Rondônia? Só com passaporte!

A ironia desta aberração social é que se conseguirem expulsar todos os pobres de Porto Velho, a cidade simplesmente se acabará. Sobrariam pouquíssimos habitantes por aqui

Fonte: Professor Nazareno - Publicada em 18 de novembro de 2025 às 10:43

Rondônia? Só com passaporte!

Vereadora Sofia Andrade(PL), de Porto Velho , que diz estar organizando uma ação para caçar migrantes venezuelanos nas ruas da cidade  para prendê-los ou deportá-los para a "ponte que caiu"; ela também quer que o prefeito Léo Moraes passe a barrar a permanência de pessoas pobres, sem emprego ou endereço fixo, que desembarquem na rodoviária da capital 

O artigo 1° da Constituição Federal de 1988 diz que o Brasil é uma República Federativa formada pela união indissolúvel dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Porém, ultimamente, tem-se observado certas opiniões contra este dispositivo constitucional. Algumas autoridades de Santa Catarina (Saint Kataraina, em Inglês) têm-se insurgido contra a lei maior do país e proclamado publicamente que não seria todo e qualquer brasileiro a ter direito de entrar naquela “próspera e desenvolvida” unidade da federação. Muitas autoridades da extrema-direita principalmente já falam abertamente que o Brasil tinha que ser divido entre Norte e Sul. As áreas mais quentes e tropicais do novo país ficariam politicamente mais à esquerda enquanto o “Sul Maravilha” tenderia a ser um reduto só da direita e da extrema-direita reacionárias. Brasil do Norte e o do Sul.

E eis que essa patológica sanha de uma absurda secessão nacional chega às terras de Rondon. Estado híbrido politicamente, confuso na sua formação social e composto por mais de 90 por cento de pessoas pobres e miseráveis, Rondônia não sabe ainda a que parte do “novo país” pertenceria com esta fictícia divisão nacional. Apesar da extrema-miséria da maioria de seu povo, a confusa, longe e distante unidade da federação tem grande parte de sua miserável população militando politicamente nos quadros da extrema-direita conservadora. Pobres de direita, muitos se orgulham! Em Porto Velho, a suja e fedorenta capital estadual, já há discussões sobre a permanência e a sobrevivência dos muitos pobres que tiveram a suprema infelicidade de escolheram lugar tão ermo para viver. A “limpeza e o higienismo social” infelizmente já fazem parte de muitos debates políticos.

A ironia desta aberração social é que se conseguirem expulsar todos os pobres de Porto Velho, a cidade simplesmente se acabará. Sobrariam pouquíssimos habitantes por aqui. E mesmo no Estado inteiro de Rondônia, quase não há pessoas ricas e abastadas para serem poupadas desta “solução final”. Expulsar os pobres de uma determinada região ou proibir-lhes de ir aonde quiserem é uma patologia social só vista durante o Nazismo quando Hitler e a sua camarilha instituíram as perseguições contra os judeus e a outras minorias. A perseguição sistemática e o assassinato de aproximadamente seis milhões de judeus pelo Estado nazista alemão e por seus colaboradores durante a Segunda Guerra Mundial ficou historicamente conhecida como Holocausto. Se viver em Porto Velho e em Rondônia já era difícil em tempos normais, imagine-se com Hitler renascido.

Rondônia precisa de sérias políticas públicas de inclusão social para resolver ou amenizar os seus problemas mais urgentes. Porto Velho, nem se fala! Na pior capital do Brasil para se viver falta tudo de que uma verdadeira e organizada cidade precisa. É muito difícil para um povo qualquer viver num lugar sem esgotos, sem água tratada e sem saneamento básico. A falta de uma boa mobilidade urbana assim como a violência social muitas vezes são frutos de pensamentos reacionários, conservadores e maldosos que propõem apenas o extermínio ou a expulsão de pessoas e não a busca de resoluções viáveis para abrandar e diminuir as suas necessidades. Pertencendo ao Norte ou ao Sul, o Estado Karipuna necessita de soluções que não sejam a solução final. Num país ainda indivisível, onde reina o Estado democrático de direito e as instituições ainda funcionam, seria bom que investigações fossem iniciadas para coibir tais absurdos. É duro ser pobre!

 

*Foi Professor em Porto Velho.

Rondônia? Só com passaporte!

A ironia desta aberração social é que se conseguirem expulsar todos os pobres de Porto Velho, a cidade simplesmente se acabará. Sobrariam pouquíssimos habitantes por aqui

Professor Nazareno
Publicada em 18 de novembro de 2025 às 10:43
Rondônia? Só com passaporte!

