O Brasil que ia mal

Para desespero dos seus detratores, o Brasil vai bem. Tornou-se uma referência, porque combate o neoliberalismo com eficiência, fortalecendo a democracia

Fonte: Emir Sader - Publicada em 04 de dezembro de 2025 às 13:49

O Brasil que ia mal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a cerimônia de entrega da Barragem Panelas II e anúncio da retomada das obras da Barragem Igarapeba - Cupira (PE) - 02/12/2025 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Para o guru do bolsonarismo, Paulo Guedes, se o PT ganhasse as eleições, em três meses viraríamos uma Argentina e em seis meses uma Venezuela. Era e é a visão de que o Brasil estaria à beira do abismo. Uma visão costumeira nos meios de comunicação, que prognosticam, em geral, que o futuro do país seria negativo, que as instabilidades justificariam os juros estratosféricos, que a situação internacional tenderia a atentar contra a estabilidade econômica que aparentemente o governo consegue impor.

Graças ao desastre de que o Paulo Guedes era o guru econômico, o Lula e o PT voltaram ao governo. Mas não deu nada daquilo. Nem Argentina, nem Venezuela.

Os dados sociais da Argentina são catastróficos, a concentração de renda é brutal, mais de metade da população pode ser considerada pobre. O desemprego bate recordes.

Pelas decisões do governo de Javier Milei de liberalização geral da economia, os proprietários podem cobrar o aluguel que bem entendam, inclusive em dólares. Como resultado, grandes setores da própria classe média deixaram de poder pagar seus aluguéis e foram para a rua.

Uma das cenas mais tristes foi a de ver famílias de classe média fuçando no lixo da Avenida Corrientes, passando a dormir na principal avenida de Buenos Aires. As lojas estão vazias, a população de rua cresce vertiginosamente.

Enquanto no Brasil, a distribuição de renda é efetiva e permite que o país tenha pleno emprego, que, ao contrário do que prognosticava Guedes, a economia cresce, os investimentos são crescentes, o país vai bem.

Enquanto a relação da Venezuela com o Trump é péssima, Lula conseguiu uma convivência positiva com o presidente norte-americano.

Para desespero dos seus detratores, o Brasil vai bem. Tornou-se uma referência, porque combate o neoliberalismo com eficiência, fortalecendo a democracia, convivendo perfeitamente com a oposição.

O que significa isso? Que se pode e se deve combater o neoliberalismo, o modelo mais negativo da atualidade, que trata de mercantilizar tudo, fazer com que tudo tenha preço, tudo se venda, tudo se compre.

E que a forma de combatê-lo é priorizando as políticas sociais, ao invés dos ajustes fiscais. De fortalecer e de democratizar o Estado, ao invés do Estado mínimo.

Javier Milei, por sua parte, como expressão máxima do Estado mínimo, chegou a afirmar que "Entre o Estado e a máfia, prefere a máfia" (sic).

O Brasil não se tornou nem uma Argentina, nem uma Venezuela. O país tem um caminho próprio, inovador. O Brasil vai bem, muito obrigado.

Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

O Brasil que ia mal

Para desespero dos seus detratores, o Brasil vai bem. Tornou-se uma referência, porque combate o neoliberalismo com eficiência, fortalecendo a democracia

Emir Sader
Publicada em 04 de dezembro de 2025 às 13:49
O Brasil que ia mal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a cerimônia de entrega da Barragem Panelas II e anúncio da retomada das obras da Barragem Igarapeba - Cupira (PE) - 02/12/2025 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Para o guru do bolsonarismo, Paulo Guedes, se o PT ganhasse as eleições, em três meses viraríamos uma Argentina e em seis meses uma Venezuela. Era e é a visão de que o Brasil estaria à beira do abismo. Uma visão costumeira nos meios de comunicação, que prognosticam, em geral, que o futuro do país seria negativo, que as instabilidades justificariam os juros estratosféricos, que a situação internacional tenderia a atentar contra a estabilidade econômica que aparentemente o governo consegue impor.

Graças ao desastre de que o Paulo Guedes era o guru econômico, o Lula e o PT voltaram ao governo. Mas não deu nada daquilo. Nem Argentina, nem Venezuela.

Os dados sociais da Argentina são catastróficos, a concentração de renda é brutal, mais de metade da população pode ser considerada pobre. O desemprego bate recordes.

Pelas decisões do governo de Javier Milei de liberalização geral da economia, os proprietários podem cobrar o aluguel que bem entendam, inclusive em dólares. Como resultado, grandes setores da própria classe média deixaram de poder pagar seus aluguéis e foram para a rua.

Uma das cenas mais tristes foi a de ver famílias de classe média fuçando no lixo da Avenida Corrientes, passando a dormir na principal avenida de Buenos Aires. As lojas estão vazias, a população de rua cresce vertiginosamente.

Enquanto no Brasil, a distribuição de renda é efetiva e permite que o país tenha pleno emprego, que, ao contrário do que prognosticava Guedes, a economia cresce, os investimentos são crescentes, o país vai bem.

Enquanto a relação da Venezuela com o Trump é péssima, Lula conseguiu uma convivência positiva com o presidente norte-americano.

Para desespero dos seus detratores, o Brasil vai bem. Tornou-se uma referência, porque combate o neoliberalismo com eficiência, fortalecendo a democracia, convivendo perfeitamente com a oposição.

O que significa isso? Que se pode e se deve combater o neoliberalismo, o modelo mais negativo da atualidade, que trata de mercantilizar tudo, fazer com que tudo tenha preço, tudo se venda, tudo se compre.

E que a forma de combatê-lo é priorizando as políticas sociais, ao invés dos ajustes fiscais. De fortalecer e de democratizar o Estado, ao invés do Estado mínimo.

Javier Milei, por sua parte, como expressão máxima do Estado mínimo, chegou a afirmar que "Entre o Estado e a máfia, prefere a máfia" (sic).

O Brasil não se tornou nem uma Argentina, nem uma Venezuela. O país tem um caminho próprio, inovador. O Brasil vai bem, muito obrigado.

Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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