Prefeitura e Fesec cancelam desfile das escolas de samba
Serão oferecidas oficinas de capacitação às agremiações que também serão incluídas no aniversário da cidade.
O curto espaço de tempo para a utilização dos R$ 400 mil que a Prefeitura de Porto Velho repassaria às escolas de samba da capital — cerca de 10 dias apenas —, fez com que o município e a Federação das Escolas de Sambas e Entidades Carnavalescas de Rondônia (Fesec) decidissem em conjunto cancelar o desfile previsto para o próximo dia 30, no Parque dos Tanques. O cancelamento foi confirmado pelo presidente da Funcultural, Antônio Ocampo, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (18).
A necessidade de obedecer ao prazo de tramitação da documentação das escolas de samba, estabelecido pela nova lei que dispõe sobre contratos e convênios, para que o recurso fosse liberado foi o principal motivo das escolas de samba da capital não desfilarem neste ano. A medida foi tomada porque, para a Fesec, em menos de duas semanas não daria tempo para preparar um desfile de qualidade. O espetáculo ficaria prejudicado.
“Infelizmente, esbarramos nessa questão legal. E a lei por ainda ser nova, três anos apenas de aplicabilidade, a própria Procuradoria-Geral do Município teve que demandar mais tempo para adequar todo o processo às exigências da nova norma legal. Percebemos então que o tempo para a compra do material, confecção de alegoria, fantasias ficaria muito apertado e comprometeria o brilhantismo da tradição cultural”, explicou Ocampo.
Hudson Mamedes, presidente da Fesec, disse que em respeito à população e também ao dinheiro do contribuinte, a melhor saída seria cancelar o desfile do que remarcá-lo para outra data. “É impossível você preparar uma escola de samba em dez dias. Sabemos disso por causa de experiências anteriores. Então para não fazer feio, é melhor pegarmos todo esse tempo que teremos pela frente para nos preparar melhor”, disse.
INCENTIVO
As ações de apoio às escolas de samba terão início em maio, com a realização de um seminário para discutir justamente o carnaval porto-velhense. A Funcultural também já tem programado a realização de duas oficinas de capacitação. Uma, com um artesão de Pararintins (AM) e outro com um diretor de harmonia de uma escola do Rio de Janeiro. Os técnicos que ministrarão as oficinas ainda serão definidos.
Outra decisão da tomada, será a inclusão das escolas de samba na programação que será elaborada para comemorar os 103 anos de criação de Porto Velho, em outubro. A inclusão será a pedido da Fesec para que as escolas não fiquem sem se apresentar este ano. As apresentações serão nos locais onde houver programação do aniversário. Ocampo confirmou que as atividades culturais ocorrerão em várias áreas da cidade.
Antônio Ocampo adiantou ainda que dentro da dinâmica da política adotada pelo prefeito dr Hildon Chaves, a auto sustentabilidade é um dos fatores principais. Pensando nisso, a Funcultural já iniciou a negociação com o proprietário da casa de shows Talismã 21, par que as escolas de samba de Porto Velho, uma vez por mês, utilize o espaço para realizar eventos a fim de conseguir levantar recursos para financiar seu desfile.
“A ideia é fazer com que essas agremiações carnavalescas se movimentem o ano todo para angariar fundos e não ficar exclusivamente dependendo do repasse de verba do poder público. É preciso sair do comodismo que se vive hoje no meio cultural, tanto em relação as entidades, como também à própria Funcultural. Queremos fazer do nosso carnaval uma atração turística, então temos que nos mover nesse sentido e fazer com que as escolas tenham vida própria”, afirmou.
Antônio Ocampo disse que na atual administração a intenção é não atrapalhar ninguém e, sim, auxiliar o segmento cultural da cidade no sentido de começar a andar com as próprias pernas para que a cultura também seja auto sustentável, que possa se gerir e buscar recursos sem depender do município. A mesma ideia de autonomia será levada às quadrilhas e bois bumbás das festas juninas.
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