MPRO promove capacitação sobre direitos das vítimas

Evento foi realizado em referência ao Dia Internacional de Direitos Humanos

Fonte: Gerência de Comunicação Integrada (GCI) - Publicada em 13 de dezembro de 2025 às 11:27

MPRO promove capacitação sobre direitos das vítimas

O Ministério Público de Rondônia (MPRO) realizou, nesta quinta-feira (11/12), em Porto Velho, a 1ª Capacitação para a Defesa dos Direitos Humanos das Vítimas. O evento, promovido pelo Núcleo de Atendimento às Vítimas (NAVIT) e transmitido para todas as Promotorias do interior, reforçou que a instituição deve ir além do papel de fiscal da lei e assumir protagonismo na defesa dos direitos humanos, inclusive perante instâncias internacionais.

A capacitação contou com a presença do Procurador-Geral de Justiça, Alexandre Jésus de Queiroz Santiago, da coordenadora do NAVIT, Promotora de Justiça Tânia Garcia, além de membros do MPRO, assessores e assistentes jurídicos.

Na abertura do evento, o chefe do Ministério Público rondoniense destacou a relevância do tema, que classificou como atual e de extremo interesse da sociedade. O Procurador-Geral enfatizou a necessidade de uma atuação institucional que vá além do exercício da atribuição criminal, garantindo a preservação dos interesses de toda a coletividade.

"Embora devamos cumprir com rigor o papel de titular da ação penal, precisamos ter o olhar para a defesa e proteção das vítimas. No exercício de nossas funções, devemos nos ocupar da garantia dos direitos humanos, tendo olhar direcionado para a proteção da sociedade", afirmou Alexandre Jésus de Queiroz Santiago.

Legitimidade constitucional

A primeira palestra do evento abordou o tema "Para além de mero fiscal: a legitimidade do Ministério Público como defensor de direitos humanos à luz do Sistema Interamericano". O Promotor de Justiça do Ministério Público do Paraná, Rafael Osvaldo Machado, discorreu sobre a atribuição da instituição na temática, sob o ponto de vista da Constituição Federal de 1988.

Rafael Machado recorreu ao artigo 127 da Carta Magna para lembrar a missão institucional de defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis. Em referência ao artigo 129, falou da responsabilidade do órgão na proteção dos vulneráveis, afirmando haver autoridade e legitimidade do Ministério Público para exercer a garantia dos direitos humanos.

O palestrante mencionou movimentos teóricos que buscam restringir a atuação do Ministério Público ao de mero fiscal da lei, sustentando, em contrapartida, a vocação constitucional do órgão para a defesa dos necessitados, dos vulneráveis e das minorias.

"Nossa missão de fiscalizar a ordem jurídica está conectada às outras instituições. A ordem jurídica no Estado Democrático de Direito não é outra coisa, senão a defesa dos direitos humanos", afirmou o promotor paranaense.

Sistema Interamericano

Rafael Machado também enfatizou a necessidade de o Ministério Público assumir sua legitimidade internacional, dialogando com o Sistema Interamericano de Direitos Humanos — ouvindo o que tem sido decidido nessa instância e também compartilhando suas teses institucionais.

"O Ministério Público tem que assumir sua legitimidade, seu local de fala, para levar casos, inclusive como peticionário, como representante das vítimas nesses espaços", destacou.

O Promotor de Justiça concluiu a palestra explicando o funcionamento da Corte Interamericana de Direitos Humanos e orientando sobre como membros do Ministério Público estadual podem atuar nessa instância, fortalecendo a defesa das vítimas em âmbito internacional.

Protocolo

Na sequência, a Promotora de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro, Simone Sibilio do Nascimento, apresentou a palestra "Protocolo de atendimentos às vítimas e a lei de órfãos do feminicídio".

A palestrante trouxe reflexões sobre a atuação institucional, alertando para a existência, historicamente, de uma cultura no sistema de Justiça criminal que trata a vítima apenas como meio de produção de provas, sem o devido acolhimento.

