Senadores repudiam ideia de Bolsonaro de desobrigar máscaras para vacinados

Os parlamentares classificaram a ideia como “imbecil” e “criminosa” e afirmaram que ela se baseia em “mentiras”

Agência Senado/Foto: Pedro França/Agência Senado
Publicada em 11 de junho de 2021 às 11:39
Senadores repudiam ideia de Bolsonaro de desobrigar máscaras para vacinados

Randolfe Rodrigues: “A estratégia do governo federal está clara: infectar a todos. Matar muitos. Uma demonstração clara de como o negacionismo está matando o nosso povo”

Senadores reagiram com palavras fortes ao anúncio do presidente da República, Jair Bolsonaro, de que pediria que o Ministério da Saúde desobrigue o uso de máscaras sanitárias para cidadãos que já foram vacinados contra a covid-19 ou que já tiveram a doença. Os parlamentares classificaram a ideia como “imbecil” e “criminosa” e afirmaram que ela se baseia em “mentiras”.

Líder da oposição e vice-presidente da CPI da Pandemia, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) destacou que a proposta aparece quando o Brasil se aproxima da marca de 480 mil mortos devido à pandemia. Ele lembrou que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o ex-ministro dessa pasta Eduardo Pazuello afirmaram à CPI que Bolsonaro não interfere nas políticas de saúde pública. Mas a iniciativa do presidente, segundo o senador, mostra que isso não é verdade.

“A estratégia do governo está clara: infectar a todos. Matar muitos. Uma demonstração clara de como o negacionismo está matando o nosso povo”, escreveu ele nas suas redes sociais.

O senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da minoria, foi o relator da proposta que se transformou na lei que obriga o uso de máscaras em locais públicos (Lei 14.01, de 2020). Para ele, Bolsonaro “não se importa” com os efeitos da pandemia, e o anúncio do presidente é uma “ordem idiota” que os cidadãos deveriam ignorar. Ele lembrou que pessoas vacinadas ainda podem transmitir a doença.

“Vacina não quer dizer que alguém não possa ser contaminado e se transformar num transmissor da covid-19. O que [Bolsonaro] faz é perigoso para o Brasil e o mundo. Ele luta contra o fim da pandemia”.

De forma semelhante, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) ressaltou que é comprovada a possibilidade de reinfecção para pessoas que já contraíram a covid-19. Ela também cobrou do ministro Marcelo Queiroga uma posição firme contra o pedido de Bolsonaro.

“É claro que o presidente sabe que uma pessoa que foi infectada não está imune e que apenas a vacinação da maior parte da população trará segurança aos brasileiros. Pergunta que eu gostaria de ter feito para o ministro Queiroga: qual é o limite do senhor Queiroga entre a honra e um pedido de demissão?”

Alessandro Vieira (Cidadania-SE), membro suplente da CPI da Pandemia, afirmou que o presidente espalha desinformação e, assim, é responsável pelo alto número de casos da doença no Brasil. “Bolsonaro está acelerando as mentiras, as teorias conspiratórias e os factoides, tentando tirar o foco dos brasileiros do que importa. Já são mais de 17 milhões de infectados. Mais de 480 mil mortos. E esses números seriam menores sem os inúmeros erros dele”.

Já Fabiano Contarato (Rede-ES) acusou Bolsonaro de crime contra a saúde pública e “a vida humana” com essa atitude, e pediu que a CPI trabalhe para responsabilizá-lo. “Bolsonaro quer aposentar as máscaras? Bastaria ter feito o dever de casa e acelerado a vacinação. Sua sabotagem deliberada ao enfrentamento da pandemia reforça seu indiciamento na CPI”.

Alvaro Dias (Podemos-PR) citou uma pesquisa que apontou que pessoas que usam máscara regularmente apresentam taxas menores de contaminação pela covid-19 que o restante da população.

Em discurso nesta quinta-feira (10) no Palácio do Planalto, durante o anúncio de medidas do Ministério do Turismo, o presidente Jair Bolsonaro disse que o ministro Marcelo Queiroga divulgaria um parecer tornando opcional o uso de máscaras por pessoas já vacinadas ou que já tiveram covid-19. Queiroga publicou um vídeo nas redes sociais confirmando a conversa, dizendo que o presidente pediu “um estudo” sobre o assunto.

Winz

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Faroeste Caboclo

Faroeste Caboclo

O Brasil deveria optar por escapar deste faroeste político, caracterizado pela polarização tosca que tomou conta de nossa sociedade, porém, nomes como Caboclo, que vive seu ocaso na CBF, insistem em tragar para o caos até nosso futebol, que deveria passar ao largo das brigas políticas de Brasília