Estudante que teve intestino perfurado em lipoaspiração recebe alta
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a médica Geysa Corrêa é otorrinolaringologista e não tem especialização em cirurgia estética.
A estudante de educação física Gabriela Nascimento Moraes, de 23 anos, teve alta ontem (13) do Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, onde está internada desde o dia 18 do mês passado, após passar por duas cirurgias no intestino. Ela teve o intestino perfurado no dia 10 de julho, ao se submeter a uma cirurgia de lipoaspiração na clínica da médica Geysa Leal Corrêa, em Niterói, região metropolitana do Rio.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a médica Geysa Corrêa é otorrinolaringologista e não tem especialização em cirurgia estética.
O advogado da família da universitária, Guilherme Frederico, disse que amanhã (14) vai à Delegacia 77, em Icaraí, comunicar à delegada Raíssa Telles a alta da paciente e protocolar alguns documentos ao inquérito, relacionados à intervenção cirúrgica feita pela estudante. Guilherme Frederico disse também que já solicitou o prontuário de Gabriela Moraes à direção do Hospital Cardoso Fontes, que é um documento detalhado das duas cirurgias a que a estudante foi submetida.
Gabriela já foi ouvida pela delegada no quarto do hospital, após ter recebido alta do Centro de Tratamento Intensivo (CTI). De acordo com o advogado, o depoimento foi esclarecedor para o andamento do inquérito, detalhando como foi o procedimento estético e qual a conduta da médica após a paciente se queixar de fortes dores no abdômen e ter voltado de quatro a cinco vezes ao consultório. As dores não passavam apesar da bateria de antibióticos e anti-inflamatórios que Gabriela tomava.
Com o intestino perfurado, a estudante chegou a contar à médica que, no dia seguinte à cirurgia, pelo orifício deixado pela cânula usada para a lipoaspiração, estavam saindo restos de uma sopa que a estudante tinha tomado na noite anterior. Gabriela disse que voltou várias vezes ao consultório de Geysa e que não foi tomografia do abdômen para determinar os motivos das fortes dores. Antes de chegar ao Hospital Cardoso Fontes, onde foi operada às pressas, a estudante passou pelo Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca.
Ainda de acordo com o advogado de Gabriela, na primeira cirurgia, os médicos do Cardoso Fontes fizeram um pequeno corte e costuraram o intestino da jovem, mas, como as dores continuavam, foi necessária a segunda intervenção cirúrgica, no último dia 30, que durou seis horas e terminou com a retirada de 20 centímetros do intestino. Gabriela foi levada para o CTI e, no dia 2, para o quarto.
Investigação
A médica Geysa Leal Corrêa já está sendo investigada pela morte da pedagoga Adriana Ferreira Pinto, de 41 anos, seis dias após lipoescultura feita em julho deste ano. Geysa responde a mais três processos por erro médico em procedimentos estéticos. O marido da pedagoga disse que ela fez uma lipoaspiração no abdômen e um implante de gordura nos glúteos. Passou mal em casa, foi levada ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas já chegou sem vida.
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