Damares, a porta-voz de uma nova tentativa de golpe

Senadora bolsonarista ameaça instituições

Fonte: Oliveiros Marques - Publicada em 24 de julho de 2025 às 10:29

Damares, a porta-voz de uma nova tentativa de golpe

Damares Alves (Foto: Alan Santos/Câmara dos Deputados)

“Caros, conversei com o Fux mais uma vez hoje. Reservado, é claro: o min. Fux disse quase espontaneamente que Teori fez queda de braço com Moro e viu que se queimou, e que o tom da resposta do Moro depois foi ótimo. Disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me para ir à casa dele rs. Mas os sinais foram ótimos. Falei da importância de nos protegermos…”, teria escrito o representante do Ministério Público, Deltan Dallagnol, em um grupo de WhatsApp. “Excelente. In Fux we trust”, teria respondido o então juiz Sergio Moro.

Não me lembro de ter visto, naquela época, qualquer um dos personagens que hoje pedem o impeachment de ministros do STF levantar a voz. Pelo contrário: estavam todos na mesma arquibancada, aplaudindo o lawfare que corria solto a partir de Curitiba.

Assim como também não os vi — esses próceres do golpismo — erguerem a voz quando Lula, por determinação do próprio Supremo Tribunal Federal, foi impedido de tomar posse como ministro no governo Dilma; proibido de ir ao enterro do irmão; e silenciado, sem poder conceder entrevistas, por ordem do então ministro Luiz Fux.

Agora, a senadora Damares, em mais uma tentativa desesperada de livrar da condenação o líder de sua manada bolsonarista, declara que “a pauta do Senado será o impeachment do senhor ministro do Supremo Tribunal, Alexandre de Moraes”. É mais uma demonstração de coação sobre o curso de um processo judicial — como também o é a articulação de Eduardo Bolsonaro nos EUA, que resultou no tarifaço contra o Brasil.

A senadora bolsonarista segue tentando colocar as instituições brasileiras de joelhos para defender uma única família. Quer fazer do Estado brasileiro um servo de uma horda que atentou contra o Estado Democrático de Direito, contra as famílias, contra a liberdade e contra a própria pátria.

Aliás, essa mesma senhora — que foi ministra da Família no governo extremista — silenciou quando Jair Bolsonaro, ao justificar ter entrado na casa de uma adolescente que encontrara na rua de uma cidade-satélite do DF, disse: “pintou um clima”.

A declaração da senadora, cercada de cúmplices a servirem de backdrop para a cena, deixa claro que a tentativa de golpe persiste. Coagem as instituições na busca de um Estado autoritário sob medida, onde só valem as leis que beneficiam sua manada.

E uma curiosidade final: ao pedir ao ChatGPT a origem do nome Damares, uma das possibilidades é que venha do grego — e signifique “bezerra jovem”. Pode ser que, em parte, esteja certo.

Oliveiros Marques

Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

98 artigos

Damares, a porta-voz de uma nova tentativa de golpe

Senadora bolsonarista ameaça instituições

Oliveiros Marques
Publicada em 24 de julho de 2025 às 10:29
Damares, a porta-voz de uma nova tentativa de golpe

Damares Alves (Foto: Alan Santos/Câmara dos Deputados)

“Caros, conversei com o Fux mais uma vez hoje. Reservado, é claro: o min. Fux disse quase espontaneamente que Teori fez queda de braço com Moro e viu que se queimou, e que o tom da resposta do Moro depois foi ótimo. Disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me para ir à casa dele rs. Mas os sinais foram ótimos. Falei da importância de nos protegermos…”, teria escrito o representante do Ministério Público, Deltan Dallagnol, em um grupo de WhatsApp. “Excelente. In Fux we trust”, teria respondido o então juiz Sergio Moro.

Não me lembro de ter visto, naquela época, qualquer um dos personagens que hoje pedem o impeachment de ministros do STF levantar a voz. Pelo contrário: estavam todos na mesma arquibancada, aplaudindo o lawfare que corria solto a partir de Curitiba.

Assim como também não os vi — esses próceres do golpismo — erguerem a voz quando Lula, por determinação do próprio Supremo Tribunal Federal, foi impedido de tomar posse como ministro no governo Dilma; proibido de ir ao enterro do irmão; e silenciado, sem poder conceder entrevistas, por ordem do então ministro Luiz Fux.

Agora, a senadora Damares, em mais uma tentativa desesperada de livrar da condenação o líder de sua manada bolsonarista, declara que “a pauta do Senado será o impeachment do senhor ministro do Supremo Tribunal, Alexandre de Moraes”. É mais uma demonstração de coação sobre o curso de um processo judicial — como também o é a articulação de Eduardo Bolsonaro nos EUA, que resultou no tarifaço contra o Brasil.

A senadora bolsonarista segue tentando colocar as instituições brasileiras de joelhos para defender uma única família. Quer fazer do Estado brasileiro um servo de uma horda que atentou contra o Estado Democrático de Direito, contra as famílias, contra a liberdade e contra a própria pátria.

Aliás, essa mesma senhora — que foi ministra da Família no governo extremista — silenciou quando Jair Bolsonaro, ao justificar ter entrado na casa de uma adolescente que encontrara na rua de uma cidade-satélite do DF, disse: “pintou um clima”.

A declaração da senadora, cercada de cúmplices a servirem de backdrop para a cena, deixa claro que a tentativa de golpe persiste. Coagem as instituições na busca de um Estado autoritário sob medida, onde só valem as leis que beneficiam sua manada.

E uma curiosidade final: ao pedir ao ChatGPT a origem do nome Damares, uma das possibilidades é que venha do grego — e signifique “bezerra jovem”. Pode ser que, em parte, esteja certo.

Oliveiros Marques

Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

98 artigos

Comentários

    Seja o primeiro a comentar

Envie seu Comentário

 

Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook