Resenha Política, por Robson Oliveira

Governo reconhece erro em vinte municípios - Pandemia e economia - Boiada em alta - Lei de desconto é achincalhada

Robson Oliveira
Publicada em 01 de julho de 2020 às 16:29
Resenha Política, por Robson Oliveira

LOCKDOWN

Foi preciso a prefeitura da capital ingressar na justiça para que o governo de Rondônia reconhecesse que a reabertura do comércio mesmo gradualmente era um equívoco, visto que o pico da pandemia do covid-19, particularmente em Porto Velho, ainda está por vir. Em juízo, o governo, além de reconhecer o erro em relação à capital, decidiu retornar à fase 1 (fase mais restritiva do isolamento) em mais 19 municípios.

UMBIGO

Como era de se esperar, as representações patronais criticaram, mas seja em Porto Velho, seja Nova Iorque, e seja em outra cidade mais desenvolvida, a única forma para enfrentar a pandemia é o isolamento restritivo. Quem berra em sentido contrário são os negacionistas que, nestes tempos, são tão letais quanto o covid. Os reflexos negativos da pandemia são globais, não é apenas na capital rondoniense, como querem que todos creiam. As representações patronais pensam tão somente no próprio umbigo.

COLAPSO

Como qualquer pandemia que se alastra feito fogo em capim seco, o covid-19 colapsou todos os sistemas de saúde mundo afora. Quem tentou estruturar seus sistemas no momento em que a pandemia estava circunscrita à Ásia e Europa, caso não tenha amnésia, deparou-se com a escassez dos insumos e equipamentos. Como o sistema de saúde, o mercado produtor desses insumos e equipamentos entrou em colapso em suas produções em razão da demanda. A incompetência, quanto ao bom combate ao vírus, foi daqueles gestores que nada fizeram e optaram por ignorar a letalidade do vírus. Não é demais lembrar que o colapso no sistema saúde alcançou também o privado.

CORREÇÕES

Embora a capital tenha decretado o isolamento restritivo em maio, como estratégia de achatar a curva ascendeste, o governo não fez a parte dele. Explico: não adianta decretar nada restritivo sem que o próprio estado exija o cumprimento, compelindo a população a respeitar a norma em vigência. Foi o que ocorreu. Há um péssimo exemplo ainda na memória de um coronel tentando impor a ordem e, após o fato ganhar as redes sociais, o governador desautorizou. Fatos desta natureza desmoralizam o isolamento e estimulam parte da população, a exemplo dos jovens, a descumprir a norma. Sem que o poder público exija o cumprimento do decreto de isolamento restritivo, usando seu poder de polícia, chegaremos em setembro com o mesmo problema. É preciso aprender com os erros, fazer as correções, e não se acovardar em adotar medidas impopulares de olho no calendário eleitoral. Governante é eleito pra governar. E aguentar pressão.

ECONOMIA

O principal argumento dos defensores da liberalidade com a abertura do comércio é a crise na economia que vamos enfrentar. É verdade. Embora a economia brasileira esteja em retração desde o governo Dilma Rousseff, a pandemia tem corroído ainda mais as atividades econômicas com reflexos danosos e ainda imprevisíveis. Porém, será ainda mais desastrosa para a economia à medida em que se arrastar seu controle.

LOROTA

A taxa de desemprego aumentou, a quebradeira dos pequenos negócios tem sido enorme e as atividades da informalidade praticamente entraram em coma. É um problema de escala mundial que exigirá dos governos esmero para que o paciente não sucumba pós-pandemia. Mas o momento exige cuidados com a saúde das pessoas para que aquelas com saúde possam criar os mecanismos objetivos a fim de que a economia retome o seu curso e volte a pulsar. Achar que se resolve as duas chagas concomitantemente é mentir para a plateia de olho na política. Nenhum país mais avançado tecnologicamente que o nosso conseguiu tal capacidade. Temos que aprender com esta crise para corrigir os erros. Em tempos de cólera abundam os profetas (negacionistas) da lorota!

BAJULAÇÃO

O Secretário de Estado da Saúde, Fernando Máximo, deveria liderar o enfrentamento da pandemia ouvindo as opiniões das cabeças pensantes da saúde, ao invés de se deixar influenciar por opiniões de pessoas que não possuem formação na área. Um exemplo ruim é o chamado grupo “Pensando Rondônia”, que, aliás, nas coletivas promovidas pelo estado, tem lugar cativo com falas desconexas. O momento exige dar voz a quem tem o que falar sobre Covid: os infectologistas, sanitaristas e especialistas da saúde. Máximo não lidera nada e ainda atrapalha aqueles que falam algo de útil. Quem conversa com os médicos, os representantes dos conselhos, como esta coluna faz, ouve tão somente críticas ao secretário. Embora, no aquartelamento que vive, as vozes que escuta são com loas. E ele retribui com continência da bajulação sem nunca pensar em Rondônia.