Vereadora Sofia Andrade(PL), de Porto Velho , que diz estar organizando uma ação para caçar migrantes venezuelanos nas ruas da cidade  para prendê-los ou deportá-los para a "ponte que caiu"; ela também quer que o prefeito Léo Moraes passe a barrar a permanência de pessoas pobres, sem emprego ou endereço fixo, que desembarquem na rodoviária da capital 

O artigo 1° da Constituição Federal de 1988 diz que o Brasil é uma República Federativa formada pela união indissolúvel dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Porém, ultimamente, tem-se observado certas opiniões contra este dispositivo constitucional. Algumas autoridades de Santa Catarina (Saint Kataraina, em Inglês) têm-se insurgido contra a lei maior do país e proclamado publicamente que não seria todo e qualquer brasileiro a ter direito de entrar naquela “próspera e desenvolvida” unidade da federação. Muitas autoridades da extrema-direita principalmente já falam abertamente que o Brasil tinha que ser divido entre Norte e Sul. As áreas mais quentes e tropicais do novo país ficariam politicamente mais à esquerda enquanto o “Sul Maravilha” tenderia a ser um reduto só da direita e da extrema-direita reacionárias. Brasil do Norte e o do Sul.

E eis que essa patológica sanha de uma absurda secessão nacional chega às terras de Rondon. Estado híbrido politicamente, confuso na sua formação social e composto por mais de 90 por cento de pessoas pobres e miseráveis, Rondônia não sabe ainda a que parte do “novo país” pertenceria com esta fictícia divisão nacional. Apesar da extrema-miséria da maioria de seu povo, a confusa, longe e distante unidade da federação tem grande parte de sua miserável população militando politicamente nos quadros da extrema-direita conservadora. Pobres de direita, muitos se orgulham! Em Porto Velho, a suja e fedorenta capital estadual, já há discussões sobre a permanência e a sobrevivência dos muitos pobres que tiveram a suprema infelicidade de escolheram lugar tão ermo para viver. A “limpeza e o higienismo social” infelizmente já fazem parte de muitos debates políticos.

A ironia desta aberração social é que se conseguirem expulsar todos os pobres de Porto Velho, a cidade simplesmente se acabará. Sobrariam pouquíssimos habitantes por aqui. E mesmo no Estado inteiro de Rondônia, quase não há pessoas ricas e abastadas para serem poupadas desta “solução final”. Expulsar os pobres de uma determinada região ou proibir-lhes de ir aonde quiserem é uma patologia social só vista durante o Nazismo quando Hitler e a sua camarilha instituíram as perseguições contra os judeus e a outras minorias. A perseguição sistemática e o assassinato de aproximadamente seis milhões de judeus pelo Estado nazista alemão e por seus colaboradores durante a Segunda Guerra Mundial ficou historicamente conhecida como Holocausto. Se viver em Porto Velho e em Rondônia já era difícil em tempos normais, imagine-se com Hitler renascido.

Rondônia precisa de sérias políticas públicas de inclusão social para resolver ou amenizar os seus problemas mais urgentes. Porto Velho, nem se fala! Na pior capital do Brasil para se viver falta tudo de que uma verdadeira e organizada cidade precisa. É muito difícil para um povo qualquer viver num lugar sem esgotos, sem água tratada e sem saneamento básico. A falta de uma boa mobilidade urbana assim como a violência social muitas vezes são frutos de pensamentos reacionários, conservadores e maldosos que propõem apenas o extermínio ou a expulsão de pessoas e não a busca de resoluções viáveis para abrandar e diminuir as suas necessidades. Pertencendo ao Norte ou ao Sul, o Estado Karipuna necessita de soluções que não sejam a solução final. Num país ainda indivisível, onde reina o Estado democrático de direito e as instituições ainda funcionam, seria bom que investigações fossem iniciadas para coibir tais absurdos. É duro ser pobre!

 

*Foi Professor em Porto Velho.

Comentários

  • 1
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    Carlson Lima 18/11/2025

    Essa senhora é o reflexo de boa parte do eleitor de Rondônia. Um povo quase desprovido de tudo, a maioria é contra a ciência, e esses juram de pés juntos que a terra é plana. Parabéns pelo texto!!!!!

  • 2
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    Simone 18/11/2025

    Foram dar asa a cobra, agora é só aguentar as loucuras bolsolóide. É muita falta do que fazer e prepotência desse ser desumano.

  • 3
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    Aristides 18/11/2025

    É caro professor, mas a coisa toda pode piorar. Reportagem da FSP de ontem traz que deputada de SC pede que o "zero dois" de determinado clã carioca se candidate por um dos estados da região norte. Por óbvio, Rondônia inclusa!

  • 4
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    LUIZ DO CARMO DE JESUS 18/11/2025

    Cuidado com a Lei retorno nobre parlamentar. Procure tratamento psicológico e avence para uma visão mais empática com seu semelhante, independente de raça, cor, origem, opção sexual, credo e posição política. Você é muito jovem, tem muito o que observar ainda. Nunca é tarde, observe que se Cristo fosse vivo, possivelmente estaria na Cracolândia, cuidando e distribuindo amor aos Pobres.

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