"As vítimas não conhecem o sistema de Justiça. Desde o início, elas precisam ser acolhidas e orientadas sobre tudo o que vai acontecer no curso do processo", afirmou Simone Sibilio, ao apresentar o protocolo de atendimento às vítimas de violência de gênero desenvolvido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
A Promotora defendeu a aplicação da pauta vitimária no âmbito das ações do Ministério Público — um conjunto de ações voltadas à proteção, promoção e defesa dos direitos das vítimas no sistema de Justiça.

"A pauta vitimária não colide com os direitos e garantias do acusado. Resolução da ONU, de 1985, já estabelece que a vítima existe independentemente da identificação ou condenação de acusado. Portanto, devemos atuar utilizando cada artigo do Código Penal para promover o encontro dessas pessoas com os direitos de proteção, de reparação e de acolhimento", destacou.

Lei dos Órfãos

Fazendo um recorte sobre a violência doméstica e de gênero, Simone Sibilio abordou a Lei nº 14.717/2023, conhecida como Lei dos Órfãos do Feminicídio. A norma determina o pagamento de pensão especial a filhos e dependentes menores de 18 anos de vítimas de feminicídio, constituindo importante ferramenta de reparação às famílias atingidas por esse crime.

Mediação e debates

O evento teve como mediador o Procurador de Justiça Airton Pedro Marin Filho, coordenador do Núcleo Recursal do MPRO. Os debates foram conduzidos pelos Promotores de Justiça Marcus Alexandre de Oliveira Rodrigues e Tâmera Padoin Marques Marin.

A 1ª Capacitação para a Defesa dos Direitos Humanos das Vítimas foi realizada em referência ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado na última quarta-feira (10/12).

A iniciativa reafirma o compromisso do Ministério Público de Rondônia em fortalecer a proteção às vítimas de crimes, garantindo que essas pessoas tenham seus direitos respeitados em todas as fases do processo judicial. A capacitação integra as ações do NAVIT e está alinhada à missão constitucional do MPRO de defender os direitos humanos e os interesses da sociedade.

MPRO promove capacitação sobre direitos das vítimas

Evento foi realizado em referência ao Dia Internacional de Direitos Humanos

Gerência de Comunicação Integrada (GCI)
Publicada em 13 de dezembro de 2025 às 11:27
MPRO promove capacitação sobre direitos das vítimas

O Ministério Público de Rondônia (MPRO) realizou, nesta quinta-feira (11/12), em Porto Velho, a 1ª Capacitação para a Defesa dos Direitos Humanos das Vítimas. O evento, promovido pelo Núcleo de Atendimento às Vítimas (NAVIT) e transmitido para todas as Promotorias do interior, reforçou que a instituição deve ir além do papel de fiscal da lei e assumir protagonismo na defesa dos direitos humanos, inclusive perante instâncias internacionais.

A capacitação contou com a presença do Procurador-Geral de Justiça, Alexandre Jésus de Queiroz Santiago, da coordenadora do NAVIT, Promotora de Justiça Tânia Garcia, além de membros do MPRO, assessores e assistentes jurídicos.

Na abertura do evento, o chefe do Ministério Público rondoniense destacou a relevância do tema, que classificou como atual e de extremo interesse da sociedade. O Procurador-Geral enfatizou a necessidade de uma atuação institucional que vá além do exercício da atribuição criminal, garantindo a preservação dos interesses de toda a coletividade.

"Embora devamos cumprir com rigor o papel de titular da ação penal, precisamos ter o olhar para a defesa e proteção das vítimas. No exercício de nossas funções, devemos nos ocupar da garantia dos direitos humanos, tendo olhar direcionado para a proteção da sociedade", afirmou Alexandre Jésus de Queiroz Santiago.

Legitimidade constitucional

A primeira palestra do evento abordou o tema "Para além de mero fiscal: a legitimidade do Ministério Público como defensor de direitos humanos à luz do Sistema Interamericano". O Promotor de Justiça do Ministério Público do Paraná, Rafael Osvaldo Machado, discorreu sobre a atribuição da instituição na temática, sob o ponto de vista da Constituição Federal de 1988.

