PVH EM PERIGO: Moradores contra obra de aterro sanitário em cima de nascentes de água

No local nascem os principais cursos de água que abastecem Porto Velho, como o igarapé Mato Grosso que deságua no Rio Madeira pouco acima da captação de água da Caerd

Assessoria
Publicada em 21 de setembro de 2020 às 14:00

A cidade de Porto Velho está localizada em cima do aquífero Jaci-Paraná. Para muitos moradores da capital de Rondônia, essa informação é desconhecida e não representa nada. Mas saibam que esse presente da natureza é a diferença entre ter ou não ter vida nessa parte do Brasil.

Um aquífero, é uma formação ou grupo de formações geológicas que podem armazenar água subterrânea. São rochas porosas e permeáveis, capazes de reter água e de cedê-la. Esses reservatórios móveis aos poucos abastecem rios e poços artesianos. Podem ser utilizadas pelo homem como fonte de água para consumo.

Ou seja, praticamente toda água que consumimos em nossa cidade vem dele. Como podem perceber, ele é de vital importância para a existência de nossa cidade. Mas apesar disso, o aquífero Jaci-Paraná está sob várias ameaça, tais como fossas sépticas, poços construídos irregularmente entre outras.

FOSSAS

Segundo a geóloga Katarina Rempel, do Serviço Geológico do Brasil, as ameaças ao aquífero em Porto Velho ocorrem de duas formas.

“Do ponto de vista quantitativo, a superexploração pela população sem as devidas outorgas de uso. Com relação à qualidade, o aquífero sofre grande ameaça pela disposição incorreta das águas servidas em fossas e sumidouros, sem nenhum tratamento prévio, contaminando a água subterrânea acessada pelos poços da própria população. A falta de cobertura adequada da rede de abastecimento de água e coleta de esgoto também contribui para este cenário”, explicou.

Essas ameaças ao aquífero tem levado temor e pânico aos moradores de uma área de chácaras denominada ‘Recanto dos Pássaros’, localizao próximo ao campus da Universidade Federal de Rondônia, na BR 364, sentido Acre, atrás da sede do antigo Moto Clube, a se unirem contra a mais um ataque a esse importante recurso natural de nossa cidade. Estamos falando de um projeto da Prefeitura de Porto Velho, de construir um aterro sanitário no local, para depositar o lixo produzido na capital e em Candeias do Jamari.

A questão é que essa região possui sete nascentes que alimentam importantes cursos de água em nossa cidade. Para exemplificar, um desses é o igarapé Mato Grosso, que deságua a poucos metros da capitação de água que é usado pela Caerd, para fornecer água para a capital.

A geóloga Katarina observou que essas construções podem prejudicar o meio ambiente.

“Os aterros sanitários geram líquidos oriundos da decomposição da matéria orgânica. Se não forem feitas a impermeabilização e drenagem adequada desses líquidos, podem contaminar os aquíferos”, explicou.

Moradores

Para Eliel Medeiros de Oliveira, morador da região, a construção do aterro sanitário no local, não traz nada de bom para a população da capital e o meio ambiente. Ele reforça que a área, devido as nascentes, é de grande importância para Porto Velho e explica o roteiro percorrido pelas águas.

“O curso de água que tem na localidade é um afluente do Rio Mato Grosso, que percorre alguns quilômetros e deságua no Rio Madeira onde é feita a captação de água para a estação de tratamento de água da CAERD que, após tratada, abastece a região central e outros bairros da capital. Havendo uma contaminação e essa água sendo captada, as pessoas correm grandes riscos à saúde. Isso devido ao chorume conter metais pesados e como a ETA da CAERD e uma estação convencional não consegue retirar esses metais pesados”, alertou.

Outro morador do ‘Recanto dos Pássaros’ que não está vendo com bons olhos a construção de um aterro sanitário no local das nascentes, é Olandir Vieira, e faz uma importante observação quanto à desatualização de dados nos estudos feitos sobre a construção do aterro.

“Esse estudo para a construção do aterro sanitário, foi feito entre 2009 e 2010, ou seja, já se passaram cerca de dez anos. O lixo produzido na capital e em Candeias do Jamari, hoje, em relação a esse levantamento teve um acréscimo de pelo menos 30%. A área é pequena, o que já inviabiliza esse aterro para duas cidades do porte dessas. Além disso, estamos dentro de uma área de expansão urbana de Porto Velho, são 463 lotes no Recanto dos Pássaros. Outro detalhe, é que prejudica um ponto turístico da capital, segundo a Prefeitura, que é o balneário Coqueiral. Não somos contra o aterro sanitário, mas que seja construído em outro local, pois, existem outras opções”, finalizou.

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