Trump, o líder da oposição... brasileira
Donald Trump como salvador da oposição brasileira em meio ao vácuo deixado por Bolsonaro
Trump fala ao telefone (Foto: Getty Images)
Um vácuo baixou sobre os quadros da oposição brasileira. Por circunstâncias jurídicas, não deu mais para contar com as contribuições do velho capitão. Em prisão domiciliar, ele se acha à beira de se fechar em um presídio. É preciso improvisar alguém com talento ou disposição para conduzir o pessoal às hostes do poder. Entre os candidatos, desponta como firme favorito o nome do presidente dos Estados Unidos. Este já está ocupado, dirão. Mas outros, frios no cálculo, com experiência em traição da pátria, garantem que honrará as novas atribuições com afinco, disposição para o trabalho e sagacidade, qualidades atualmente em escassez deste lado do mundo.
É verdade que os comandados do Norte andam irritadiços e decepcionados. Expressam nas ruas, em várias cidades, através de passeatas intermináveis, o seu desapreço por ele. Numa nova eleição, apontam as pesquisas, terminará derrotado. Então, cumpre consagrá-lo com urgência nas funções em aberto, bastando atualizá-lo sobre os percalços da nossa conjuntura. O próprio Trump já insinua que possui inclinações capazes de arcar, sem problemas, com o cargo, uma vez nomeado, com assinatura digital reconhecida em cartório. Graças à assessoria de Eduardo Bolsonaro, o deputado nem demitido nem licenciado, com verve para colocá-lo em dia sobre as questões domésticas. Como se houvesse feito um curso intensivo, o mencionado líder se adiantou criando sanções contra nossos ministros do Supremo e autoridades escolhidas para que sintam o peso das represálias. Prejuízos financeiros, alardeados lá e cá, causaram alvoroço. O que esperar de listas bem feitas, enumerando restrições e incluindo uma classificação de nação terrorista para ninguém botar defeito? É de imaginar, ainda por cima, o prestígio que poderá advir só de observar aqueles cabelos pintados e a expressão de algoz tresloucado ensaiada no espelho. O Malafaia tremerá de emoção, para não mencionar o que se passará com Sóstenes e Van Hattem. Até o Nikolas, de repente, se arrepiará. O problema da língua não se revelará intransponível. E sempre haverá possibilidade de usar o 03, que é quase um nativo, quando caminha no Texas ou em Nova York, fingindo que nada tem a ver com gentinha como nós. Em manifestações convocadas em bairros populosos e igrejas evangélicas, não faltarão adeptos. E não venham alegar que o nosso líder inconteste não suportará a nossa bagunça. Ele mais parece um dono do caos, pelo menos depois que desarrumou os EUA em poucos meses como jamais nenhum outro mandatário chegara a fazer.
Como suporte para as suas declarações políticas, com frequência dignas de escândalo, os marines estarão a postos e intervirão sempre que preciso. O único problema cabeludo em pauta, para semelhantes providências, diz respeito ao Lula. Ele ainda se soma àqueles brasileiros de raiz, criados em outra época e com teimosia típica dos que fazem da nacionalidade uma bandeira a desfraldar. Com respaldo popular, não permitirá jamais que nos transformem em duzentos e vinte milhões de ianques coloridos de verde e amarelo.
Ronaldo Lima Lins
Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ
273 artigos
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