A vassalagem tem nome, sobrenome e até apelido

Ao se ajoelharem diante da família Bolsonaro, governadores expõem fraqueza, revelam servilismo e inviabilizam seus próprios projetos nacionais

Fonte: Oliveiros Marques - Publicada em 28 de julho de 2025 às 14:58

A vassalagem tem nome, sobrenome e até apelido

Romeu Zema, Ratinho Júnior, Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado (Foto: Reprodução/X/@RomeuZema)

É impressionante como alguns políticos conseguem cometer erros em seus cálculos eleitorais. Em nome de algo que jamais terão, permitem-se ficar de joelhos diante de alguém que não representa nada além de sua própria família. Pagar pau para uma figura que só conquistou os mandatos que teve graças ao sobrenome que carrega — e, claro, por algumas otras cositas más.

É isso que se percebe na postura de Tarcísio, Zema e Ratinho. Tarcísio arrisca o próprio nome, inclusive pensando no futuro político em São Paulo, ao aceitar que Eduardo Bolsonaro o trate como se fosse seu senhor. Zema, que já carrega um sobrenome malvisto lá pelas bandas de Minas Gerais e, por isso mesmo, lançará sua pré-candidatura à Presidência em São Paulo, corre o risco de ver sua imagem ainda mais manchada pela lama que agora rompe barragens diretamente dos Estados Unidos. Ratinho, por sua vez, expõe seu apelido ao risco de encolher ainda mais no diminutivo. E Caiado… aguarde: logo, logo tu também virarás alvo.

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Imagino que a estratégia desses governadores — todos eles sonhando com a Presidência da República — seja evitar o confronto com as bases do bolsonarismo. E aqui está o erro. A família não vai largar o osso. Esse movimento extremista e golpista — patrocinado e estimulado inclusive por partidos de centro aos quais esses governadores se filiam — é o que garante os mandatos dos filhos do agora inelegível. Ou seja: jamais a família dará a bênção a alguém que não traga Bolsonaro no sobrenome. Está provado em sua breve história: eles não confiam em nada que não seja espelho.

E aqui reside, talvez, o erro de cálculo fatal. Se esses atores políticos não colocarem agora em dúvida a suposta liderança de Eduardo, perderão a maior oportunidade de se posicionarem no tabuleiro eleitoral. Assistir calados ao esculacho público — transmitido em rede mundial — do principal responsável pela articulação do tarifaço trumpista contra o Brasil é, além de uma demonstração de fraqueza e servilismo, um sinal claro para seus eleitores (atuais e potenciais) de que não têm preparo para conduzir uma nação. Deixa claro o que, para mim, já é evidente — e, para o eleitor médio, é apenas uma questão de tempo.

Enquanto isso, cabe ao governo e à base social de Lula a tarefa de colar esses atores à trama golpista de ontem — e à ofensiva tarifária de hoje. Denunciá-los, responsabilizá-los. Porque, de fato, no mínimo cúmplices são da investida da família Bolsonaro contra a soberania e as instituições brasileiras. E a postura de vassalos adotada por eles até aqui só reforça essa verdade.

Oliveiros Marques

Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

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A vassalagem tem nome, sobrenome e até apelido

Ao se ajoelharem diante da família Bolsonaro, governadores expõem fraqueza, revelam servilismo e inviabilizam seus próprios projetos nacionais

Oliveiros Marques
Publicada em 28 de julho de 2025 às 14:58
A vassalagem tem nome, sobrenome e até apelido

Romeu Zema, Ratinho Júnior, Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado (Foto: Reprodução/X/@RomeuZema)

É impressionante como alguns políticos conseguem cometer erros em seus cálculos eleitorais. Em nome de algo que jamais terão, permitem-se ficar de joelhos diante de alguém que não representa nada além de sua própria família. Pagar pau para uma figura que só conquistou os mandatos que teve graças ao sobrenome que carrega — e, claro, por algumas otras cositas más.

É isso que se percebe na postura de Tarcísio, Zema e Ratinho. Tarcísio arrisca o próprio nome, inclusive pensando no futuro político em São Paulo, ao aceitar que Eduardo Bolsonaro o trate como se fosse seu senhor. Zema, que já carrega um sobrenome malvisto lá pelas bandas de Minas Gerais e, por isso mesmo, lançará sua pré-candidatura à Presidência em São Paulo, corre o risco de ver sua imagem ainda mais manchada pela lama que agora rompe barragens diretamente dos Estados Unidos. Ratinho, por sua vez, expõe seu apelido ao risco de encolher ainda mais no diminutivo. E Caiado… aguarde: logo, logo tu também virarás alvo.

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Imagino que a estratégia desses governadores — todos eles sonhando com a Presidência da República — seja evitar o confronto com as bases do bolsonarismo. E aqui está o erro. A família não vai largar o osso. Esse movimento extremista e golpista — patrocinado e estimulado inclusive por partidos de centro aos quais esses governadores se filiam — é o que garante os mandatos dos filhos do agora inelegível. Ou seja: jamais a família dará a bênção a alguém que não traga Bolsonaro no sobrenome. Está provado em sua breve história: eles não confiam em nada que não seja espelho.

E aqui reside, talvez, o erro de cálculo fatal. Se esses atores políticos não colocarem agora em dúvida a suposta liderança de Eduardo, perderão a maior oportunidade de se posicionarem no tabuleiro eleitoral. Assistir calados ao esculacho público — transmitido em rede mundial — do principal responsável pela articulação do tarifaço trumpista contra o Brasil é, além de uma demonstração de fraqueza e servilismo, um sinal claro para seus eleitores (atuais e potenciais) de que não têm preparo para conduzir uma nação. Deixa claro o que, para mim, já é evidente — e, para o eleitor médio, é apenas uma questão de tempo.

Enquanto isso, cabe ao governo e à base social de Lula a tarefa de colar esses atores à trama golpista de ontem — e à ofensiva tarifária de hoje. Denunciá-los, responsabilizá-los. Porque, de fato, no mínimo cúmplices são da investida da família Bolsonaro contra a soberania e as instituições brasileiras. E a postura de vassalos adotada por eles até aqui só reforça essa verdade.

Oliveiros Marques

Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

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