Rafael Machado recorreu ao artigo 127 da Carta Magna para lembrar a missão institucional de defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis. Em referência ao artigo 129, falou da responsabilidade do órgão na proteção dos vulneráveis, afirmando haver autoridade e legitimidade do Ministério Público para exercer a garantia dos direitos humanos.

O palestrante mencionou movimentos teóricos que buscam restringir a atuação do Ministério Público ao de mero fiscal da lei, sustentando, em contrapartida, a vocação constitucional do órgão para a defesa dos necessitados, dos vulneráveis e das minorias.

"Nossa missão de fiscalizar a ordem jurídica está conectada às outras instituições. A ordem jurídica no Estado Democrático de Direito não é outra coisa, senão a defesa dos direitos humanos", afirmou o promotor paranaense.

Sistema Interamericano

Rafael Machado também enfatizou a necessidade de o Ministério Público assumir sua legitimidade internacional, dialogando com o Sistema Interamericano de Direitos Humanos — ouvindo o que tem sido decidido nessa instância e também compartilhando suas teses institucionais.

"O Ministério Público tem que assumir sua legitimidade, seu local de fala, para levar casos, inclusive como peticionário, como representante das vítimas nesses espaços", destacou.

O Promotor de Justiça concluiu a palestra explicando o funcionamento da Corte Interamericana de Direitos Humanos e orientando sobre como membros do Ministério Público estadual podem atuar nessa instância, fortalecendo a defesa das vítimas em âmbito internacional.

Protocolo

Na sequência, a Promotora de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro, Simone Sibilio do Nascimento, apresentou a palestra "Protocolo de atendimentos às vítimas e a lei de órfãos do feminicídio".

A palestrante trouxe reflexões sobre a atuação institucional, alertando para a existência, historicamente, de uma cultura no sistema de Justiça criminal que trata a vítima apenas como meio de produção de provas, sem o devido acolhimento.

"As vítimas não conhecem o sistema de Justiça. Desde o início, elas precisam ser acolhidas e orientadas sobre tudo o que vai acontecer no curso do processo", afirmou Simone Sibilio, ao apresentar o protocolo de atendimento às vítimas de violência de gênero desenvolvido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
A Promotora defendeu a aplicação da pauta vitimária no âmbito das ações do Ministério Público — um conjunto de ações voltadas à proteção, promoção e defesa dos direitos das vítimas no sistema de Justiça.

"A pauta vitimária não colide com os direitos e garantias do acusado. Resolução da ONU, de 1985, já estabelece que a vítima existe independentemente da identificação ou condenação de acusado. Portanto, devemos atuar utilizando cada artigo do Código Penal para promover o encontro dessas pessoas com os direitos de proteção, de reparação e de acolhimento", destacou.

Lei dos Órfãos

Fazendo um recorte sobre a violência doméstica e de gênero, Simone Sibilio abordou a Lei nº 14.717/2023, conhecida como Lei dos Órfãos do Feminicídio. A norma determina o pagamento de pensão especial a filhos e dependentes menores de 18 anos de vítimas de feminicídio, constituindo importante ferramenta de reparação às famílias atingidas por esse crime.

Mediação e debates

O evento teve como mediador o Procurador de Justiça Airton Pedro Marin Filho, coordenador do Núcleo Recursal do MPRO. Os debates foram conduzidos pelos Promotores de Justiça Marcus Alexandre de Oliveira Rodrigues e Tâmera Padoin Marques Marin.

A 1ª Capacitação para a Defesa dos Direitos Humanos das Vítimas foi realizada em referência ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado na última quarta-feira (10/12).

A iniciativa reafirma o compromisso do Ministério Público de Rondônia em fortalecer a proteção às vítimas de crimes, garantindo que essas pessoas tenham seus direitos respeitados em todas as fases do processo judicial. A capacitação integra as ações do NAVIT e está alinhada à missão constitucional do MPRO de defender os direitos humanos e os interesses da sociedade.

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