Com experiência em panificação e produção de flores de papel, ex-dependente químico aguarda chance no mercado de trabalho

Jônatas livrou-se da dependência química e visita o Crepad diariamente em Porto Velho.

Texto: Montezuma Cruz/Fotos: Rânderson Santos
Publicada em 09 de maio de 2017 às 14:04
Com experiência em panificação e produção de flores de papel, ex-dependente químico aguarda chance no mercado de trabalho

A sociedade ainda não se convenceu da importância e, na maioria das vezes, se mantém desconfiada do êxito da reinserção social de ex-dependentes químicos. É o que constata a superintendente estadual de Política sobre Drogas, Isis Queiroz, afirmando que essa situação precisa mudar.

“Temos diversos exemplos de pessoas recuperadas, e nosso trabalho seria mais positivo se elas tivessem a chance de trabalhar”, disse a superintendente.

Exemplos de jovens e adultos recuperados são praticamente desconhecidos, conforme alerta Isis. A Sepoad quer torná-los visíveis, na expectativa de oferecer vagas no mercado de trabalho, em Porto Velho.

Jônatas Augusto Joaquim, 31 anos, tratou-se da dependência química há dois anos, no Refúgio Canaã [Km 13 da BR-364]. Antes, foi morador de rua, e nessa condição ouviu falar do Centro de Referência de Prevenção e Atenção à Dependência Química (Crepad).

“Eu estava na avenida Pinheiro Machado, em 2015, conversaram comigo e eu vim pra cá, onde estou muito bem até hoje”, relatou.

Numa pequena sala, Joaquim dedica-se à produção de flores de papel crepom, mas é também decorador de ambientes e de jardins, e conhece o ofício da panificação.

“Eu espero a oportunidade de conseguir um emprego, prosseguir o estudo e recuperar a dignidade”, reivindica.

Nascido em Espigão do Oeste, Joaquim não conheceu os pais biológicos. Aos 26 mudou-se para Porto Velho, e depois para Arraias (TO), onde concluiu o 2º grau no Colégio Joana Batista Cordeiro.

Filho adotivo de Cleusa dos Santos, 57, falecida há quatro anos, tem um irmão, Alessandro Augusto, 41, construtor na cidade tocantinense. Mas não teve mais notícias do pai de criação, que também estaria naquele estado, com aproximadamente 70 anos de idade.

Refeições no horário, terapia ocupacional, ambiente limpo nos alojamentos do Refúgio Canaã demoveram Joaquim da vida nas drogas. “Eu cozinhava e fazia pães. Aprendi desde menino com a família e, ali dentro, fui vencendo os momentos terríveis que passei”, contou.

“É possível sair do vício contando com a solidariedade das pessoas de instituições. Os lugares que procurei têm pessoas que acolheram tão bem, e me fortaleceram para o recomeço; eu renasci, sou grato e hoje sei que é possível o ser humano mudar”, revelou Joaquim.

Desde que frequentou o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Creaspop), no centro de Porto Velho, Joaquim participou de reuniões de grupos de adolescentes, adultos e de família. Sonha com o emprego, e no tocante ao estudo pretende cursar filosofia.

“Eu acredito que ele conseguirá trabalho porque é uma pessoa esforçada, constante nos deveres”, opina a gerente de Reinserção do Crepad, psicóloga Ludney Mendes.

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