Audiência pública do Plano Diretor funciona como terapia de grupo

Ao final do encontro, ficou a expectativa de que para as próximas audiências a metodologia seja revista, inclusive com a realização de oficinas para nivelamento de conhecimento do tema, anteriores às audiências, bem como maior critério na abertura da palavra.

Edson Lustosa
Publicada em 20 de fevereiro de 2019 às 09:17
Audiência pública do Plano Diretor funciona como terapia de grupo

Realizou-se na noite dessa terça-feira, 19, no auditório do Centro de Formação de Formação de Profissionais da Educação de Porto Velho, informalmente denominado “Teatro Banzeiros”,  uma audiência pública da revisão participativa do Plano Diretor do Município. Em que pese a importância da matéria em apreciação, apenas dois vereadores deram o ar da graça: Aleks Palitot e Cristiane Lopes.

Com a simpatia que lhe é peculiar, o secretário municipal de Planejamento, Luiz Guilherme Erse, mantinha seu olhar fixo no palco enquanto aguardava que o evento começasse, o que certamente inviabilizou que respondesse ao “boa noite” de quem estava sentado a seu lado. O prefeito Hildon Chaves também prestigiou o encontro, fez um pronunciamento de vinte minutos sobre temas diversos e em seguida se ausentou, permitindo que a pauta fosse retomada.

O evento, que deveria se constituir basicamente de questionamentos e sugestões feitos pelos cidadãos que acorreram ao chamamento feito pelo Conselho da Cidade e a Secretaria Municipal de Planejamento, acabou funcionando como uma espécie de sessão psicoterápica, onde os munícipes que tiveram acesso ao microfone, em sua maior parte, preferiram desabafar, pondo pra fora suas angústias e sentimento de abandono acumulado ao longo de várias gestões municipais, do que fazer colocações pertinentes ao conteúdo do anteprojeto de lei complementar que está em elaboração.

As participações com maior – e melhor – conteúdo ficaram pro final, quando infelizmente já não havia mais a mesma quantidade de pessoas no local. Muitos foram se retirando com medo de não conseguirem tomar o ônibus de volta pra casa. Os debates se prolongaram para além das 23h00, exigindo que os responsáveis pelo auditório prolongassem sua jornada de trabalho com um inesperado serão.

Dentre as falas mais pertinentes ao objetivo do evento e, portanto, com maior aproveitamento, destacaram-se as de professores de instituições de ensino superior, que trataram da expansão da cidade na margem esquerda do rio Madeira, bem como a de um estudante universitário que abordou a mobilidade urbana e o zoneamento urbano. Houve também integrantes do Conselho da Cidade que levantaram pontos importantes, como a necessidade de envolvimento de toda a população do município, sem exclusão de segmentos.

Ao final do encontro, ficou a expectativa de que para as próximas audiências a metodologia seja revista, inclusive com a realização de oficinas para nivelamento de conhecimento do tema, anteriores às audiências, bem como maior critério na abertura da palavra, para evitar discursos alheios ao propósito do evento e, portanto, desrespeitosos para com as pessoas que chegaram cedo e ficaram até o final imaginando que o Plano Diretor seria efetivamente discutido.

Comentários

  • 1
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    Nelson Almeida 20/02/2019

    Eu estava lá. E afirmo que nunca uma descrição tão fiel de um evento. A comparação com terapia de grupo é perfeita

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