Pegou fogo no parquinho
O egoísmo e o bolsocentrismo da família Bolsonaro estão empurrando o centro de volta para o meio do rio
Flávio, Carlos, Jair, Eduardo e Jair Renan Bolsonaro (Foto: Reprodução/X/@BolsonaroSP)
Tempos atrás, escrevi neste espaço sobre a possibilidade de a política brasileira retomar o seu leito normal. Agora, me parece que esse movimento das águas está sendo acelerado por uma verdadeira enxurrada. E o mais interessante: uma enxurrada movida pelo fogo - o fogo que incendeia o parquinho da extrema-direita brasileira.
O egoísmo e o bolsocentrismo da família Bolsonaro estão empurrando o centro de volta para o meio do rio. Um lugar que, pensando em projetos de longo prazo para si, nunca deveria ter abandonado. Acredito que os atores políticos do Centrão, ao perceberem que o bolsonarismo é um projeto que se esgota em si mesmo, devem começar a remar com mais pressa para longe do Titanic.
A postura de Eduardo Bolsonaro ao atacar Tarcísio, Nikolas, a senadora Tereza Cristina e o senador Astronauta é um recado claro ao centro político: se nem os extremistas mais fiéis escapam, imagine os aliados de última hora. Fica evidente que os Bolsonaros se bastam. Se veem como os bam-bam-bans, a última bolacha do pacote (ok, pode ser biscoito), a bala que matou Kennedy.
Essa postura sempre colocará os aliados em papéis coadjuvantes - e, portanto, descartáveis ao bel-prazer dos autoproclamados protagonistas. Papéis que, acredito, os coronéis do Centrão não estão mais dispostos a desempenhar. Com o avanço do orçamento impositivo e das emendas Pix, a criatura ganhou pernas próprias, pronta para se impor sobre o criador.
Os políticos do Centrão sabem que sua sobrevivência depende muito mais da relação com representantes de setores produtivos dos mais diversos segmentos (alguns nem tão produtivos assim) do que do voto radical estimulado pela família Bolsonaro. E esses empresários serão duramente atingidos pela Bolso-Taxa, articulada pela família com o governo Trump, e já estão se afastando.
Esse movimento redesenha as eleições de 2026, com a perspectiva de uma disputa entre três campos bem definidos. De um lado, a centro-esquerda liderada por Lula - essa é a única certeza. Do outro, a extrema-direita, que deve lançar alguém da cozinha da família Bolsonaro para tentar manter o que restar de seu eleitorado radicalizado - que será bem menor do já foi um dia. E, por fim, um campo de centro, de onde deve emergir um nome daqueles que hoje tentam pescar junto ao bolsonarismo, mas que se afastarão oportunamente. E, aqui, candidatos para serem cortados não faltarão.
Oliveiros Marques
Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas
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