Pirarucu manejado rendeu quase R$ 3 milhões a pescadores do Médio Solimões em 2017

Rendimento e quantidade em toneladas do pirarucu pescado foram superiores a 2016. Com assessoria técnica do Instituto Mamirauá, o manejo sustentável do pirarucu é realizado há mais de 15 anos nessa parte da Amazônia

Texto: João Cunha
Publicada em 14 de março de 2018 às 13:30
Pirarucu manejado rendeu quase R$ 3 milhões a pescadores do Médio Solimões em 2017

Um dos maiores peixes de água doce do mundo, o pirarucu é um gigante em números. Seja no tamanho (alguns espécimes chegam a três metros), peso (que pode bater as duas toneladas) e rendimento: R$ 2.765.618,90. Foi esse o faturamento bruto que pescadores e pescadoras da região do Médio Solimões, Amazonas, receberam pela venda do pirarucu de manejo em 2017. Com origem na pesca sustentável, o peixe manejado teve preço médio de R$ 4,26 por quilo. As informações são do Instituto Mamirauá, responsável por assessorar 12 sistemas de manejo de pirarucu nessa parte da Amazônia.

O valor ultrapassou o rendimento do manejo feito em 2016, quando alcançou cerca de R$ 1,9 milhão. No total, foram comercializados 648.573 quilos do pescado, marca também superior ao do ano anterior, de 480.000 quilos.

Em 2017, o manejo do pirarucu na região foi feito por 1.590 pescadoras e pescadores. Um universo que abrange 43 comunidades ribeirinhas nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, além dos grupos de pescadores de colônias e sindicatos de pescadores de municípios amazonenses vizinhos das reservas: Tefé, Alvarães e Maraã.

De acordo com relatório do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá, "a maior parte da produção (55%) foi comercializada para o mercado estadual (Manaus, Iranduba, Itacoatiara e Parintins) 25% para o mercado local (Tefé, Alvarães, Uarini e Maraã) e 20% para o mercado nacional".

Queda e ascensão do pirarucu no Médio Solimões

O pirarucu é um símbolo atual do Médio Solimões e um forte produto de comercialização no estado. Ainda hoje alvo da pesca clandestina, o pirarucu viveu um período de intensa captura na segunda metade do século XX, o que causou um declínio nos estoques do peixe em rios e lagos da região de Mamirauá e Amanã, indicando um risco de extinção local.

Com assessoria técnica do Instituto Mamirauá e a mobilização das populações do lugar, no início dos anos 2000, teve início o manejo do pirarucu, em sintonia com os ciclos de vida e reprodução da espécie. Como resultado, a multiplicação dos peixes e a melhoria da qualidade de vida e de renda das famílias envolvidas no manejo.

A pesca manejada tem regulamentação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O órgão estabelece a cota anual de peixes a serem capturados, de acordo com os dados coletados nas áreas de pesca, que são repassados pelo Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

O Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá tem atividades financiadas pela Fundação Gordon and Betty Moore.

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