Primeiro concurso para servidores do MPRO teve provas reproduzidas em mimeógrafos na década de 80

O fato é que aquele concurso, emoldurado por circunstâncias tão peculiares, constitui um marco institucional na composição da primeira formação de servidores da Casa

GCI - Gerência de Comunicação Integrada
Publicada em 13 de junho de 2022 às 09:42
Primeiro concurso para servidores do MPRO teve provas reproduzidas em mimeógrafos na década de 80

Quando chegaram ao Colégio Carmela Dutra, na Capital, para fazer as provas do primeiro concurso para servidores do Ministério Público de Rondônia, em 1987, os candidatos não imaginavam o volume de trabalho que o processo de elaboração dos exames havia gerado à Comissão de Organização do certame. É que todo o material entregue aos concorrentes foi reproduzido, folha por folha, em um mimeógrafo, um equipamento de cópias em série, operado em modo manual, que viria a ser uma espécie de avô das impressoras de hoje. O fato é que aquele concurso, emoldurado por circunstâncias tão peculiares, constitui um marco institucional na composição da primeira formação de servidores da Casa, passando a Instituição, finalmente, a ter um quadro próprio de colaboradores.

“Um concurso inteiramente feito à a mão, rodado no equipamento a álcool, a partir de uma residência”, afirma o Procurador de Justiça Airton Pedro Marin Filho, que atuou na comissão do certame, como assessor jurídico da Instituição, cargo que ocupava à época, antes de ingressar na carreira de membros do MPRO.

O integrante do MP conta que o concurso foi realizado na gestão de Ibrahimar Andrade da Rocha, Procurador-Geral de Justiça, no período de 1985 a 1991, hoje falecido. A coordenação do certame ficou a cargo do então Secretário-Geral da Instituição, Procurador de Justiça José Carlos Vitachi, atualmente aposentado.

“Na época, não havia gráfica para imprimir aquela quantidade de provas. Fizemos todo o trabalho com o mimeógrafo na casa do Dr. Vitachi e da Dra Ana Lia de Miranda e Martins, Procuradora de Justiça também aposentada, por várias noites seguidas”, lembra Airton Marin. O Procurador de Justiça relata que em razão da inexistência de bancas especializadas na elaboração de concursos, o MP contratou professores locais para a formulação de questões, que, mais tarde, foram selecionadas para compor os exames, pela comissão organizadora.

Até o concurso, 100% do quadro funcional era formado por um número restrito de servidores cedidos de outros órgãos ou ocupantes de cargos em comissão. Por isso, havia uma necessidade de provimento para cargos de todas áreas administrativas da Instituição. “Tivemos vagas para secretária, motoristas, zeladoria e agentes administrativos em geral”, afirma Airton Marin.

Um dos colaboradores mais antigos do quadro, Sebastião Maia, foi  aprovado naquele concurso. “Eu já exercia um cargo em comissão no MP, que, à época, contava basicamente com servidores cedidos de outros órgãos. Fizemos a prova escrita no Colégio Carmela Dutra e a de datilografia no prédio do Ministério Público, que já estava sediado na avenida Sete de Setembro, em Porto Velho. Foi um exame de nível médio, que, pessoalmente, não achei difícil”, afirma.

Conforme relata Sebastião Maia, o exame de datilografia, correspondente à segunda etapa do certame, foi realizado em uma máquina de escrever de modelo manual, nos corredores do prédio  localizado na Sete.

Chamado carinhosamente de Sabá, o servidor, cujas atribuições sempre estiveram relacionadas à manutenção, exercia o cargo de artífice, que depois recebeu nova nomenclatura. Conhecido por sua proatividade e destreza, conta que as memórias mais afetivas de sua vida funcional estão relacionadas às instalações das Promotorias de Justiça nos mais diversos pontos do Estado.

“Foram muitos desafios. Lembro que uma vez estávamos eu e o colega Sérgio Kasper, já aposentado, em Costa Marques, quando recebemos a missão de nos deslocarmos para Machadinho do Oeste para fazer reparos no prédio que abrigaria o MP na comarca. Demoramos três dias para chegar à cidade, devido à estrada tomada por atoleiros. Fizemos todo o trabalho em uma semana e, na seguinte, o MP já ocupava o local”, diz.

Ao longo de 36 anos de trabalho, Sebastião Maia ajudou a estruturar o prédio do Ministério Público da avenida Sete; viu as obras e a inauguração das duas torres da sede da Instituição e segue contribuindo para a boa prestação de serviços à sociedade. “O Ministério Público cresceu muito, chegando a muitas pessoas. Claro, ainda há muito a ser feito, mas, sem dúvida alguma, avançamos bastante”, afirma.

Para o Procurador de Justiça Airton Pedro Marin Filho, a experiência administrativa adquirida no tempo em que ingressou na Instituição, como servidor, e tão bem ilustrada por sua participação na organização do primeiro concurso, ajudou a dar concretude ao seu desejo de compor o quadro de Membros do MPRO, cargo para o qual acreditava ser vocacionado, desde quando atuou como estagiário de Direito no MP de São Paulo.

Aprovado no concurso para Promotores de Justiça de Rondônia em 1988, seguiu registrando uma produtiva vida funcional, tendo exercido, entre diversas funções, os cargos de Corregedor-Geral, no período de 2009 a 2013, e de Procurador-Geral de Justiça, de 2015 a 2019. “Toda essa experiência me deu uma visão muito ampla do que é o Ministério Público brasileiro e do que é o Ministério Público de Rondônia na construção da identidade da instituição para o País”, destaca.

Comentários

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    Roseneide Soares 13/06/2022

    Fiz parte desse 1° concurso, e lembro muito bem, hoje já estou aposentada

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