Vilhena: jornalista faz desabafo em rede social após ser preso tentando fotografar Bombeiros capturando cobra

Paulo Mendes disse que irá denunciar episódio ao comando da Corporação

TUDORONDONIA
Publicada em 17 de julho de 2019 às 18:00
Vilhena: jornalista faz desabafo em rede social após ser preso tentando fotografar Bombeiros capturando cobra
Em longo desabafo em seu perfil no Facebook, o jornalista Paulo Mendes, um dos mais antigos comunicadores em atividade no Cone Sul, relatou um incidente envolvendo um Bombeiro e denunciou ter sido desrespeitado no exercício de sua função.

Na postagem, Mendes descreveu em detalhes sua prisão, após ser denunciado quando buscava produzir uma imagem de Bombeiros tentando capturar uma cobra no aeroporto de Vilhena.

Sem fazer juízo de valor em relação aos fatos narrados, o FOLHA DO SUL ON LINE abre espaço para o próprio jornalista complementar sua denúncia e também para pessoas e entidades citadas no texto que desejem se manifestar em relação às acuções. Confira abaixo, na íntegra, a postagem do denunciante:

CARTA DE REPÚDIO
Eu, Paulo Sergio Mendes, formado em Comunicação Social/Jornalismo, DRT 1442, venho por meio deste, tornar pública esta CARTA DE REPUDIO:
Sempre respeitei todas as instituições, em especial aquelas que garantem a saude e segurança das pessoas. Uma dessas instituições é o Corpo de Bombeiros e da imensa maioria dos seus integrantes, que, são reconhecidos nacionalmente pelos relevantes serviços que prestam à sociedade brasileira. 

Mesmo assim, vou relatar minha indignação quanto a um fato isolado de um Bombeiro vilhenense, que, no exercicio de sua nobre profissão, agiu com desrespeito à minha pessoa e à minha profissão de jornalista.

Na tarde do último domingo, 14, eu levava nove parentes queridos que pela primeira vez puderam vir me visitar em Rondônia. Ao chegar ao aeroporto para a despedida de momentos agradáveis, me deparei com uma ação dos Bombeiros. Eles tentavam retirar uma cobra de um bueiro localizado na frente do aeroporto. Inúmeras pessoas acompanharam a ação, muitas  menos de dois metros dos agentes brincavam com a curiosidade da situação. Estacionei o carro e fui em direção ao local. 

Busquei uma distância segura, porque, em trinta anos de profissão, aprendi os perigos que a envolvem. 

Mal cheguei a um ponto seguro, um dos Bombeiros pediu que eu me afastasse dali. Naquele momento me apresentei como jornalista e disse que iria tirar uma foto. Para minha surpresa e lamentavelmente, o agente respondeu: “NÃO ME INTERESSA”, quero que o senhor se afaste.

Nessa altura (em menos de vinte segundos), já não era mais apenas o jornalista que estava ali e sim um cidadão conhecedor dos seus direitos e também obrigações. Respondi a ele que ele estava faltando com respeito com a minha profissão e fui saindo, contornando o local que ele havia determinado. Passei então a cobrá-lo sobre o por que de a área não ter sido isolada já no início para que as pessoas pudessem saber exatamente onde não poderiam chegar, já que haviam muitos curiosos. 

Todo o “episódio” não demorou um minuto e, apesar de ter saído em menos de vinte segundos do local que ele determinou, mesmo assim, ao questionar, em tom alto até a falta de isolamento - mas sem qualquer palavra agressiva ou injuriosa - ele simplesmente pegou o celular e acionou a Polícia Militar que em poucos minutos chegou e me deu voz de prisão. Fui obrigado a entrar em uma viatura diante dos meus familiares daqui e de fora e conduzido à Delegacia. 

CERCEAMENTO DA LIBERDADE DE IMPRENSA:
É público que como jornalista, tenho o amparo da Lei de Imprensa, que garante o direito de cobrir situações como aquela, respeitando limites que permitam a fluidez do trabalho de qualquer agente público. Infelizmente, não houve essa compreensão do Bombeiro, que preferiu ostentar sua posição de autoridade, menosprezando o oficio de jornalista, profissão esta que ajuda a construir todos os dias a boa imagem dos Bombeiros, mostrando à sociedade o papel importante que eles exercem. 

Ironicamente fui impedido de registrar um fato que apenas enalteceria o próprio trabalho deles, porque não havia outra razão. Poderia falar da falta de isolamento, da falta de equipamentos de proteção para eles mesmos e alguns outros pontos que não vou mencionar agora, mas não, era para mostrar uma ação deles em pleno domingo.

O que houve ali foi uma ação desproporcional ao problema, já que eles cometeram diversos atos que depõe contra essa atitude excessiva (que serão devidamente comprovados), demonstrando uma incapacidade do agente em lidar com aquela situação. Sabendo que eu era jornalista, o que custava dizer: colega, então fique um pouco mais ali ou lá, mas tome cuidado! Desnecessário, mas, seria uma atitude mais adequada, que geraria apenas um resultado positivo do trabalho de ambos. No Boletim de ocorrência fui acusado de DESOBEDIENCIA, DESACATO e OUTROS ILICITOS PENAIS. Mas tudo será demonstrado detalhadamente em tempo oportuno.

CONTRADIÇÕES:
Para comprovar que eu desobedeci a ordem e cometi os supostos crimes, os Policiais ouviram os Bombeiros Militares e um Bombeiro Civil que estava lá antes deles chegarem. Houve pelo menos cinco contradições gritantes que não vou revelar aqui porque constituí advogado e também registrei boletim de ocorrência contra eles por abuso de autoridade e cerceamento do meu trabalho, mas, assim que possível, estarei tornando públicos os detalhes que constam de fotos, gravações em áudio e vídeo que produzi e levantei de algumas pessoas que registraram tudo.

O TRISTE é saber que moro em Vilhena há vinte e seis anos e apesar de sempre exercer a minha liberdade de expressão e de imprensa, nunca me vi em um situação onde algo tão pequeno, que beira o ridículo, tivesse que seguir esse caminho.

Agora infelizmente não tem volta. O momento de reconhecer erros acabou quando me deram voz de prisão diante da minha familia e dos meus parentes que ficaram chocados não só com a imagem de eu entrando na viatura, mas, com a atitude desproporcional do agente.

Esse documento será encaminhado ao Ministério Público, ao Comando dos Bombeiros em Vilhena e ao Comando Geral em Porto Velho, além do Sinjor, Sindicato dos Jornalistas que já se manifestou em assinar uma Carta de Repúdio.

A PERGUNTA QUE FICA: se eu ou você estivéssemos trabalhando em algum evento e um policial à paisana se identificasse como autoridade e disséssemos "NÃO ME INTERESSA”, o que aconteceria?

Fonte: Folha do Sul

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