Do gol de barriga ao técnico campeão

Nelson Rodrigues falava do "sobrenatural do Almeida" porque, dizia, "tem coisas que só acontecem no Fluminense"

Fonte: Lúcio Albuquerque - Publicada em 26 de novembro de 2025 às 11:56

Do gol de barriga ao técnico campeão

Em 1970 o Fluminense foi campeão da Taça de Prata, equivalente ao hoje Campeonato Brasileiro, e o hebdomadário PASQUIM, onde pululavam urubus, saiu com uma charge assinada pelo Henfil onde o personagem "fradinho", em sua irreverência, saudava o título tricolor: "Esse Fluminense é um chato". 

Nelson Rodrigues falava do "sobrenatural do Almeida" porque, dizia, "tem coisas que só acontecem no Fluminense". Eu, lógico que nem de longe me comparo a Nelson Rodrigues, prefiro me sair com uma definição que me parece mais lógica sobre o tricolor (o verdadeiro, porque Grêmio, São Paulo e outros são falsos): "O Fluminense não é um clube. É um (bom) estado de espírito".

Em 1995 a Naiara, uma das minhas filhas, juntou a sua turma, tudo urubu, para me encher a paciência na decisão do Campeonato carioca: o Flu, dentro de sua superioridade indiscutível, e da condescendência natural dos que tenham a certeza de sua superioridade, deixou que a urubuzada pensasse ter ganho (alegria de pobre dura pouco, ahahaha!). No final, para mostrar quem mandava em campo o Renato Gaúcho fez até gol de barriga – ele mesmo, que, depois, foi campeão pela primeira vez, regendo (sim, regendo porque o Flu não tem técnico, tem maestro). (em tempo: foram 4 expulsões naquele jogo. 3 do Flu, que foi campeão jogando com oito contra 10)

Ser Fluminense é uma questão de saber escolher bem e ter um estilo de vida diferente. Não queremos ser "maior torcida", até porque ser torcedor do Fluminense é uma questão de qualidade. Para o Flu importante é ser maioria não em quantidade, mas em qualidade, porque não é qualquer um que tem bom gosto. Até nisso o torcedor (torcedor não, porque o Flu, em não sendo um time de futebol mas, sim, uma companhia de bons espetáculos, tem fãns) é diferente. Os outros vão para qualquer lado.

Vejam só: o Flu sempre ganha nos grandes momentos. Em 1970 ganhou a Taça de Prata, no mesmo ano em que o Brasil (com jogadores do Flu) era tricampeão mundial. Já em 1969 quando o homem chegava à Lua, o Flu era campeão carioca. Em 1995, para que o urubu comemorasse muito o centenário, fomos outra vez campeões. E eles tiveram de colocar na fachada, na gávea uma faixa comemorativa dizendo "Vice-campeão do Centenário - papai não deixou a gente ser campeão". 

Em 1999, para comemorar com o povão o Flu ganhou a Série C na virada do Milênio: note-se que o Flu não foi para a Série C, apenas seguiu a trilha do poeta, “a arte (o Flu) deve estar onde o povo estiver”. 

Neste ano de 2007 também não será diferente: Quando o professor perguntar aos alunos: "Me aponte um fato importante do ano de 2007 na área esportiva", certamente que os alunos mais brilhantes e de excelente bom gosto não responderão que tenha sido a edição carioca do Panamericano. 

Será a citação do ano de mais um título (título não, porque o Flu ganha prêmio) do "clube tantas vezes campeão". Aliás, nós não disputamos competições. O Flu não joga. Se apresenta.

E se o professor perguntar que fato improtante aconteceu no brasil em 2007, em todas as áreas, novamente os alunos mais brilhantes responderão não ter sido a visita do Papa. Vão grafarque foi o Flu, novamente se impondo, quando quer, aos outros.

Alguns títulos que fazem do Flu um clube diferente:

Taça Olímpica

Em 1949 o Fluminense Football Club ganhou esse prêmio especial. O Flu é o único clube latino americano detentor desta taça, equivalente ao prêmio Nobel do esporte, instituído pelo Barão de Coubertin - criador dos Jogos Olímpicos.

MUNDIAL INTERCLUBES

1952, quando o Maracanã ainda chorava a perda da Copa do Mundo de 1950 para o Uruguai, o Fluminense fez o maior estádio do mundo voltar a sorrir conquistando ali a Copa Rio, primeira versão do Mundial Interclubes. Com Castilho, Píndaro, Bigode, Telê e Zezé Moreira no comando, o Tricolor fez crescer a auto-estima do povo carioca batendo Sporting, Grasshoppers, Peñarol, Austria Vienna e o Corinthians, na final, levando a taça.

Meu abraço a alguns tricolores que convivem mais perto deste (também) tricolor: meu irmão Celso, os jornalistas Elvestre Johnson, Gilson Campeão e Carlos Neves, o ex-governador Osvaldo Piana, dona Helda (do TCE), o Renê Lobo, uma lista enorme.

Dizem que da quantidade se tira a qualidade: no Flu quantidade é coisa desnecessária.

