Iperon ajuda futuros aposentados a “reorganizar vidas”

O governo de Rondônia vem assistindo esse público cada vez mais numeroso

Montezuma Cruz - Fotos: Edcarlos Ferreira e Frank Néry
Publicada em 23 de janeiro de 2020 às 16:37
Iperon ajuda futuros aposentados a “reorganizar vidas”

Universa Lagos, Luciana Santos e Maria Enilsa Januário: Iperon mobiliza o interior

Na sexta-feira (24) o Brasil homenageia profissionais que se dedicaram a vida inteira ao trabalho e atualmente usufruem dos benefícios da Previdência Social.

O governo de Rondônia vem assistindo esse público cada vez mais numeroso. As regionais de Ji-Paraná e Vilhena do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Estado de Rondônia (Iperon) reunirão neste primeiro trimestre do ano servidores públicos estaduais em vias de se aposentar, para facilitar-lhes a transição entre a vida ativa e a paralisação de suas atividades profissionais.

As aposentadorias se dividem em cinco categorias específicas: a compulsória, a especial, por idade, por invalidez ou por tempo de contribuição.

O Brasil enfrenta, com o rápido envelhecimento* da população, um dos maiores desafios de sua história, comparável aos dilemas impostos pela industrialização e urbanização acelerada, e semelhante, na magnitude dos números, ao esforço exigido para promover a universalização da saúde e da educação.

Os próximos aposentados no interior de Rondônia, a exemplo de quem já foi assistido na Capital, poderão participar de oficinas, palestras e atividades do projeto Humanizando para Aposentadoria, direcionadas a questões existenciais, psicológicas e financeiras.

“Deverão estar aptos a reorganizar suas vidas”, explica a diretora de previdência, Universa Lagos. O Iperon trabalha na expectativa de melhoria nos Recursos Humanos (RHs) de cada órgão, os quais poderão orientar corretamente os processos de concessão.

Desde a atual gestão da presidente Maria Rejane Sampaio dos Santos Vieira, em 2014, o objetivo do instituto é dar celeridade aos processos. Para tanto, sem exceção, todos os RHs exigem investimentos que qualifiquem o seu quadro de funcionários em legislação e normas.

 

“O ato de concessão da aposentadoria é complexo e individual, e o processo tem que ser bem instruído”, explica Universa.

 

Para contribuir com a celeridade, a partir de 6 de fevereiro o Iperon deixará de receber processos físicos durante 90 dias, até que atualize pendências.

“Necessitamos todo cuidado, por exemplo, com a falta de documentos integrantes da instrução processual, algo no que o Iperon tem se empenhado desde 2014”, assinala a gerente de perícia médica e psicossocial, Luciana Santos Tavares.

“A modernização dos RHs é fundamental ao bom desempenho dos projetos”, insistiu por sua vez a psicóloga Maria Enilsa Januário Falcão. “Sem interrupção, as equipes precisam treinar sempre para o bom desempenho dos projetos”, explica.

A atuação psicológica em Rondônia “se espelha na modernização dos demais institutos estaduais no quesito boas práticas”.  O calendário de atividades contempla o interior no primeiro trimestre deste ano.

HUMANIZANDO PARA APOSENTADORIA

O projeto Humanizando para Aposentadoria contempla servidores já aposentados. Acolhidos, eles participam de atividades diversas, oficinas com profissionais de educação física e nutrição, para que tenham vida mais ativa.

“É o momento da troca de experiências, do emocional e de interação entre eles”, acrescenta a psicóloga Enilsa.

Originalmente conhecido por  Pré-Aposentadoria, em 2007, a partir de 2014 “ganhou força”, implementando diversas ações. Pessoas próximas da aposentadoria em Porto Velho foram as primeiras a serem atendidas.

Irlei Ramalho: 32 anos na Secretaria de Justiça

O Iperon se vale também do programa Pró-Gestão RPPS (Regimes Próprios de Previdência Social), que assegura os direitos previdenciários dos servidores, em consonância com os preceitos dos artigos 40, 149, § 1º e 249 da Constituição Federal.

“Além do bem-estar proporcionado por cuidados com o corpo e a mente, o Pró-Gestão RPPS também adota melhores práticas de gestão previdenciária, visando ao maior controle dos seus ativos e passivos e mais transparência no relacionamento com os segurados e a sociedade”, explica a gerente de perícia Luciana Santos.

“É o momento da troca de experiências, do emocional e de inteiração entre eles”, acrescenta Luciana.

“VITORIOSA”

Irlei Rodrigues da Silva Ramalho, funcionária da Secretaria Estadual de Justiça (Sejus), aposentou-se no final de 2019.

Começou a trabalhar aos 18 anos na Fundação de Saúde do Estado da Paraíba, onde permaneceu até agosto de 1987, quando se mudou para Rondônia.

“Aqui cheguei o mês de setembro de 87, e em 4 de abril de 88 participei do primeiro concurso público do estado, no governo Jerônimo Santana; fui contratada para trabalhar na Sejus”, relata.

Durante 32 anos, trabalhou em oito governos, sempre se dedicando a essa secretaria.  “Sempre tive vontade de ajudar os mais necessitados desde que saí de minha terra e vim cumprir missão que Deus me confiou, nesta maravilhosa Rondônia, com pessoas que cometeram crimes e foram excluídas pela sociedade”.

Sentindo-se “vitoriosa”, planeja agora viajar, participar de alguma forma de auxiliar quem precisa, e cuidar de netos, quanto os tiver. Irlei é mãe de Thaís, 27, e de João Vitor, 16.

“CUMPRI MINHA MISSÃO DE SERVIDORA”

Faltam cinco dias para Renée Riveiro Abdelnour, 56 anos, cumprir sua última jornada de trabalho na sede do Iperon, onde já se despede dos colegas de trabalho.

Renée Abdelnour só trabalha até a próxima semana

Nesta quinta-feira (23) ela resumiu a sua vida profissional: trabalhou na Secretaria Estadual de Saúde, no Serviço Social da Indústria (Sesi) e no Iperon. “Só aqui, 25 anos e, ao todo, tenho 35 anos de contribuição”,  conta.

Filha do falecido comerciante Tufi Abdelnour, Renée é mãe de dois filhos – Renan, 33, casado, cartorário, e Vitor, 29, solteiro, arquiteto – e o primeiro já lhe deu dois netos.

“Cumpri minha missão de servidora pública, tive um rico aprendizado, conheci pessoas”, comenta. Ela deixará cinco irmãos na Capital rondoniense. Em busca de melhor qualidade de vida, vai se mudar para Curitiba (PR).

A assistente social do Iperon Fransisca Pinheiro, uma das pioneiras dos projetos  voltados a aposentadoria, está na iminência de se aposentar e nessa nova fase da vida irá se dedicar à vida pessoal.

“Vou descansar, pretendo também iniciar um novo curso que me traga mais conhecimento na minha profissão, um mestrado e quem sabe utilizar meus conhecimentos na área de docência”, ela diz.

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* Segundo o Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara dos Deputados, a particularidade do desafio do envelhecimento está no fato de que a mudança demográfica em curso não pode ser alterada por metas e programas de governo nem depende da intenção de qualquer grupo social. “O encurtamento da base e o alargamento do topo da pirâmide populacional compõem um fenômeno que seguirá seu curso, a passos firmes e determinados, até que, por volta de 2050, o número de brasileiros com mais de 60 anos terá saltado dos atuais 24 milhões para 66 milhões”, assinala o estudo do Centro.

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