguardar. Não sem dizer coisas em voz alta. Indiretas bem diretas que não repetirei aqui.

 

Caixa Rápido (Mas Depende)

Ainda bem que olhos humanos ainda não são capazes de transformar ódio em raio lazer

José Danilo Rangel/Foto de Kampus Production / Pexels
Publicada em 13 de novembro de 2025 às 09:05
Caixa Rápido (Mas Depende)

 

Caixa rápido é uma grande ideia. A gente precisa dar uma passada rápida no supermercado, comprar dois ou três itens e não precisa esperar na mesma fila da pessoa que tá com o carrinho transbordando, graças ao caixa rápido, mas depende!

Vai dar 19h, vulgo sete da noite. A hora que saio pra buscar a Vanessa. Boto uma bermuda, a velha de guerra, uma camisa não muito nova, o sapato de pilotar (um que, envelhecendo, perdeu o posto de sapato de sair e agora, uso exclusivamente pra pilotar). Aviso dona Luzinete: mãe, tô indo buscar a Vanessa. Traz pão, ela pede.

É impressionante, sempre tem algo pra trazer. A gente pode fazer as compras pela manhã, à tarde, se for sair, a mãe já pensa em algo pra trazer. Quando não é pão, é leite. Quando não é leite, é a ração do Waldick, ou dos gatos, se não é isso, é aquilo, senão aquilo, é qualquer outra coisa…

Saio com duas missões: buscar a Vanessa e trazer pão. Não qualquer pão, é um pão específico encontrado apenas em um supermercado de Porto Velho. É outra das coisas que me impressionam: a mãe jamais quer algo perto, é sempre longe. E se ela pede dois itens, nunca são encontrados no mesmo supermercado.

Pego a Vanessa. Oi, amor. Oi… vamos passar no mercado. Pra comprar o quê? Pão. Vanessa tá cansada, eu sei, mas explico que vai ser rápido, a gente entra, pega o pão, paga e sai. Acertei na primeira parte do plano, a gente entrou e pegou o pão. Na segunda parte, não foi tão simples.

Quando chegamos ao caixa rápido, apesar da placa imensa dizendo MÁXIMO 15 VOLUMES, e do corredor estreito que limita o acesso de carrinhos àquele pedaço do supermercado, uma adepta do jeitinho brasileiro tava lá. Ela e o seu carrinho com nada menos que as compras do mês, ocupando o único caixa rápido aberto. (Pra quê que botam seis se só um funciona?)

Ainda bem que olhos humanos ainda não são capazes de transformar ódio em raio lazer. Apesar da raiva, confiamos que a mulher do caixa, vulgo atendente, ia avisar: por favor, senhora, dirija-se aos caixas comuns. A gente confiou porque já aconteceu de contarem nossos itens. E aconteceu mais de uma vez.

São amigas, a Vanessa disse. Olha, lá! E pareciam ser mesmo. Tudo explicado, nada resolvido. Cansados demais pra um escândalo, estressados demais para reclamar com civilidade e educação, optamos por aguardar. Não sem dizer coisas em voz alta. Indiretas bem diretas que não repetirei aqui.

 

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