Rondônia: as aulas são remotas, os alunos são remotos e o secretário é remotíssimo...

Aulas Remotas, que servirão apenas para encher linguiça e estressar alunos, professores e pais, porque é um engodo maquiado pela conversa furada de que o uso de tecnologias é uma coisa moderna

Francisco Xavier Gomes
Publicada em 26 de maio de 2020 às 08:50
Rondônia: as aulas são remotas, os alunos são remotos e o secretário é remotíssimo...

Os profissionais da educação do estado de Rondônia e as demais pessoas que acompanham os atos da Secretaria de Educação do governo Marcos Rocha sabem que esse governo nunca levou a sério os compromissos com a educação e, por várias vezes, precisou inventar desculpas e mentiras para tentar justificar a incompetência de Suamy Lacerda. Em pelo menos cinco ou seis ocasiões a Seduc publicou atos no Diário Oficial, fez muita propaganda em redes sociais e depois desfez os atos, como aconteceu com a promessa de pagamento de benefícios relativos ao piso salarial. Agora, quando os professores estavam tentando esquecer aquelas mentiras sobre o piso salarial, a Seduc inventou, sem nenhum estudo ou discussão, as Aulas Remotas, que servirão apenas para encher linguiça e estressar alunos, professores e pais, porque é um engodo maquiado pela conversa furada de que o uso de tecnologias é uma coisa moderna, mesmo quando o governo não oferece nenhuma condição de trabalho para os professores e nenhuma condição de acesso para os alunos...

Antes de mostrar as razões pelas quais os alunos estão sendo enganados, pelo governo,  é interessante relembrar aqui um dos atos do governo que demonstram total falta de compromisso com a educação e o descaso com os professores. Lembram da história da “Lenda do Piso Salarial”? Naquele episódio, o governador e o secretário gravaram áudios e vídeos dizendo que, neste governo, não seriam mais necessários sindicatos, não existiriam mais greves e que todos os professores seriam respeitados pelo governo com o pagamento de seus direitos. Eles distribuíram essas gravações em todos os canais de propaganda possíveis e muitos professores chegaram a comemorar o fato. Para dar uma aparência de verdade, o governo publicou o ato no Diário Oficial e os diretores de escolas foram ao delírio, no quesito bajulação, coisa que eles sabem fazer de melhor. A promessa não durou 24 horas. O mesmo governo inventou um monte de mentiras, colocou a culpa na copeira, no jardineiro, no vigilante da Seduc, dizendo que eles publicaram os atos para macular o governo. O secretário Chefe da Casa Civil  e o dublê de secretário de educação deram entrevistas e disseram que “subordinados sabotaram o governo” e que mandariam apurar tudo com muito rigor. Tudo papo furado!!! Até hoje não houve apuração  nenhuma,  mesmo porque não havia razão para isso. Essa não foi a única lambança desse tipo, mas vamos parar por aqui, para abordar as Aulas Remotas...

As pessoas que possuem as mínimas informações sobre o Direito Administrativo e a hierarquia das normas jurídicas sabem, muito bem, que resoluções, decretos e portarias são normas secundárias e somente podem existir para expor detalhes de como será cumprida uma lei referente a um desses atos. Para criar um modelo de ensino, é necessário criar uma lei para esta finalidade. Não se pode criar um modelo de ensino com uma portaria, mas o governo fez isso. É curioso que o Conselho Estadual de Educação ficou caladinho e fingiu que não está sabendo de nada. Alguns apedeutas, guachebas ou lacaios do governo argumentam que o modelo de aulas remotas foi criado, sem nenhuma lei, porque estamos em estado de calamidade e porque o momento é diferente. Não existe argumento mais fajuto do que este e somente diretores de escolas acreditam nisso, porque a função deles é acreditar em todas as alicantinas do secretário. O próprio Suamy Lacerda não tem como explicar quais foram os critérios pelos quais ele foi nomeado, visto que o único quesito que ele parece preencher é ter sido cabo eleitoral de Marcos Rocha. Mas,  convenhamos, existem, em Rondônia, pelo menos 171 professores que também votaram em Marcos Rocha e que são muito mais competentes do que esse secretário...

