CUSTO DE VIDA: a sobrevivência com a perda do poder aquisitivo

O problema é que os constantes aumentos nos preços dos bens e serviços não vêm sendo acompanhados por aumentos nos rendimentos das famílias

Otacílio Moreira de Carvalho
Publicada em 30 de novembro de 2022 às 15:15
CUSTO DE VIDA: a sobrevivência com a perda do poder aquisitivo

O custo de vida no Brasil tem aumentado muito nos últimos anos, trazendo sérias consequências e reproduzindo diversos fenômenos econômicos e sociais sobre as famílias brasileiras. A escalada de preços avançou muito na última década, sobretudo na crise econômica vivenciada pelo Brasil nos anos de 2015 e 2016 e, mais recentemente, no período da pandemia da COVID-19.

O problema é que os constantes aumentos nos preços dos bens e serviços não vêm sendo acompanhados por aumentos nos rendimentos das famílias. Enquanto os preços dos bens e serviços, entre 2020 e final de 2022 têm se expandindo em percentuais superiores a 21%, com aumentos que superam a casa dos 50%, a renda das famílias sequer alcança o percentual de 17% no mesmo período, trazendo como principais resultados perdas na qualidade de vida, endividamento, superendividamento, inadimplência e, em alguns casos, chegando até a afetar a segurança alimentar.
 
Quadro 1: Principais Indicadores de Preços e Relação com Rendimentos dos Trabalhadores no Brasil – 2020-2022
Índices/Variação de Preços

Variação

fev/2020 – out/2022

Rendimentos

Variação

2020 - 2022

IPCA/IBGE

25,23%

INPC/IBGE

21,51%

IGP-M/IBRE-FGV

52,39%

Salário mínimo

R$ 1.045,00 em 2020

INCC-IBRE-FGV

34,24%

R$ 1.212,00 em 2022

Cesta Básica Nacional

46,12%

Variação: 15,98%

Cesta Básica Porto Velho

42,68%

Renda Média do Trabalhador Brasileiro

R$ 2.340,00 4º tri/2019

Gasolina (Brasil)

8,39%

R$ 2.737,00 3º tri/2022

Óleo Diesel (Brasil)

78,74%

Variação: 16,96%

Gasolina (Rondônia)

7,50%

Óleo Diesel (Rondônia)

81,00%

Fonte: IBGE; IBRE-FGV; DIEESE; PET Economia UNIR; ANP; Ministério da Economia; PANAD Contínua do IBGE, 2020 e 2022.
 
Entre fevereiro de 2020 a outubro de 2022, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), teve um aumento de 25,23%. O IPCA mensura a inflação para a classe de consumidores que recebem entre um a quarenta salários mínimos. No mesmo período o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também mensurado pelo IBGE, sofreu um aumento de 21,51%. O INPC mensura a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos e é o indicador que serve de base para o ajuste do salário mínimo no país.

Por sua vez, o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), mensurado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), expandiu aproximadamente 52,39% entre fevereiro de 2020 a outubro de 2022. O IGP-M era o principal indicador utilizado como referência para corrigir preços de locação de imóveis até o ano de 2021, sendo substituído pelo Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR), também da FGV.

Trazendo dados para grupos de bens e serviços, destacamos dois importantes indicadores que impactam custos de moradia e de alimentação das famílias brasileiras: o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) e a Cesta Básica. O INCC é mensurado mensalmente pela FGV, possibilitando acompanhar a evolução dos preços dos materiais, serviços de locação de máquinas e de valores relativos à mão-de-obra na área de construção civil no país, sendo importante indicador para financiamento imobiliário no país. Entre fevereiro de 2020 e outubro de 2022 o INCC teve um aumento de 34,24%.

Em relação à cesta básica nacional, mensurada para 17 capitais do país pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), em fevereiro de 2020, o preço médio da cesta básica para as 17 capitais pesquisadas foi de R$ 450,99 e em outubro de 2022, a mesma cesta básica nacional, chegou ao valor médio de R$ 659,02, um aumento 46,12% no período.

Voltarei ao assunto!

• Otacílio Moreira de Carvalho é economista e professor da Unir

Winz

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Comentários

  • 1
    image
    edgard feitosa 01/12/2022

    o interessante é que a famosa "mão invisível do mercado", concomitante com seu DOGMA, a Lei da Oferta e da Procura, sempre encontra justificativas para o aumento de qualquer produto; porém, quando se trata de rendimentos, seja, salários, sempre há justificativas para não conceder reajustes (NÂO AUMENTOS); lembrando que enquanto os salários são reajustados pela inflação acumulada (e manipulada) normalmente do ano anterior, os PREÇOS SÃO ATUALIZADOS EM TEMPO REAL; por outro lado, indicadores econômicos em sua maioria não refletem a realidade econômica e social de um País; por exemplo, se somos a nona "potencia econômica", deveríamos ser a nona em distribuição de renda, porém................infelizmente isso nos lembra o famoso "milagre econômico" da ditadura militar, que foi assim resumida pelo general presidente Médici: "o BRASIL VAI BEM, MAS O POVO ESTÁ POBRE"......

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