SÓ ANO QUE VEM

O ano ainda tá acabando, mas a gente sente que já acabou

Fonte: José Danilo Rangel/Foto de Sergio Raffa/ pexels.com - Publicada em 04 de dezembro de 2025 às 08:52

SÓ ANO QUE VEM

Mal terminam as festas juninas, julinas e agostinas, a cidade já periga subir as primeiras luzes de Natal. Setembro passa meio assim, a gente já encontra bolas e árvores aqui e ali, outubro já apresenta um movimento mais decidido, embora tímido. Novembro chega como se fosse dezembro já, clima de fim de ano. Os mais adiantados já conseguem encontrar artigos de decoração e promoções de roupas, calçados e cadeiras de praia. 

Pois é, cadeiras de praia. Recentemente viralizou o tumulto de um supermercado aqui de Porto Velho, por causa de cadeiras de praia. Da promoção de cadeiras de praia. Pela metade do preço. Certeza que esse ano as cadeiras de praia disputarão espaço com as de plástico.

A gente vai vendo a coisa crescer gradualmente, o espírito natalino vai invadindo a cidade. Surgem mais bolas nas prateleiras, mais piscas, mais promoções e aí, de repente, é dezembro, o Parque da cidade tá todo iluminado. Tem gente que acha lindo, tem gente que acha um desperdício de dinheiro público. De um jeito ou de outro, as luzes tão lá pra receber o mês mais difícil de manter a dieta. Ironicamente, dezembro começou na segunda, mas duvido muito que alguém tenha começado ou recomeçado alguma dieta com o Natal e seus banquetes bem aí.

O mês das confraternizações. Pessoal do trabalho, da escola, da igreja, do futebol, do bairro, todo mundo tem a ideia de fazer uma confra, reunir a galera. E aí, que ninguém se reúne para comer salada. É churrasco, é caldeirada, é panelada disso, panelada daquilo e por aí, vai. No mínimo, é pedir uma pizza. Ou duas. E cerveja, é claro, que não pode faltar. É uma época bonita, em que deixamos as diferenças de lado e todos nos damos as mãos em prol de um objetivo maior: encher o bucho. E a cara.

É tempo também das caixinhas de Natal e de diversas ações sociais, momento de compartilhar o 13º com atos de solidariedade, comprar rifas, bilhetes, bingos. O comércio comemora os amigos secretos, amigos da onça e outros motivos que a gente se dá pra comprar presentes. É tempo de dizer “agora só ano que vem” — e equivalentes — e deixar as pessoas sem saber se é sério ou não. Tempo dos jovens sabedores de tudo assinalarem a hipocrisia da sociedade que passa o ano brigando e em dezembro, se abraça.

Afora isso, os planos já vão ficando em segundo plano, o que não foi terminado ficará por isso mesmo, o que não foi começado, não será... O ano ainda tá acabando, mas a gente sente que já acabou. São tantos os objetivos e sonhos, as receitas fits, os livros pra ler, as pessoas pra ver, os trabalhos por fazer, aqueles consertos na casa.

É, pois é… Só ano que vem.

SÓ ANO QUE VEM

O ano ainda tá acabando, mas a gente sente que já acabou

José Danilo Rangel/Foto de Sergio Raffa/ pexels.com
Publicada em 04 de dezembro de 2025 às 08:52
SÓ ANO QUE VEM

Mal terminam as festas juninas, julinas e agostinas, a cidade já periga subir as primeiras luzes de Natal. Setembro passa meio assim, a gente já encontra bolas e árvores aqui e ali, outubro já apresenta um movimento mais decidido, embora tímido. Novembro chega como se fosse dezembro já, clima de fim de ano. Os mais adiantados já conseguem encontrar artigos de decoração e promoções de roupas, calçados e cadeiras de praia. 

Pois é, cadeiras de praia. Recentemente viralizou o tumulto de um supermercado aqui de Porto Velho, por causa de cadeiras de praia. Da promoção de cadeiras de praia. Pela metade do preço. Certeza que esse ano as cadeiras de praia disputarão espaço com as de plástico.

A gente vai vendo a coisa crescer gradualmente, o espírito natalino vai invadindo a cidade. Surgem mais bolas nas prateleiras, mais piscas, mais promoções e aí, de repente, é dezembro, o Parque da cidade tá todo iluminado. Tem gente que acha lindo, tem gente que acha um desperdício de dinheiro público. De um jeito ou de outro, as luzes tão lá pra receber o mês mais difícil de manter a dieta. Ironicamente, dezembro começou na segunda, mas duvido muito que alguém tenha começado ou recomeçado alguma dieta com o Natal e seus banquetes bem aí.

O mês das confraternizações. Pessoal do trabalho, da escola, da igreja, do futebol, do bairro, todo mundo tem a ideia de fazer uma confra, reunir a galera. E aí, que ninguém se reúne para comer salada. É churrasco, é caldeirada, é panelada disso, panelada daquilo e por aí, vai. No mínimo, é pedir uma pizza. Ou duas. E cerveja, é claro, que não pode faltar. É uma época bonita, em que deixamos as diferenças de lado e todos nos damos as mãos em prol de um objetivo maior: encher o bucho. E a cara.

É tempo também das caixinhas de Natal e de diversas ações sociais, momento de compartilhar o 13º com atos de solidariedade, comprar rifas, bilhetes, bingos. O comércio comemora os amigos secretos, amigos da onça e outros motivos que a gente se dá pra comprar presentes. É tempo de dizer “agora só ano que vem” — e equivalentes — e deixar as pessoas sem saber se é sério ou não. Tempo dos jovens sabedores de tudo assinalarem a hipocrisia da sociedade que passa o ano brigando e em dezembro, se abraça.

Afora isso, os planos já vão ficando em segundo plano, o que não foi terminado ficará por isso mesmo, o que não foi começado, não será... O ano ainda tá acabando, mas a gente sente que já acabou. São tantos os objetivos e sonhos, as receitas fits, os livros pra ler, as pessoas pra ver, os trabalhos por fazer, aqueles consertos na casa.

É, pois é… Só ano que vem.

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