BELINGERÂNCIA

O momento é juntar esforços políticos e científicos para que possamos minimizar a crise, replanejar o futuro e estabelecer metas governamentais. Infelizmente o que vemos nas redes sociais é o inverso, há um clima de beligerância política entre as autoridades. Em Guajará-Mirim, por exemplo, o governador Marcos Rocha optou por abrir sua artilharia contra o deputado federal Coronel Crisóstomo. Em Porto Velho, coube ao secretário Fernando Máximo criar um clima belicoso com o prefeito Hildon Chaves, da capital, e atirar farpas em direção ao deputado federal Léo Moraes. A crise não é apenas sanitária, Rondônia está imersa numa crise política sem precedentes. Isto cria um terreno fértil para novos aventureiros da rapina. As redes sociais dão azo a esta gente que afina o bico de olho na carcaça.

ARROBA

Apesar das atividades comerciais estarem em crise em razão do coronavírus, a atividade de compra e venda de gado está em alta no mercado da capital. Uma boiada, além de uma boa fazenda sentido Guajará, segundo fontes da coluna, foram comercializadas de forma atípica. Para dar os nomes aos bois, a coluna aguarda ainda algumas confirmações a fim de evitar barrigada com consequências de dano moral. Mas a arroba bovina está em alta, independentemente da crise.

ANUIDADES

A Assembleia Legislativa do Estado aprovou uma lei que enquadraria as anuidades dos estabelecimentos de ensino privado que mudaram a forma contratual das aulas presenciais para o meio remoto.

DESCONTOS

Pela regra aprovada, as escolas e as universidades privadas teriam que conceder descontos nas anuidades já que mudaram a forma de oferecer as aulas. O problema é que os estabelecimentos não estão concedendo os descontos, alegando uma suposta lacuna na lei aprovada pelos deputados estaduais.

CHICANA

Ora, a lei foi aprovada em razão da mudança contratual das aulas presenciais para remotas– nesta segunda modalidade, as famílias arcam com todos os custos mesmo tendo sido alterado o serviço prestado. A lacuna utilizada pelas universidades é fazer chicana com a lei e zombar com a inteligência humana. Nas aulas remotas, feitas precariamente do celular e internet dos próprios professores, os gastos das universidades são infinitamente menores do que montar a estrutura para atender turmas com as aulas presenciais. Caberia aos deputados uma reação mais efetiva para impedir que a norma legislativa não seja desmoralizada e a Assembleia Legislativa não seja achincalhada mais do que já foi. Até aí Inês é morta!

CENSURA

É muito engraçado testemunhar a gritaria da maioria dos internautas nas mídias sociais protestando contra a lei aprovada no Senado Federal que impõe limites aos conteúdos denominados 'fake news' e virilizados pelas plataformas. A lei em si, que depende ainda de duas votações da Câmara Federal para entrar em vigência, é capenga do ponto de vista legislativa devido excessos, mas no geral é necessária para estabelecer regras civilizatórias aos usuários que utilizam dessas ferramentas para difundir ódio, calúnia, injúria, discriminação e, não raro, atentam contra o próprio estado de direito. Não há censura contra o exercício da imprensa. A gritaria não passa de lorota daqueles que usam as redes para disseminar fake. Como dizia Umberto Eco, são idiotas! 

Comentários

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    Altemir Roque 02/07/2020

    Data vênia, discordo do autor, que diga-se, é um jornalista que leio, mas foi na inda esquerdista encampada pelo STF, quando abordou a aberração da lei da fakes news. Em outras palavras, quem vai dizer o que eu vou ler ou ouvir, se gosto ou não? A constituição garante o direito de manifestação, direito de opinião, liberdade de Impresa e proíbe o anonimato. Ou seja, o que se tem de legislação já é mais que suficiente para punir que erra, não precisa de mais leis. Na verdade essa lei aprovada no senado é uma lei de censura, que ataca a liberdade de imprensa, de manifestação e de opinião, é anacrônica, acéfala. O que parecia impossível aconteceu, nem o Pt conseguiu aprovar uma lei parecida, embora tenha se lançado a essa empreitada, mas agora sem o pt no poder, a sociedade brasileira está sendo presenteada por essa lei infame e de censura, vem como a esquerda gosta. Povo que não tem direito a liberdade de imprensa, de protesto, de manifestação e de opinião, fica refém dos donos do poder, que no Brasil não é o povo, mas os donos dos partidos. O STF arrota ataques e mais ataques à constituição, o congresso é covarde a tudo isso, e, agora, tudo indica que não sabe ler e interpretar a constituição. Infelizmente os três senadores de Rondônia faz cora com os ideias esquerdopatas e votaram a favor dessa aberração legislativa. Vamos lembrar deles nas próximas eleições. Eu já adianto que nunca votei em nenhum deles porque já sei suas ideologias políticas ou a quem gostam de servir. Enfim, a lei além de ser censura diz que nós não temos cérebro, neurônios para distinguir o que é certo é o que é falso, é preciso que alguém nos fiz, tipo o STF, o congresso. Estamos caminhando a passos largos para a ditadura velada, mesmo sem a esquerda no poder. Uma lástima. Vamos pensando aí, por enquanto estamos tendo apenas um tipo de amostra grátis do comunismo. Se nada fizermos é isso tornar definitivo, nem esse texto desinteressado eu estaria escrevendo, porque seria preso pela leu de censura, que o congresso chama de fakes news. De olho nesses senadores que provaram desconhecer a constituição. Não dá para esperar coisa melhor.

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