Câncer: uma condição a ser vivida, não derrotada

O câncer não é uma batalha, não há vencedores ou perdedores, mas sim pacientes e profissionais de saúde trabalhando, juntos, pelo melhor prognóstico possível

Assessoria/Foto: GETTY IMAGES
Publicada em 16 de agosto de 2022 às 14:30
Câncer: uma condição a ser vivida, não derrotada

O câncer não é uma guerra, e a morte em decorrência da doença não é resultado de uma derrota, pois não há luta insuficiente ou falha pessoal, mas sim uma limitação dos tratamentos possíveis diante do tipo de tumor, estágio e condição de saúde de cada um.

Utilizar a metáfora da ‘luta contra o câncer’ ou outras doenças graves pode trazer um problema a mais ao paciente, um sentimento de responsabilidade por algo que não está a seu alcance.

Vencer o câncer, portanto, não está relacionado à cura da doença, mas sim à forma como se vive o diagnóstico e o tratamento, independentemente de seu desfecho.

De acordo com o Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião oncológico especializado em doenças do peritônio e coordenador do centro de carcinomatose peritoneal dos hospitais BP e BP Mirante, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, antigamente não havia qualquer expectativa de cura para o paciente com diversos tipos de câncer, como a carcinomatose peritoneal, que levava à morte em decorrência de complicações, como a obstrução intestinal.

“Com o advento da cirurgia denominada peritoniectomia (cirurgia citorredutora ) e a técnica de quimioterapia quente no abdome no intraoperatório, chamada quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC), alguns pacientes chegam à cura da carcinomatose”, afirma.

Da mesma forma, diversos outros tipos de câncer hoje apresentam taxas de curas cada vez maiores, bem como melhor qualidade de vida e maiores sobrevidas a seus pacientes.

O tratamento oncológico

O tratamento oncológico, independentemente do tipo de tumor, possui diversos caminhos a ser percorridos, que precisam ser bem avaliados pelos médicos e demais profissionais que acompanham o paciente.

No caso da carcinomatose peritoneal, por exemplo, o tratamento cirúrgico é extremamente agressivo e de alta complexidade, comparável a transplantes de órgãos. O procedimento busca retirar toda a doença, o que pode levar muitas horas.

Mas nem todo paciente será encaminhado para a cirurgia. São diversos os fatores que serão avaliados e apresentados ao paciente e a sua família, que juntos decidirão os próximos passos.

“Em muitos casos, a cirurgia é contraindicada, pois os riscos são maiores que os possíveis benefícios. Quanto mais experiente o profissional, melhor será sua capacidade de avaliar todas as possibilidades e apresentá-las ao paciente”, explica Dr. Arnaldo. 

Carcinomatose peritoneal

A carcinomatose peritoneal é a disseminação de um câncer pela cavidade abdominal. A doença sai de seu órgão de origem e se espalha pelo peritônio, membrana de revestimento interno do abdome.

A carcinomatose pode se originar em órgãos como ovário, apêndice, intestino grosso (colón), reto, pâncreas, estômago, mama ou primariamente do peritônio.   

“Esta cirurgia só deve ser realizada em centros com experiência neste procedimento”, alerta o Dr. Arnaldo.

Por este motivo, só é realizada em hospitais referenciados, com uma equipe multidisciplinar especialmente treinada para estas situações. Além de UTI e centro cirúrgico devidamente equipados, são necessários, na equipe, cirurgiões, cardiologistas, clínicos, instrumentadores, anestesiologistas, fisioterapeutas e fonoaudiólogos preparados e habilitados para cuidar destes pacientes.

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