A Seduc prometeu criar uma “plataforma” com atividades de todas as disciplinas e colocar à disposição dos professores. Neste caso, vou falar apenas com base naquilo que chegou a Cacoal, porque Suamy Lacerda pode ter reservado o que prestava para outros municípios. Assim, as poucas coisas colocadas à disposição das escolas de Cacoal são desorganizadas, plagiadas, com conteúdos aquém daquilo que deveriam ser e desconectados das orientações da própria Resolução do CEE. Claro que em função dessa bagunça, os problemas são grandes, porque esse modelo de ensino somente pode ser justificado como uma volta ao Dadaísmo. Como mais da metade dos alunos não possuem computadores em casa, as aulas acontecem pelo celular, assim como muitos professores também não possuem as condições para adotar as Aulas Remotas. Professores e alunos têm sido penalizados pelo governo, porque consomem todos os seus créditos e pacotes de internet para ver vídeos e acessar outros arquivos. Os pais reclamam todos os dias que não têm dinheiro para manter os celulares dos filhos. O governo de Rondônia deveria fazer um convênio, parceria ou outra coisa do gênero com as empresas de telefonia, para que os alunos e professores tivessem acesso gratuito a esses arquivos remotos. Os custos para preparar ou acompanhar essas aulas remotas são altos, mas o secretário não deve saber disso, porque faz mais de 20 anos que ele não prepara uma aula, nem mesmo no caderno.

Finalmente, uma questão que Suamy Lacerda, certamente, vai colocar a culpa na copeira da Seduc: os pais dos alunos trabalham durante o dia e voltam para casa após as 18 horas. Além de atender alunos e pais nos horários comuns das aulas, a partir de 18 horas,  até as 22 ou 23 horas, eles falam constantemente com os professores, querendo esclarecer dúvidas. Aos sábados, domingos e feriados, durante o dia e a noite, é a mesma coisa. Isto significa que os professores passaram a trabalhar 12, 13 ou 14 horas por dia. Quem vai pagar essas horas extras de atendimento?? Suamy? A CRE? O (a) diretor (a)? O secretário deveria responder, mas, assim como as aulas são remotas, o secretário é remotíssimo ... Tenho dito!!!

FRANCISCO XAVIER GOMES

Professor da Rede Estadual e Jornalista

Winz

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Comentários

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    Marcos Fabrício Ortiz de Lima 26/05/2020

    "Aulas Remotas, que servirão apenas para encher linguiça e estressar alunos, professores e pais, porque é um engodo maquiado pela conversa furada de que o uso de tecnologias é uma coisa moderna" FRANCISCO XAVIER GOMES (Professor da rede Estadual e Jornalista) Caríssimo amigo, sou Marcos Fabrício (Licenciatura em Filosofia, Pós-guaduando em Psicopedagodia e Téc. em Massoterapia e aprendente na área de tecnologia educacional). Satisfação pela oportunidade em compartilhar esse feedback com o senhor, já iniciando a utilização da linguagem tencnológica, venho por meio desta expressar minha opinião de cidadão brasileiro, reu primário. Sua atuação crítica na Publicada em 26 de maio de 2020 às 08:50, acredito ser seu trabalho na área de jornalismo, entendo o suficiente que é o seu "ganha pão" sinceramente; não me interessei na continuidade de leitura desta publicação, O historiador, filósofo e professor Leandro Karnal, explicita que se faz necessário fontes pra referência embasamento de algum conhecimento do que infomação. A senso científico crítico de sua pessoa é bem interressante, caro colega. Mas, no momento o mundo com as pessoas, está precisando de senso crítico construtivo edificante. E nessa forma de pensamento, acredito que sua proposta desta publicação não tem transparência, mas existem uma extensa quantidade de informação. A inclusão digital é uma realidade que os brasileiros precisam conhecer principalmente que trabalha com educação, lembrando do detalhe da realidade de cada cidade, distrito e comunidade. São 27 Estados num todo, e surge a indagação: qual o momento e oportunidade em que vamos iniciar um trabalho na diminuição de "Inclusão Digital"? infelizmente, a pandemia (COVID-19), trouxe obrigatoriamente essa proposta intrigante na área de Educação e outros departamentos profissionais. Portanto, em prlo século XXI, houve uma politicagem tanto da direita e esquerda pra encontrar maneiras de implimentar metodologia pra continuação do sistema educaciona tecnológico, sendo que em escolas privadas já se apropriam da Tecnologia educacional. De certo que, os marcos legais que embasam a BNCC, conforme, A constituição Federal de 1988, em seu Artigo 205, reconhece a educação como direito fundamental compartilhado entre Estado, Família e sociedade ao determinar que, "A educação, direito de todos e dever do Estado e da Família. Será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho" (BRASIL, 1988). E nesse momento é uma oportunidade de qualificação, aprendizado na inlcusão digital. E com referência em 02 dos 10 princípio das competências gerais da educação básica: 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. Desde já, fico agradecido por compartilhar minha opinião a respeito deste assunto que tanto me cativa, dois pilares que está na minha genética: Sáude e Educação. Atenciosamente, Marcos Fabrício Ortiz de Lima.

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