Publicada a 14.6.2007
Republicada  26.11.2025

Do gol de barriga ao técnico campeão

Nelson Rodrigues falava do "sobrenatural do Almeida" porque, dizia, "tem coisas que só acontecem no Fluminense"

Lúcio Albuquerque
Publicada em 26 de novembro de 2025 às 11:56
Do gol de barriga ao técnico campeão

Em 1970 o Fluminense foi campeão da Taça de Prata, equivalente ao hoje Campeonato Brasileiro, e o hebdomadário PASQUIM, onde pululavam urubus, saiu com uma charge assinada pelo Henfil onde o personagem "fradinho", em sua irreverência, saudava o título tricolor: "Esse Fluminense é um chato". 

Nelson Rodrigues falava do "sobrenatural do Almeida" porque, dizia, "tem coisas que só acontecem no Fluminense". Eu, lógico que nem de longe me comparo a Nelson Rodrigues, prefiro me sair com uma definição que me parece mais lógica sobre o tricolor (o verdadeiro, porque Grêmio, São Paulo e outros são falsos): "O Fluminense não é um clube. É um (bom) estado de espírito".

Em 1995 a Naiara, uma das minhas filhas, juntou a sua turma, tudo urubu, para me encher a paciência na decisão do Campeonato carioca: o Flu, dentro de sua superioridade indiscutível, e da condescendência natural dos que tenham a certeza de sua superioridade, deixou que a urubuzada pensasse ter ganho (alegria de pobre dura pouco, ahahaha!). No final, para mostrar quem mandava em campo o Renato Gaúcho fez até gol de barriga – ele mesmo, que, depois, foi campeão pela primeira vez, regendo (sim, regendo porque o Flu não tem técnico, tem maestro). (em tempo: foram 4 expulsões naquele jogo. 3 do Flu, que foi campeão jogando com oito contra 10)

Ser Fluminense é uma questão de saber escolher bem e ter um estilo de vida diferente. Não queremos ser "maior torcida", até porque ser torcedor do Fluminense é uma questão de qualidade. Para o Flu importante é ser maioria não em quantidade, mas em qualidade, porque não é qualquer um que tem bom gosto. Até nisso o torcedor (torcedor não, porque o Flu, em não sendo um time de futebol mas, sim, uma companhia de bons espetáculos, tem fãns) é diferente. Os outros vão para qualquer lado.

Vejam só: o Flu sempre ganha nos grandes momentos. Em 1970 ganhou a Taça de Prata, no mesmo ano em que o Brasil (com jogadores do Flu) era tricampeão mundial. Já em 1969 quando o homem chegava à Lua, o Flu era campeão carioca. Em 1995, para que o urubu comemorasse muito o centenário, fomos outra vez campeões. E eles tiveram de colocar na fachada, na gávea uma faixa comemorativa dizendo "Vice-campeão do Centenário - papai não deixou a gente ser campeão". 

Em 1999, para comemorar com o povão o Flu ganhou a Série C na virada do Milênio: note-se que o Flu não foi para a Série C, apenas seguiu a trilha do poeta, “a arte (o Flu) deve estar onde o povo estiver”. 

Neste ano de 2007 também não será diferente: Quando o professor perguntar aos alunos: "Me aponte um fato importante do ano de 2007 na área esportiva", certamente que os alunos mais brilhantes e de excelente bom gosto não responderão que tenha sido a edição carioca do Panamericano. 

Será a citação do ano de mais um título (título não, porque o Flu ganha prêmio) do "clube tantas vezes campeão". Aliás, nós não disputamos competições. O Flu não joga. Se apresenta.

E se o professor perguntar que fato improtante aconteceu no brasil em 2007, em todas as áreas, novamente os alunos mais brilhantes responderão não ter sido a visita do Papa. Vão grafarque foi o Flu, novamente se impondo, quando quer, aos outros.

Alguns títulos que fazem do Flu um clube diferente:

Taça Olímpica

Em 1949 o Fluminense Football Club ganhou esse prêmio especial. O Flu é o único clube latino americano detentor desta taça, equivalente ao prêmio Nobel do esporte, instituído pelo Barão de Coubertin - criador dos Jogos Olímpicos.

MUNDIAL INTERCLUBES

1952, quando o Maracanã ainda chorava a perda da Copa do Mundo de 1950 para o Uruguai, o Fluminense fez o maior estádio do mundo voltar a sorrir conquistando ali a Copa Rio, primeira versão do Mundial Interclubes. Com Castilho, Píndaro, Bigode, Telê e Zezé Moreira no comando, o Tricolor fez crescer a auto-estima do povo carioca batendo Sporting, Grasshoppers, Peñarol, Austria Vienna e o Corinthians, na final, levando a taça.

Meu abraço a alguns tricolores que convivem mais perto deste (também) tricolor: meu irmão Celso, os jornalistas Elvestre Johnson, Gilson Campeão e Carlos Neves, o ex-governador Osvaldo Piana, dona Helda (do TCE), o Renê Lobo, uma lista enorme.

Dizem que da quantidade se tira a qualidade: no Flu quantidade é coisa desnecessária.

Publicada a 14.6.2007
Republicada  26.11.2025

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